ESPAÇO LITERÁRIO
Tenho escutado bastante por onde passo as pessoas me fazerem
a seguinte pergunta: “Joaquim Filho, por onde anda o poeta
Railton França Mesquita? Ele ainda mora em Pedreiras? O que houve que ele sumiu
e não mais escreveu livros?” Bom,
responder por onde ele anda, é fácil. Ele continua morando em Pedreiras, no
Parque das Palmeiras, é casado, tem um casal de filhos e há anos se converteu e
congrega, creio eu, na Igreja Assembleia de Deus Missão, pastoreado pelo Pastor Josélio e a Pastora Odete. Segundo o médico Allan Roberto, o mesmo foi sagrado Pastor na semana passada. O porquê
de não ter mais escrito livros, isso é uma pergunta que só ele poderá
responder, pois se trata de algo subjetivo.
(Joaquim Filho, Pe. João Mohana e Railton Mesquita/Foto: Zé Moreno) |
Sei muito bem o porquê das pessoas sentirem a falta do
Railton Mesquita no meio sociocultural e me fazerem essas perguntas. Primeiro,
porque Railton Mesquita na década de 80 e precisamente na de 90, foi o jovem de
maior influência intelectual que existia na cidade. Ele era bastante popular,
conhecido por todas as pessoas de todas as gerações, tinha trânsito livre com
todas as instituições culturais e se relacionava bem com pessoas de todas as
camadas sociais. Eu diria que ele foi na década de 90, o que o Zeca da Sucam,
Biné Carvalho, Sandro Alex e outros foram na década de 80.
(Samuel Barrêto, Railton Mesquita e Joaquim Filho - 1º Concurso de Poesia) |
Mas como tudo passa, Railton Mesquita com a sua mudança de
vida, de religião e de forma de ver a vida, resolveu adotar uma filosofia de
vida que o fez, a gente pensar que ele sumiu, desapareceu e abandonou a vida cultural.
Com certeza, sob a sua ótica, ele não vê assim.
(Joaquim Filho, Cerimonial lançamento do livro "HOLOCAUSTO NUCLEAR"/Foto: Zé Moreno) |
Independente de qualquer estilo de vida que ele possa estar levando,
é meu amigo há quarenta anos. Estudamos juntos no colégio Bandeirantes; fomos
acólitos da Paróquia de São Benedito; somos membros da Associação dos Poetas e
Escritores de Pedreiras e, enfim, militamos por vários anos, juntos, na vida
social e cultural de Pedreiras.
(Capa do livro de poesias de Railton Mesquita) |
Fui mestre de cerimônia do seu primeiro e único livro lançado
“HOLOCAUSTO NUCLEAR”, realizado no
ano de 1989, no Teatro João do Vale, que está localizado no prédio da Regional
de Saúde de Pedreiras. A ele, eu devo a razão de hoje carregar o título de
poeta, pois foi ele quem me incentivou a mostrar os meus poemas e também
publicar o meu primeiro livro.
Queira ou não, os poetas dessa geração (exceto Corrêa de
Araújo, Kleber Lago, João Barrêto e Neto Arraes), o movimento literário modernista deve em primeiro
lugar ao Railton Mesquita, pois a não ser esses 4 (quatro) nomes que citei entre parênteses,
se existiam poetas em Pedreiras, estes viviam na luz das trevas, no anonimato
e, foi Railton, ao chegar de Campina Grande/PB que começou a incentivar a
literatura local, pois onde chegava tinha um poema para ler para os amigos.
Tudo quanto era de festa, lá estava o Railton falando de poesia. E, foi assim,
que eu e muitos outros fomos saindo do ostracismo e vivenciando a poesia.
Nessa segunda-feira (21), catalogando uns poemas para o Padre
Zé Geraldo criar o mural da poesia no Santuário durante a festa do padroeiro,
encontrei o livro do meu amigo e resolvi fazer essa singela homenagem a um dos
grandes poetas da nossa contemporaneidade – Railton Mesquita.
ASSASSINOS DO AMANHÃ
Do nada para a vida,
da vida para o nada.
Vivos por mortos, mortos por vivos.
Choros infantis por silêncio eterno.
Movimentos carinhosos pela não existência.
Sorrisos de felicidade e esperança
por lágrimas não sentidas.
Do passado para o presente.
O presente sem um futuro.
Início infeliz, finalizado em algumas horas.
Da vida um dia para a morte silenciosa.
Perdidos na escuridão, sem jamais terem sentido a luz.
Vítimas do pecado, sem poderem conceder o perdão.
Dos sonhos de vida, para o pesadelo-morte.
Perdidos em uma ação animalesca.
Frutos de uma razão de ódio.
Impedidos de respirar o mesmo ar
que alimente os seus... ASSASSINOS DO AMANHÃ.
Poema de Railton Mesquita
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