quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

DISCURSO DE DIPLOMAÇÃO DA JUÍZA DR.ª LARISSA TUPINAMBÁ

"... Sou parte de Trizidela do Vale, não apenas formalmente, mas como uma insígnia esculpida em meu coração de servidora pública...."

(Juíza Dr.ª Larissa Tupinambá/Foto: Joaquim Filho)

A Juíza de Direito da 3ª Vara da Comarca de Pedreiras, que também responde pela Justiça Eleitoral na Região, aos poucos vai demarcando o seu espaço na vida social, cultural e política das cidades de Pedreiras e Trizidela do Vale; e, não só no que diz respeito às Leis, que é o seu ofício, o qual tem desenvolvido com bastante eficácia.

Mas hoje, nessa manhã de quarta-feira, dia 14 de dezembro de 2016, no ato público da Diplomação dos eleitos do pleito de 2016, que aconteceu no Auditório Municipal Dr. Kleber Carvalho Branco, no município de Trizidela do Vale, com início às 9h, a Magistrada fizera um discurso que deixou todos perplexos e encantados com as palavras não só de uma linguagem jurídica, mas de cunho filosófico e porque não dizer literário.

O discurso feito de uma oratória envolto a uma ortoépica foi de dá inveja a qualquer membro de uma academia de letras, e porque não dizer a Academia Brasileira de Letras. Muita sabedoria e profundo conhecimento no que faz/diz, que é o gerenciamento das leis, aplicando-as dentro de cada contexto que requer a nossa Constituição Brasileira. Justiça se faz sendo justo(a) e, assim, tem sido a Juíza Dr.ª Larissa Tupinambá, frente à 3ª Vara da Comarca de Pedreiras, estado do Maranhão.

Por ter achado o seu discurso magnânimo, logo pensei que o mesmo por si só já merecia uma matéria e um destaque, porque as palavras o vento leva, mas no momento que se registra um texto como este, ele entra para os anais da história, tanto da cidade como do Poder Judiciário em nível de Estado.

Após a cerimônia de Diplomação, chamei-a em particular, disse-a que o seu discurso estava bastante inspirado e que estava à altura de um discurso de qualquer acadêmico de letras. Humildemente ela sorriu e disse-me que me enviaria. E, com a sua permissão, o blog do Joaquim Filho está publicando com exclusividade, na íntegra.
  
Foto: Joaquim Filho 

Bom dia a todas e a todos! Cumprimento os presentes através dos componentes da mesa. Inicio essa cerimônia de tão grande e forte importância, chamando ao diálogo os ditames legais - diplomação é o ato pelo qual, em solenidade previamente marcada, os tribunais e juízes eleitorais entregam os títulos que dão os candidatos como eleitos.

Mas asseguro-lhes: não faremos aqui uma audiência. Os que me conhecem, sabem: não faremos aqui um evento de friezas.

Venero, acalanto, luto, amo e creio na Democracia e nas alegrias que só ela pode produzir. Muitos tiveram seus corpos e almas feridos por defendê-la, muitos quedaram, mas nós estamos vivos... Nós estamos vivos e tudo faremos para que nenhuma longa noite volte a reinar em nosso país.

Não estranhem minhas palavras, pois Democracia e separação de poderes andam juntos e garantem harmonia com os demais preceitos.

Invoco as palavras de Piero Calamandrei: “A independência dos juízes é um duro privilégio, que impõe, a quem o desfruta, a coragem de ficar a sós consigo mesmo, face a face, sem se esconder atrás do cômodo biombo da ordem do superior.”
  
E por quê? Ora, porque mais do que sabermos o que fazemos, temos, em mente e coração o que de nós surge e o papel a cumprir na mais profunda responsabilidade.

Nesse ano, nessas eleições, as senhoras que ordenaram foram a lei e a sociedade, supremas neste ato e detentoras de toda energia, virtude e beleza.

Nós que servimos a lei não como escravos, mas como guardiães a vemos como bela por garantir a vida, e a qualidade que ela precisa.

O Poder Judiciário é sim um instrumento que gera felicidade. Ao longo deste semestre estivemos na boca do povo, na pena da imprensa, na forca dos críticos e nas orações dos que nos amam. Em suma, nas preocupações do Brasil.

Todos são testemunhas do carinho dedicado dia a dia no exercício do meu ofício a esta cidade, afinal sou parte de Trizidela, não apenas formalmente, mas como uma insígnia esculpida em meu coração de servidora pública. Amor a primeira sentença que transborda e se estende à Pedreiras e Lima Campos.

Dos sermões do Padre Antônio Vieira, colho “o amor que é essencialmente união e naturalmente a busca”.

Mas qual união? A das equipes das zonas 09 e 67, destemidos homens e mulheres, trabalhadores do povo, para quem peço palmas.

Mas e a busca? Essa se materializou em duas facetas: a primeira, o preparar judicante do pleito, hoje exemplo mundial, com um sistema informatizado de recepção do voto: a urna eletrônica.  A segunda, o obter, o captar do voto, vontade popular, nas palavras de Rousseau: “soberania inalienável do povo, manifestação que não pode ser comprada não pode ser vendida”.

Na mais pura essência, os senhores e senhoras, capitaneados por Fred Maia foram sufragados, escolhidos e legitimados, conceito amarrador do tecido sócio-jurídico e eleitoral.

É encantador poder dizer, ver, diplomar legítimos ungidos por sua excelência-o povo-os cidadãos de Trizidela do Vale.

Sei, mas não custa lapidar, que os senhores e senhoras têm em mente ensinamentos e siglas cujo respeito dará a chance de pleitear em oportunidades vindouras o carinho, respeito e o voto de nossa sociedade.

Lembrai-vos e submetei-vos aos princípios do art. 37 da Constituição Pátria que nunca é demais citar: legalidade,  impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência .

Lembrai-vos e submetei-vos a lei de responsabilidade fiscal e ao portal da transparência.

Lembrai-vos e submetei-vos a lei orgânica de seus Municípios.

Lembrai-vos e submetei-vos ao primado da lei. Sempre: a lei acima do rei.

Sempre: ficha limpa, conquista de um Brasil que quer ser melhor. A ficha limpa é como a planta do poeta: “que acanhada no craveiro, minguada cresce, em campo aberto exposta, engrossasse, agigantasse, e arrama altiva, destouca pelos ares, copa e assombra” os que a ferirem.”

Caminho ao final destas palavras rogando para que os concidadãos entendam o que é a vida... “e aí eu fico com a pureza da resposta das crianças... é bonita... é bonita ... é bonita... e diga lá meu irmão que ela seja a batida de um coração, mas nunca uma doce ilusão”, que seja concreta e poética como foi a de Niemeyer que do auge da lucidez de seus mais de 100 anos, refletiu: “a gente tem que sonhar, senão as coisas não acontecem.”

Façam de Trizidela do Vale a cidade dos sonhos de todos nós.

Obrigada!

Dr.ª Larissa Rodrigues Tupinambá Castro
(Juíza de Direito da 3ª Vara da Comarca de Pedreiras-MA)





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