"...Eu sou artista, eu sou um imitador, por isso quero ser candidato..."
A nossa crônica de hoje nasce com uma
proposta audaciosa, e mais: quer ser impactante e quebrar todos os protocolos e
rótulos instituídos por uma sociedade arcaica, farsista e preconceituosa, que
não admite no seu núcleo os especiais, os diferentes.
Raimundo Nonato Alves Damascena,
conhecido popularmente por Nonatinho, é rebento do casal Antonia Rodrigues
Damascena, piauiense e Raimundo Rodrigues Damascena, cearense. Nasceu em data
de 31 de agosto de 1977, na cidade de São Benedito, no Estado do Ceará.
Quando seus pais imigraram para o
Maranhão, Nonatinho ainda era um bebê, e escolheram para viver a cidade vizinha
de Igarapé Grande, local onde ainda hoje mora a sua família.
Você está observando, caríssimo
leitor, que por mais que uma pessoa seja largada, ela tem uma família.
Nonatinho também tem a sua, ele não veio parar aqui num disco voador ou
qualquer desses objetos voadores não identificados. Aí está a prova que todos
nós temos uma identidade, características e referências.
Nonatinho ainda lembra muito bem que
chegou aqui em Pedreiras no ano de 1988, trazido pelo Beto Maranhão. Segundo
ele, Pedreiras é o grande amor da sua vida, foi a terra que lhe acolheu, embora
levando a vida que leva. Diz ter iniciado seus estudos em Igarapé Grande, e em Pedreiras
estudou no colégio Carlos Martins, até a primeira série.
Sua primeira morada em Pedreiras foi
o prédio do Tiro de Guerra 10-008, localizado à Rua da Prainha, na época em que
o comandante do Quartel era o Sargento Ernildo. Depois morou na Rodoviária,
Hospital Hélia Fernanda, Policlínica São Jorge, Prefeitura Municipal de
Pedreiras, nas Administrações Edmilson Filho e Raimundo Louro. Atualmente está
pernoitando no prédio da Mearim Motos, com autorização do Proprietário Mário e
do Gerente da mesma, senhor Marcílio.
Houve um tempo que fazia suas
refeições na casa do senhor Edimilson Gonçalves Alencar, na Rua Oscar Galvão, e
que agora as faz no Hotel Ceará, graças à generosidade da sua proprietária, a
senhora Jesus e o seu filho Kleber.
Nonatinho não esconde a sua gratidão
para com as pessoas que, segundo ele, lhe tratam como gente de verdade, que não
lhe negam um prato de comida e nem batem com a porta na sua cara: Carlos
Nascimento, funcionário da Comabel; Mônica, na Rua da Prainha; Pai do Vereador
Jossival; Dona Jesus e Kleber no Hotel Ceará; Deusa Helena, na Rua Corinto
Nascimento e Raimundo Louro, onde goza de livre acesso na sua residência.
Durante o dia, costuma fazer alguns
“bicos”, entregando folhetos de loja, fazendo mandados, depósitos em banco etc,
para descolar o trocado do cigarro, um antigo vício que o acompanha. Confessa
não tomar bebida alcoólica e nem é da sua índole tomar gosto com as
pessoas.
Nonatinho não é nenhuma personalidade
de destaque na nossa sociedade: não é juiz, promotor, advogado, militar,
médico, dentista, professor, empresário, político, pastor, padre etc., mas com
certeza tem mais dignidade do que muita gente que ostenta poder, religiosidade
e dinheiro na sociedade.
Independente desses Títulos de
Cidadão que costumam dar para quem aqui morou menos de um ano e foi embora,
Nonatinho já é um cidadão pedreirense, pois é aqui que ele vive. É dono da sua própria vida e da sua
liberdade. Sem patrão, sem esposa, sem filhos,
vive no mundo como um passarinho, voando livre para todas as direções.
Sua diversão é andar, andar, andar...
Costumo brincar com ele quando o encontro pelas ruas, dizendo-lhe que ele
parece a necessidade. Ele parece estar em todos os lugares ao mesmo tempo: nas
ruas, avenidas, praças, festas, serestas, lanchonetes, postos de gasolina,
shows, comícios, residências, becos e calçadas. Onde se imagina, lá está o
Nonatinho. É impressionante!
A vida desse Andarilho não se resume
em poucas laudas. Aqui não estão registrados os causos e as histórias que
fizeram desse ser uma figura folclórica. Quem sabe, num futuro bem próximo,
algum escritor de nossa cidade possa escrever um livro sobre Nonatinho.
Essa crônica concretiza um desejo e
um compromisso que eu tinha de um dia homenageá-lo, não como um “coitadinho”,
mas como uma pessoa que tem o seu jeito próprio e filosófico de ser e
viver.
Parabéns pelo belo texto. A partir de agora tem todo meu apoio, nonatinho para secretário de cultura. .
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