sábado, 10 de dezembro de 2016

UMA INDEPENDÊNCIA QUE VEM DO COMÉRCIO DAS CASTANHAS-DE-CAJU

INDEPENDÊNCIA NA ROTA DO MARANHÃO 
(Aldênora Rodrigues - 12 anos vendendo Castanha-de-Caju/Foto: Joaquim Filho)
Não sei se isso acontece com você, meu caríssimo leitor aqui do blog do Joaquim Filho, fazer questionamentos acerca de pessoas e lugares onde elas vivem. Por exemplo, sempre que viajo de moto ou de carro, que passo nesses povoados maranhenses que ficam à beira das estradas (BR, MA ou estradas vicinais), exceto os grandes latifundiários, fazendeiros ou mesmo os pequenos produtores rurais que tem a terra para plantar, a outra camada que vive na linha de pobreza e miséria, eu sempre me pergunto do que elas vivem. E, olha que esse questionamento não vem de hoje, vem da época em que nem se pensava em Bolsa Família ou alguns programas de distribuição de renda criados pelo governo federal.

(Independência-MA/Foto: Joaquim Filho)

Eu tenho certeza que o mais insensível dos viajantes ao passar por uma comunidade rural, quando vê uma casinha de taipa, coberta de palha, com crianças desnutridas no terreiro, com o pobre e humilde homem do campo deitado em uma rede, com a mulher dentro de casa tentando fazer milagre e pensando no que comer naquele dia, ele sente na alma a dor das injustiças e das desigualdades sociais que existem nesse país tão rico e cheio de esperanças que é o Brasil.  

(Barraca de venda de Castanha-de-caju da Dona Aldenôra Rodrigues/Foto: Joaquim Filho)

A bem da verdade, o primeiro passo para se construir uma verdade, uma realidade sobre determinada curiosidade que se tem, segundo o mundo acadêmico, é a pesquisa, é a busca da informação “in loco”, com pessoas que são coadjuvantes do processo que tenha lhe despertado uma curiosidade. 

(Foto: Joaquim Filho)

Há tempo que eu tinha na mente a ideia de parar no povoado Independência, município de Peritoró/MA e conversar com aquelas pessoas que ficam naquelas barracas vendendo castanhas e, finalmente, nessa quarta-feira, vindo do Hospital Geral de Peritoró, de moto, resolvi parar e conversar com algum vendedor de castanha-de-caju que existe às margens da MA que liga Pedreiras à Independência. 

(Castanha-de-caju/Foto: Joaquim Filho)
Confesso que à primeira vista, a priori, não foi nada fácil. Como em todo lugar sempre existe a desconfiança, pois é comum nos tempos de hoje, com muita violência que existe as pessoas viverem com medo de tudo. Com as duas primeiras senhoras que tentei ter informações, eu não tive muito sucesso. Ao tentar conversar com elas sobre o comércio da castanha no povoado, elas foram bem diretas: “Isso aqui não é meu, eu estou só olhando aqui para fulano de tal...”

(Foto: Joaquim Filho)

E, foi justamente com a simpática senhora Aldenôra Rodrigues, 49 anos, casada com o senhor Antônio Morais Pereira, mãe de 4 filhos e avó de 4 netos que tive as informações para a minha curiosidade de muitos anos, sendo ela: Por que o povoado de Independência tem essa cultura de vender castanha assada, se o lugarejo não tem um pé de caju?

“Moço, eu estou há 12 anos nesse ramo de vender castanha assada aqui nesse mesmo lugar onde você está vendo, na beira da estrada, todos os dias, faça sol ou chuva, mas a banca tem que abrir e funcionar. É daqui que eu, meu esposo e toda a nossa família sobrevivem. Realmente, aqui não tem pé de caju para ter tanta castanha como você vê e sempre foi curioso quanto a esse detalhe. A castanha-de-caju que eu recebo ela chega de caminhão na minha porta, vem de Codó e Esperantinópolis no tempo da safra que vai de outubro a dezembro. Quando acaba dessas duas cidades a gente recebe do estado do Piauí. Compro o quilo a R$ 4,00 ou R$ 4,50 e distribuo para os demais barraqueiros a castanha e cada um faz o processo de assar no seu próprio quintal de forma bem artesanal e manual. Depois que a castanha-de-caju está assada nós fazemos saquinhos em três tamanhos diferenciados que varia de preço: R$. 2,00 – R$. 5,00 – R$. 10,00 e o litro é R$. 20,00.

(Foto: Joaquim Filho)

Depois de muita conversa, eu percebi que já tinha conquistado a confiança da senhora Aldenôra Rodrigues. Ela percebeu que realmente eu estava ali para fazer um trabalho sério e de muita relevância para aquela comunidade tão carente de infraestrutura, educação, esporte, lazer e políticas públicas que possam dar uma qualidade de vida para aquele povo. Logo chega um filho e um neto. Ela pede para o filho ir me mostrar o depósito de castanha-de-caju. Ele me acompanha. É um jovem muito educado e simpático. Abre uma residência onde estão as castanhas que esperam o momento certo de serem assadas e colocadas à venda aos viajantes que todos os dias passam pela MA. 
(Jovem estudante e vendedora de castanha-de-caju/Foto: Joaquim Filho) 
   
(O futuro está na educação/Foto: Joaquim Filho)

Em outra barraca, uma jovem escreve em um caderno. Brinco com ela e pergunto se estava escrevendo uma carta de amor para o namorado. Ela sorri e diz que não. Respondeu-me que estava respondendo uma tarefa da escola. E, realmente, era mesmo. Permitiu-me fazer uma imagem sua. Soltou o cabelo e pousou para a foto, aquela jovem menina que mesmo vendendo castanha, aproveita o momento para estudar e ter uma vida melhor no futuro. 


Retorno à barraca de Dona Aldenôra Veloso. Voltamos a conversar. Ela me perguntou se eu conheço o Klayrton Sousa, apresentador do programa Tribuna 101. Digoa-a que o conheço e que ele é meu amigo. Então, ela diz: “Ele todos os dias quando passa aqui em Independência, para e compra castanha-de-caju aqui na minha barraca. Nós gostamos muito dele. É uma pessoa muito simpática e muito conversador. Nós aqui todos os dias escutamos ele falar na rádio.”


As horas iam passando. A conversa estava muito boa, mas eu tinha que pegar a estrada. Agradeci aquela gentil senhora que na manhã de quarta-feira, dia 7 de dezembro de 2016, abriu as portas da sua casa e do seu coração para se tornar personagem principal de uma história real de um povo que trabalha dia e noite para ter realmente e verdadeiramente a sua vida de Independência. 



OS BENEFÍCIOS DA CASTANHA-DE-CAJU PARA A SAÚDE

Não se confunda: o fruto do cajueiro é a castanha! Muito presente na dieta brasileira a castanha-de-caju, além de deliciosa, é uma ótima aliada da boa saúde. Ela é rica, entre outras substâncias, em gorduras monoinsaturadas, que diminuem o colesterol ruim (LDL) e aumentam o bom (HDL), além de fortalecer ossos, músculos e o sistema imunológico.

(Foto: Joaquim Filho)

(Foto: Joaquim Filho)

(Foto: Joaquim Filho)

(Foto: Joaquim Filho)

(Foto: Joaquim Filho)



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