INDEPENDÊNCIA NA ROTA DO MARANHÃO
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(Aldênora Rodrigues - 12 anos vendendo Castanha-de-Caju/Foto: Joaquim Filho) |
Não sei se isso acontece
com você, meu caríssimo leitor aqui do blog do Joaquim Filho, fazer
questionamentos acerca de pessoas e lugares onde elas vivem. Por exemplo,
sempre que viajo de moto ou de carro, que passo nesses povoados maranhenses que
ficam à beira das estradas (BR, MA ou estradas vicinais), exceto os grandes
latifundiários, fazendeiros ou mesmo os pequenos produtores rurais que tem a
terra para plantar, a outra camada que vive na linha de pobreza e miséria, eu
sempre me pergunto do que elas vivem. E, olha que esse questionamento não vem
de hoje, vem da época em que nem se pensava em Bolsa Família ou alguns programas
de distribuição de renda criados pelo governo federal.
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(Independência-MA/Foto: Joaquim Filho) |
Eu tenho certeza que o
mais insensível dos viajantes ao passar por uma comunidade rural, quando vê uma
casinha de taipa, coberta de palha, com crianças desnutridas no terreiro, com o
pobre e humilde homem do campo deitado em uma rede, com a mulher dentro de casa
tentando fazer milagre e pensando no que comer naquele dia, ele sente na alma a
dor das injustiças e das desigualdades sociais que existem nesse país tão rico
e cheio de esperanças que é o Brasil.
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(Barraca de venda de Castanha-de-caju da Dona Aldenôra Rodrigues/Foto: Joaquim Filho) |
A bem da verdade, o
primeiro passo para se construir uma verdade, uma realidade sobre determinada
curiosidade que se tem, segundo o mundo acadêmico, é a pesquisa, é a busca da
informação “in loco”, com pessoas que
são coadjuvantes do processo que tenha lhe despertado uma curiosidade.
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(Foto: Joaquim Filho)
Há tempo que eu tinha na
mente a ideia de parar no povoado Independência, município de Peritoró/MA e
conversar com aquelas pessoas que ficam naquelas barracas vendendo castanhas e,
finalmente, nessa quarta-feira, vindo do Hospital Geral de Peritoró, de moto,
resolvi parar e conversar com algum vendedor de castanha-de-caju que existe às
margens da MA que liga Pedreiras à Independência.
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(Castanha-de-caju/Foto: Joaquim Filho) |
Confesso que à primeira
vista, a priori, não foi nada fácil. Como em todo lugar sempre existe a
desconfiança, pois é comum nos tempos de hoje, com muita violência que existe
as pessoas viverem com medo de tudo. Com as duas primeiras senhoras que tentei
ter informações, eu não tive muito sucesso. Ao tentar conversar com elas sobre
o comércio da castanha no povoado, elas foram bem diretas: “Isso aqui não é meu, eu estou só olhando aqui para fulano de tal...”
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(Foto: Joaquim Filho)
E, foi justamente com a
simpática senhora Aldenôra Rodrigues, 49 anos, casada com o senhor Antônio
Morais Pereira, mãe de 4 filhos e avó de 4 netos que tive as informações para a
minha curiosidade de muitos anos, sendo ela: Por que o povoado de Independência tem essa cultura de vender castanha assada,
se o lugarejo não tem um pé de caju?
“Moço, eu estou há 12 anos
nesse ramo de vender castanha assada aqui nesse mesmo lugar onde você está
vendo, na beira da estrada, todos os dias, faça sol ou chuva, mas a banca tem que
abrir e funcionar. É daqui que eu, meu esposo e toda a nossa família
sobrevivem. Realmente, aqui não tem pé de caju para ter tanta castanha como
você vê e sempre foi curioso quanto a esse detalhe. A castanha-de-caju que eu
recebo ela chega de caminhão na minha porta, vem de Codó e Esperantinópolis no
tempo da safra que vai de outubro a dezembro. Quando acaba dessas duas cidades
a gente recebe do estado do Piauí. Compro o quilo a R$ 4,00 ou R$ 4,50 e
distribuo para os demais barraqueiros a castanha e cada um faz o processo de
assar no seu próprio quintal de forma bem artesanal e manual. Depois que a castanha-de-caju
está assada nós fazemos saquinhos em três tamanhos diferenciados que varia de
preço: R$. 2,00 – R$. 5,00 – R$. 10,00 e o litro é R$. 20,00.
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(Foto: Joaquim Filho) |
Depois de muita conversa,
eu percebi que já tinha conquistado a confiança da senhora Aldenôra Rodrigues.
Ela percebeu que realmente eu estava ali para fazer um trabalho sério e de
muita relevância para aquela comunidade tão carente de infraestrutura,
educação, esporte, lazer e políticas públicas que possam dar uma qualidade de
vida para aquele povo. Logo chega um filho e um neto. Ela pede para o filho ir me
mostrar o depósito de castanha-de-caju. Ele me acompanha. É um jovem muito
educado e simpático. Abre uma residência onde estão as castanhas que esperam o
momento certo de serem assadas e colocadas à venda aos viajantes que todos os
dias passam pela MA.
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(Jovem estudante e vendedora de castanha-de-caju/Foto: Joaquim Filho) |
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(O futuro está na educação/Foto: Joaquim Filho) |
Em outra barraca, uma
jovem escreve em um caderno. Brinco com ela e pergunto se estava escrevendo uma
carta de amor para o namorado. Ela sorri e diz que não. Respondeu-me que estava
respondendo uma tarefa da escola. E, realmente, era mesmo. Permitiu-me fazer
uma imagem sua. Soltou o cabelo e pousou para a foto, aquela jovem menina que
mesmo vendendo castanha, aproveita o momento para estudar e ter uma vida melhor
no futuro.
Retorno à barraca de Dona
Aldenôra Veloso. Voltamos a conversar. Ela me perguntou se eu conheço o Klayrton
Sousa, apresentador do programa Tribuna 101. Digoa-a que o conheço e que ele é
meu amigo. Então, ela diz: “Ele todos os dias quando passa aqui em
Independência, para e compra castanha-de-caju aqui na minha barraca. Nós gostamos
muito dele. É uma pessoa muito simpática e muito conversador. Nós aqui todos os
dias escutamos ele falar na rádio.”
As horas iam passando. A
conversa estava muito boa, mas eu tinha que pegar a estrada. Agradeci aquela
gentil senhora que na manhã de quarta-feira, dia 7 de dezembro de 2016, abriu
as portas da sua casa e do seu coração para se tornar personagem principal de uma
história real de um povo que trabalha dia e noite para ter realmente e
verdadeiramente a sua vida de Independência.
OS BENEFÍCIOS DA
CASTANHA-DE-CAJU PARA A SAÚDE
Não se confunda: o fruto
do cajueiro é a castanha! Muito presente na dieta brasileira a
castanha-de-caju, além de deliciosa, é uma ótima aliada da boa saúde. Ela é
rica, entre outras substâncias, em gorduras monoinsaturadas, que diminuem o
colesterol ruim (LDL) e aumentam o bom (HDL), além de fortalecer ossos,
músculos e o sistema imunológico.
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(Foto: Joaquim Filho) |
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(Foto: Joaquim Filho) |
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(Foto: Joaquim Filho) |
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(Foto: Joaquim Filho) |
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(Foto: Joaquim Filho) |
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