CONSIDERAÇÕES ACERCA DO CONTROLE E MANUTENÇÃO DA BARRAGEM DO RIO FLORES E OCORRÊNCIA DE INUNDAÇÕES NOS MUNICÍPIOS A JUSANTE: UM ESTUDO DE CASO.
CONSIDERATIONS ABOUT RIVER FLORES DAM CONTROL AND MAINTENANCE AND FLOOD OCCURRENCE IN DOWNSTREAM MUNICIPALS: A CASE STUDY.
DANIEL VITOR PARGA DOS REIS
ME. GABRIELLI MARIA E SILVA DE ALMEIDA
RESUMO
Localizada na região do médio Mearim, próximo ao município de Joselândia, a Barragem do rio flores tem a sua jusante os municípios de Pedreiras, Trizidela do Vale, Bacabal, Vitoria do Mearim e Arari, idealizada com a função de contenção para fenômenos hidrológicos naturais e atenuação de efeitos subsequentes, se encontra em estado de abandono, não atende a nenhuma de suas funções e impacta diretamente nos fatores socioeconômicos dos municípios citados. Nesse artigo se encontra um estudo técnico da situação em que a Barragem do Rio Flores se apresenta, das consequências provenientes de má conservação e providencias necessárias para atendimento às exigências dos órgãos responsáveis pela fiscalização da barragem que tem a priori a função de defesa contra inundações.
Palavras-Chave: Rio Flores, Auditoria, Laudo Técnico, Fiscalização, inundações.
ABSTRACT
Located in the middle Mearim region, near the municipality of Joselândia, the dam of the flores river has its downstream the municipalities of Pedreiras, Trizidela do Vale, Bacabal, Vitoria do Mearim and Arari, idealized as a containment function for natural and hydrological phenomena. mitigation of subsequent effects, is in a state of neglect, does not fulfill any of its functions and directly impacts the socioeconomic factors of the municipalities mentioned. In this article is a technical study of the situation in which the Flores River Dam is, the consequences of poor conservation and necessary measures to meet the requirements of the bodies responsible for the supervision of the dam that has the function of flood defense.
Key-words: River Flowers, Audit, Technical Report, Inspection, Floods.
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1 INTRODUÇÃO
Segundo o Instituto Brasileiro de Sustentabilidade (2019), barragem pode ser definida como qualquer estrutura situada em curso temporário ou definitivo de água, tendo como finalidade retenção e contingenciamento de substâncias líquidas ou de misturas de líquidos e sólidos em caso de rejeitos, compreendendo o barramento e as estruturas associadas.
As barragens variam em suas dimensões, desde pequenas represas para uso localizado, para abastecimento rural e recreação, até às maiores e mais impressionantes estruturas construídas pelo homem. Entre as últimas, vários exemplos encontram-se em solo brasileiro, como as Represas de Itaipu (PR), Tucuruí (PA), Sobradinho (BA), entre outras.
As barragens são classificadas de acordo com resolução nº 742 aprovada em 2011 pela ANA (Agência Nacional Águas), que prevê o registro, classificação e vistorias semestrais ou anuais conforme o nível de perigo constatado em auditoria nas barragens estudadas. O quadro que se apresenta no Brasil desde então, é de ínfima mobilização por parte dos órgãos públicos e privados competentes à administração de uma série de barragens ao redor do país, para que esses venham atender de maneira satisfatória as normas de segurança consolidadas, e além disso, não se tem de forma solida soluções para os problemas que cotidianamente são apurados referentes a uma série de barragens pelo país.
As administrações federal e estadual, as prefeituras e o empreendedor da iniciativa privada ficam responsáveis pela contratação de equipe técnica, que por meio de inspeções periódicas deverão cadastrar e avaliar as condições de segurança das barragens já existentes ou em fase de construção (BERGAMO, 2011).
Atualmente existem 24.092 barragens divididas em diversas finalidades, que vão desde contenção de águas até armazenamento de resíduos industriais, das quais somente 13 mil possuem algum tipo de documentação (ANA, 2017). Segundo classificação conforme dano potencial de risco, existem 723 barragens de alto risco potencialmente.
Dentre as 723 barragens citadas encontramos a Barragem do Rio Flores, localizada próximo ao município de Josélandia (MA), que tem a priori a função de defesa contra inundações. De acordo com dados da ANA, tal barragem apresenta capacidade de contenção de 1,4 Bi de M³ e vazão de 300 M³/s, impactando diretamente todos os municípios localizados a jusante, dentre eles, Pedreiras, Trizidela do Vale, Bacabal, que sofrem com problemas de inundação nos períodos de máxima pluviométrica e fluviométrica (janeiro a julho) mesmo tendo à disposição um mecanismo de contenção para cheias.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Barragens
A definição de barragem pode ser dada como obstáculos artificiais, que tenham condições de contingenciar água, ou qualquer outro líquido e combinados de sólidos, podendo ser eles, rejeitos, detritos e suas variações. São estruturadas transversalmente a um rio ou lagos, com a função de reter água e obter elevação de nível da mesma para diversas finalidades (CBDB, 2013).
As estruturas das barragens variam em tamanho e funcionalidade, que vão desde pequenos maciços de terras, a estruturas colossais de concreto e aterro. Distinguem-se também em funcionalidade, podendo ser para geração de energia, abastecimento, irrigação, controle de cheias e regularização de vazão dentre outras finalidades (TANUS, 2018)
2.1.1 Um breve histórico
O desenvolvimento humano deve-se em grande parte ao uso e aprimoramento das barragens no decorrer da história. À escassez de água nos períodos de estiagem e consequentemente a necessidade de armazenamento da mesma, levaram ao desenvolvimento intenso dos estudos direcionados aos barramentos de cursos naturais de água como intuito de criar reservas emergenciais, ainda que toda a execução das primeiras tenha sido elaborada a partir de modelos empíricos (CBDB, 2011).
As barragens mais antigas de que se há conhecimento se encontravam, por exemplo, no Egito, Médio Oriente e Índia. Com a Revolução Industrial, houve a necessidade de construir um crescente número de barragens, o que permitiu o progressivo aperfeiçoamento das técnicas de projeto e construção.
Em 1877, a grande seca no Nordeste fez com que estados como o Ceará, perdessem mais de um terço da sua população de maneira trágica, tendo sido palco de migrações em massa de flagelados. Infelizmente, a barragem mais antiga que se tem relatos em território brasileiro, foi construída somente no início do século XX, onde hoje é a é área urbana do Recife (CBDB, 2011).
2.1.2 Classificação de Barragens.
a) Barragens em arco: As barragens em arco, são do tipo rígida, e suas estruturas tiram partido das propriedades de compressão do concreto, concreto este de alta resistência. Os empuxos hidráulicos são transmitidos para as ombreiras e a estabilidade da barragem é obtida através da combinação das ações da gravidade e do arco (TANUS, 2018).
b) Barragem de concreto gravidade: Barragem de gravidade são estruturas de concreto maciça e/ou vazadas, tendo em sua composição uma série de blocos de concreto separados por juntas de dilatação. A estabilidade da barragem é garantida pelo seu formato, trapezoidal e próprio peso, sendo projetada de modo a resistir ao empuxo horizontal de água (POSSAN, 2018).
c) Barragem de concreto de contrafortes: A barragem de contraforte é formada por uma placa de concreto armado (laje impermeável) localizada a montante, com contrafortes verticais em direção a jusante, que descarregam a pressões recebida na laje para as fundações. Sendo assim, a fundação deste tipo de barragem deve ser em rocha com elevada rigidez (SCHNEIDER, 2011).
d) Barragem de terra: as barragens de terra, são as mais utilizadas no Brasil, por se ter vales muito largos e ombreiras suaves, necessitando de grandes extensões de crista, ao mesmo tempo em que se dispõe abundantemente de solo. Por não ser uma estrutura rígida estas barragens permitem ser assentes em fundações mais deformáveis, transmitindo esforços baixos para as fundações se comparadas com as barragens citadas anteriormente. Elas são indicadas para fundação de qualquer tipo de solo ou rocha (MENDONÇA, 2012).
2.2 Inundações e seus impactos
Inundação é definida como um fenômeno natural hidrológico que não é possível ser evitado, podendo ainda ser induzido por meio de ação humana, e consiste no transbordo das águas de um curso d’água, atingindo a planície de inundação ou área de várzea, podendo também ser classificadas como enchentes ou alagamentos (RAMOS, 2013).
Enchentes são definidas como elevação temporária do nível d'água no canal de drenagem devido ao aumento da vazão, sendo esse aumento geralmente ocasionado pelo acréscimo de descarga d’agua (BRAGA, 2016).
Por outro lado, o alagamento é descrito, como um breve acúmulo de águas em determinados locais por deficiência no sistema de drenagem, o escoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte, que pode ou não estar associado a áreas de domínio dos processos fluviais (RAMOS; DOWELL, 2015).
As inundações podem ser potencialmente perigosas, dependendo da magnitude atingida (altura da água, caudais), da velocidade com que progridem e da frequência com que ocorrem. Entretanto, só provocam situações de risco se houver elementos a elas expostos (população, propriedades, estruturas, infraestruturas, atividades econômicas), ou seja, localizados em áreas de várzeas, que possam ser destruídas ou gravemente danificadas (RAMOS, 2013).
Ainda de acordo com Ramos (2013), o principal fator que contribui para que em dado momento ocorram inundações de forma natural, é a pluviosidade da região, conforme a intensidade e a duração de precipitação, podendo originar cheias classificadas como rápidas e lentas.
As cheias rápidas estão associadas a chuvas mais intensas, que normalmente duram pouco tempo, tendo como principais consequências formação de grandes acúmulos d'água e descarga de escoamento concentradas em dado tempo e espaço, conforme as áreas afetadas.
As cheias lentas e prolongadas estão associadas a chuvas de menor intensidade, mas que duram muito tempo, causando, deste modo, consequências menos acentuadas, em termos de risco para a vida humana, que as cheias rápidas.
3 METODOLOGIA
O desenvolvimento do presente trabalho se apoiou no uso do método dedutivo e indutivo (KAPLAN, 1975) associadas ao uso de revisão bibliográfica e consultas a fontes de pesquisas secundarias.
O método dedutivo serviu como auxilio aos estudos que integram as pesquisas relacionadas à comprovação do referencial teórico, revisão e ilustração bibliográfica, análise dos dados, informações e elaboração do texto.
O método indutivo foi adotado como princípio na observação dos elementos naturais e humanos e suas interações nas regiões analisadas, de maneira tácita aos métodos: qualitativo e estudo dos fenômenos, em referência à compreensão ambiental, investigação, interpretação analítica e explicação de fenômenos locais e regionais.
As táticas inerentes ao alcance dos objetivos da pesquisa, coerente com a metodologia nas fases de campo e sala (TROPPMAIR, 1988) integram: pesquisa bibliográfica e documental apresentando sondagem e análise bibliográfica e cartográfica; levantamento de dados oficiais consultando órgãos como Defesa Civil, CREA e MPF para sistematização dos paramentos quantitativos e qualitativos das enchentes; interpretação das informações obtidas por meio de entrevistas baseadas em procedimentos da metodologia quantitativa e qualitativa; análise, interpretação e representação dos dados coletados através das atividades de campo.
4 RESULTADOS
4.1 Área estudada
A bacia hidrográfica do Mearim, é a maior bacia fluvial que se encontra totalmente inserida no território do Estado do Maranhão abrangendo uma área de 99.000 km², o que corresponde a 30,0% das terras do estado (Figura 1) (ESTADO DO MARANHÃO, 2014).
O principal rio da bacia, o rio Mearim, possui uma extensão significativa e uma declividade consideravelmente baixa, apresenta um desnível de 400 m, desde sua nascente até sua foz e está indubitavelmente submetido a regimes sazonais de precipitações que se prolongam durante grandes períodos, geralmente são na mesma época do ano. Estas precipitações ocasionam eventos hidrológicos, geralmente de longa duração.
Figura 1: Bacia do Rio Mearim
Fonte: Estado do Maranhão (2014)
O rio também apresenta uma vazão média total, que gira em torno de 557 m³/s na sua foz; a precipitação anual na região pode chegar a 1900 mm, sendo o período chuvoso constante e durando de janeiro a junho, ocasionando consequentes inundações.
A região do Médio Mearim, em especial os município de Trizidela e de Pedreiras, ocorre uma modificação substancial da hidrodinâmica do fluxo do rio, tendo em vista que as águas apresentam um “comportamento diferenciado entre estes dois ambientes geomorfológicos” (LOUZEIRO; SANTOS; DOS SANTOS, 2013). e tal alteração de comportamento se deve ao contato do relevo de planalto com o da planície, que ocorre nessa região.
Neste contexto, a análise de frequência tradicional de vazões de pico máximas anuais pode não ser suficientemente representativa na associação com os possíveis danos. Assim, as durações e volumes dos eventos hidrológicos críticos podem ser mais intrínsecos nestes casos.
4.2 Barragem do Rio Flores
A barragem Rio flores é classificada como barragem de terra e está localizada na região do médio Mearim, nas proximidades dos municípios de Joselândia, distante 344 km da capital do estado São Luís. A Barragem do Rio Flores (Figura 2), inaugurada no ano 1987, sendo projetada para conter uma capacidade estimada de 1,4 bi de m³ de água, apresenta uma vazão de 300 m³/s e o maciço possui uma altura de 30 metros de altura, e na crista da barragem passa a rodovia MA-336 (FERNANDES, 2019).
Figura 2: Barragem do rio Flores em Joselândia - MA.
Fonte: Difusora (2019)
Teve em sua concepção como objetivo conter as cheias da bacia do Rio Mearim, aproveitamento para irrigação e posterior uso para energia elétrica. Entretanto, na situação em que se encontra a barragem, a mesma não atende a nenhuma das finalidades.
Em 2009, após representação do CREA-MA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), na Procuradoria da República no Maranhão, foi instaurado um procedimento administrativo para apurar as condições operacionais e de estabilidade da barragem do rio Flores, qual resultou em um pedido de liminar contra o DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca). (MPF, 2009).
De acordo com laudo técnico fornecido pelo CREA, para o MPF/MA, foram constatadas diversas irregularidades na barragem do Flores, sendo o diagnóstico final dado como em estado de completo abandono. Dentre os diversos serviços solicitados a serem realizados para que haja um funcionamento satisfatório da mesma, segundo o relatório, estão em especial recomendações de “reposição de todos os equipamentos eletromecânicos, hidráulicos e pneumáticos da torre de comando, bem como dos componentes danificados das comportas e das grades.” Tais equipamentos são de extrema importância para que exista um controle de vazão nos períodos de maiores demandas pluviais na região, podendo assim atenuar os efeitos induções nos municípios a jusante.
4.3 Inundações na região do Médio Mearim
Devido aos problemas relacionados à falta de programa de manutenção da barragem acima citados, associadas a intensos períodos chuvosos na região, as cidades localizadas a jusante, entre as quais situam-se Trizidela do Vale, Bacabal e Pedreiras, são diretamente afetadas por fortes incidências de inundações, de acordo com noticiários de jornais, e relatórios oficiais da Defesa Civil Estadual, deixando várias famílias desabrigadas e desalojadas. Estes danos deveriam ser minimizados pela barragem, que se encontra em estado de ineficiência e negligenciada (LOUZEIRO; SANTOS; DOS SANTOS, 2013).
Como referido, no decorrer do período chuvoso, que ocorre principalmente no primeiro semestre, ocorre naturalmente um aumento do nível de vários afluentes do rio Mearim, agravando assim, a elevação da altura do leito do rio, o que resulta, no alagamento de uma grande parte urbana dos municípios que aqui foram citados.
É interessante salientar que o desenvolvimento destes municípios é diretamente prejudicado por esses acontecimentos, sendo um dos principais fatores que interferem no progresso destas cidades, pois a ocorrência de inundações nos centros urbanos acarreta inúmeros transtornos socioeconômicos, somente com perdas materiais os municípios de Pedreiras e Trizidela do Vale tiveram gastos com reparação dos danos de aproximadamente R$ 20 milhões de reais (LOUZEIRO; SANTOS; DOS SANTOS, 2013).
Além de chuvas intensas, outra condição que se destaca para a incidência desses acontecimentos, é a expansão populacional desordenada, que obriga os habitantes a ocuparem cada vez mais, áreas vulneráveis a ocorrência de acidentes sem se atentar a ausência de suporte para uma estrutura nestes locais. Outro fator preponderante é o desmatamento recorrente da vegetação ciliar, que empobrece o solo, assoreia as margens do rio e aumenta significativamente o volume das águas fluviais a serem escoadas, tornando-se durante esses períodos, muito intensas (CEDECMA, 2011).
Dos 83 municípios que estão dentro da bacia do rio Mearim, 75 já sofreram com eventos, segundos levantamos do SECID (Secretaria de Estado das Cidades e Desenvolvimento Urbano) no período de 1985 a 2014 já foram registradas 208 ocorrências de destrates ambientais, onde grande parte desses eventos ocorrem em 2009, com 66 ocorrências (ESTADO DO MARANHÃO, 2014).
Em 2009, a cidade de Bacabal, foi uma das mais castigadas, foi relatado chuvas torrenciais, chuvas intensas por curto período de tempo, que se estenderam por mais de um mês, e dentre todas as cidades prejudicadas, foi a que as enchentes tiveram os maiores impactos no estado do Maranhão, de acordo com o CEDECMA (Coordenadoria Estadual da Defesa Civil do Maranhão), 35.462 mil moradores de Bacabal foram atingidos de alguma maneira pelos efeitos negativos das cheias, 4.775 mil ficaram desabrigadas nos municípios e 11.110 mil temporariamente desalojados.
Figura 3: Área alagada em Bacabal.
Fonte: Folha de São Paulo (2009).
Em 2011, no município de Trizidela do Vale, após a primeira chuva do mês de março registrou 675 pessoas desabrigadas, e 225 pessoas desalojadas. Devido a isso a CEDECMA começou a receber notificações de eventos hidrológicos, em diversos municípios que fazem parte da bacia do Mearim, que imediatamente iniciaram o monitoramento do nível do leito do rio Mearim. Além disso foi realizado o monitoramento de áreas de riscos em diversos pontos do estado, entre eles a barragem do rio Flores, Joselândia a qual encontra se em situação de risco devido à falta de manutenção, o que acaba gerando grande apreensão da população localizada a jusante (CEDECMA, 2011).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos períodos de maiores demandas pluviais, ocorre o processo de escoamento de vários afluentes do rio Mearim de maneira espontânea, o que incontestavelmente favorece para uma grande elevação do seu nível e vem consequentemente a contribuir para que se formem condições favoráveis para ocorrências de alagamentos em diversas áreas urbanas dos municípios citados anteriormente. Evidencia-se, que este é um dos principais fatores que intervêm no desenvolvimento destas cidades, pois a eventualidade de inundações acarreta inúmeros transtornos socioeconômicos, principalmente quando atingem diretamente centros urbanos, sendo estes municípios atingidos pelas cheias do rio Mearim em intervalos anuais e intensidade diversificada, o que deveria ser minimizado com a disposição de mecanismo de contenção de cheias.
Apesar de se dispor na região de tal artificio, a barragem do Flores, que tem a principal função conter cheias agravadas pelo desague da bacia, se encontra em preocupante situação de abandono, além disso há falta de equipe especializada para operar uma vazão regularizada - técnica que poderia atenuar os impactos dos eventos hidrológicos citados – o que é um agravante constatados em laudos técnicos do CREA a pedido do MPF.
O recomendado é que medidas de intervenção sejam tomadas, tais como: o controle da vegetação nos parâmetros de montante e de jusante do maciço da barragem e das ombreiras respectivas a fim de evitar patologias; a recuperação de todas as canaletas de drenagem, bem como das áreas gramadas, como espécimes nativas; a instalação de instrumentos de medida de vazão de percolação e de análise sedimentológica do material em suspensão; a reconstrução da subestação de energia e a sua interligação com as torres de comando e de acesso e em especial a reposição de todos os equipamentos eletromecânicos, hidráulicos e pneumáticos da torre de comando, bem como dos componentes danificados das comportas de desague e das grades.
REFERÊNCIAS
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TROPPMAIR, Helmut. Metodologias simples para pesquisar meio ambiente. Rio Claro: Ed. do autor, 1988.
Excelente artigo científico. Esse garoto está de parabéns. Eu que pensei que não tinha mais jovens pensadores.
ResponderExcluirDaniel é um "monstro" da sabedoria, tem futuro no cenário nacional. parabéns ao blog pela visão e dar espaço aos bons.
ResponderExcluirBelo artigo desse jovem engenheiro pedreirense, digno de publicaçaão em jornal da capital. já tinha visto falar desse rapaz.
ResponderExcluirConheço a Katyane desde mais ou menos 1995, sempre assim guerreira, não se calava diante das injustiças... Katyane começou a trabalhar literalmente muito cedo, lutou muito pot tudo que conquistou e que vem conquistando.
ResponderExcluirAcredito sim no seu potencial, na sua garra e na sua capacidade de fazer muito por Pedreiras.
Que Deus esteja a abençoando e se for da vontade do Senhor que ela possa fazer o que muitos se propuseram a fazer pela cidade e não fizeram só rechearam os seus próprios bolsos.
Katyane, você tem tudo para fazer a diferença, aproveite cada oportunidade.
Estou na tprcida e em oração por você.
Receba o meu abraço!
O garoto mais que nunca estava certo... Faltando pessoas assim no nosso cenário político, com visão acerca do problema e soluções.
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