domingo, 6 de junho de 2021

PEDREIRENSES PELO MUNDO: Coluna do Allan Roberth

 ARRAIAL

À essa altura, antes da pandemia em muitos lugares da ilha de São Luís - assim como em todo o Maranhão - era costume se ver por todos os lados os primeiros preparativos para a maior festa do estado; o “São João do Maranhão”. Na região do médio Mearim, o povo já começava a limpar os terreiros, fincar as primeiras folhas de babaçu demarcando o espaço da apresentação das quadrilhas. O Arco feito pelas folhas da palmeira entrançadas servindo de entrada para o interior do arraial. 

(Foto ilustrativa de São Luís. Fonte do Jornal "O Imparcial".

Dos quatro cantos, surgiam as bandeirinhas que se encontravam em um alto pau fincado bem no meio do terreiro. Estava pronto o espaço onde durante um mês as famílias se encontravam, meninos estouravam seus traques, bombinhas e espantas moscas, fazendo barulho, fumaça e exalando aquele forte cheiro de pólvora. 

As barracas feitas de palha do babaçu, espalhadas em volta do terreiro onde o povo pode se deliciar com as guloseimas próprias do período. Mingau, cocada, bolo de macaxeira e milho, farofas e uma cerveja bem gelada para acompanhar tudo. As roupas de chita e xadrez ganhavam espaço no figurino e na alma de todo bom nordestino uma empolgação diferente trazida pelo período geralmente muito esperado.

(Foto ilustrativa G1 Globo) 

As fogueiras completam o brilho da festa e essas geralmente são acesas em dias específicos; 12 e 13 de junho, véspera e dia de Santo Antônio, 23 e 24, véspera e dia de São João, 28 e 29, véspera e dia de São Pedro. Esse último, para nós da região, o mais festejado por conta da tradicional procissão aquática nas águas do Rio Mearim, onde os pescadores homenageiam seu padroeiro numa bonita demonstração de fé. 

Canoas enfeitadas com bandeirinhas de papel crepom descendo o rio fazem um lindo cenário na tarde do dia 29 na cidade de Pedreiras. O festejo realizado pela colônia de pescadores e comunidade do bairro Matadouro é uma atração à parte no mês de junho. O povo se aglomera às margens do rio e em cima da ponte que liga Pedreiras à Trizidela do vale para ver passar a procissão realizada pelo povo simples ligado ao setor de pesca da nossa cidade.

(Foto ilustrativa blog do Carlinhos Filho)

Na ilha de São Luis, o mesmo frenesi nos bairros e locais onde governo do estado e prefeitura realizam os grandes arraiais com shows, apresentações de grupos de bumba-meu-boi, quadrilhas, danças portuguesas, do coco, lelê, cacuriá. Na periferia praticamente o mesmo cenário; grandes terreiros enfeitados com bandeirinhas e ariris, palmeira nativa, de pequeno porte, caule mais fino, porém com palhas bem volumosas. 

Os ariris são retirados inteiros, com caule e folhas e enfiados no terreiro. Eles dão um toque todo especial ao arraial e são os primeiros e os últimos a serem colocados. Dai a expressão muito conhecida na ilha que se diz para comparar alguém que é o primeiro a chegar e o último a sair das festas; “Ariri de terreiro”.  O que na nossa região de Pedreiras seria aquele que só sai “no cisco”.  

As manifestações religiosas em torno dos santos festejados durante esse mês de junho são algo muito forte para nós maranhenses; Santo Antônio abre as festividades e mexe com o imaginário popular, especialmente das solteiras que sonham arrumar um casamento já que o santo tem a fama de casamenteiro por ter pago o valor de um dote a um pobre rapaz que sonhava casar com sua amada, mas não tinha como pagá-lo.

São João é o preferido dos grupos de bumba-meu-boi devido às promessas feitas ao mesmo que geralmente são pagas com a criação de um grupo folclórico para animar os arraiais da ilha. Ele também é mais festejado em todo o Nordeste.

Já São Pedro é o protetor dos pescadores, classe numerosa em todo o estado devido a presença de grandes rios e extensa área de litoral incluindo a capital. O encontro dos grupos de bumba-meu-boi no bairro da Madre Deus onde existe uma capela dedicada ao santo, marca o início do encerramento das festividades em São Luís. 

(Foto ilustrativa retirada da Internet)

Digo o início porque há uma grande maratona de festividades que começam na véspera do dia de São Pedro; dia 28 e só encerra com a homenagem à São Marçal, este incorporado à homenagem dos santos juninos pelos moradores da ilha por ter o seu dia no calendário da igreja em dia 30 de junho. Os brincantes de bumba-meu-boi então, se despedem do período no grande encontro que acontece no bairro do João Paulo onde tocam suas zabumbas, pandeirões e orquestras esticando um pouco mais a alegria e a vontade de que esse tempo não se acabe.

Diante do triste cenário em que vivemos por conta da pandemia, há dois anos tudo isso foi silenciado e dos arraiais vazios surgem um grande clamor; QUE ACABE A PANDEMIA, QUE TUDO ISSO PASSE LOGO, QUE HAJA VACINA PARA TODOS E QUE VOLTEMOS A VIVER ALEGRIA QUE O SÃO JOÃO NOS PROPICIA.
































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