LADEIRAS
Não existe Pedreiras sem elas; as ladeiras, sem eles; os morros. Na topografia da nossa princesa do Mearim eles são um charme à parte e nos permitem uma bela visão da cidade, do rio, dos vales que cercam nosso município. Há que os amem e quem os odeiem também já que para quem mora sobre eles é uma luta diária suas subidas e descidas. Porém em uma cidade atormentada pelas enchentes, eles são de grande utilidade e todos os alagados procuram um morro para se abrigar das águas no período chuvoso.
Nem os perigos que representam são capazes de tirar seus moradores dessas comunidades elevadas que decoram a cidade. O caso do Alto São Raimundo ali próximo à rua da boiada é um deles. Na década de 90, devido uma forte erosão o morro começou a ruir prejudicando seriamente algumas casas que ficavam com o fundo para o rio Mearim. A maioria das famílias se mudou, ficando apenas algumas resistentes que moravam do outro lado.
O morro ficou triste, abandonado e sem vida. Porém, passados alguns anos depois de realizado um serviço de terraplanagem, alguns dos mesmos moradores voltaram, construíram belas casas e povoaram novamente o lugar. Há quem diga que esses moradores não se acostumaram a viver na parte baixa e desejavam voltar para seu antigo local.
Eles são de variados tamanhos e formas, cada um com sua história e trazem consigo a saga de uma vida inteira de famílias que neles buscaram abrigo, talvez fugindo dos altos preços de casas e terrenos na parte central e mais nobre da cidade. Se bem que nossos morros e ladeiras estão em toda parte, até mesmo na área central da sede do nosso município.
O conhecido “morro dos barões” inicialmente não justificava o nome, começou a ser habitado por famílias muito pobres que faziam seus casebres geralmente de barro coberto de palhas para fugir das enchentes. Nos anos 80 se inicia uma verdadeira mudança naquele local e após intervenção municipal com a abertura da rua Maneco Rego, surgiram grandes casas com seus muros altos, piscinas e belos jardins, daí então passar a ser denominado “morro dos barões”.
O Alto São Benedito, talvez o mais importante para a cidade por ter em seu topo uma das mais belas igrejas do Maranhão que por sua grandiosidade e por estar fincada nesse local elevado é vista de todos os cantos da cidade. Hoje santuário de São Benedito, o padroeiro de Pedreiras. Os montes são na bíblia os lugares escolhidos para estar mais perto de DEUS, basta lembrar o monte Sinai onde Moisés recebeu os 10 mandamentos; o monte Sião que se refere a toda Jerusalém, o monte das Oliveiras onde Jesus orou várias vezes e por fim o monte Calvário onde deu sua vida pela salvação do mundo, para os Cristãos.
O Alto da Coheb, talvez o mais íngreme, abriga em seu topo as torres de transmissão de rádio e tvs de Pedreiras, local propício para a instalação delas devido à altura. Também começou a ser abrigado por famílias humildes que foram buscar em suas margens abrigo não tão seguro mas acessível.
Nossa cidade também tem um morro de nome famoso; o “Alto do Pão de Açucar” só nos faltou o bondinho mas estando em seu cume é possível ter uma bela visão de parte da cidade, da prefeitura, da ponte Francisco Sá, e do nosso lindo rio Mearim. Ali também funcionou a “voz” do Sr. Betinho, grande comunicador de Pedreiras em tempos de alto falantes e carros de som.
O Bairro do Goiabal abriga dois grandes morros; o Alto da Piçarreira, hoje segunda travessa Otávio Passos onde também estão instaladas antenas de televisão e de telefonias. Do seu alto é possível contemplar uma bela paisagem dos vales da redondeza mirando para o lado das comunidades da Trindade e Embaubinha. O outro era conhecido como “Morro do Seu Arão”, antigo comerciante que tinha uma quitanda na rua da Laranjeira, subida para o tal morro.
Outro famoso alto que está no imaginário da população pedreirense é o “Alto do Diogo” lugar que fazia a alegria dos homens da cidade. Ali funcionou até bem pouco tempo a maior zona de prostíbulos da região. Era o lugar onde a noite se transformava em dia e abrigava os antigos e mais famosos cabarés.
Ali funcionava o “Bar da Pixuri”, “Da Rosinha”, do “Chico Tururi” dentre outros. Casas onde a música, a dança e a diversão eram garantidas. Porém também um lugar violento por conta das disputas de homens e mulheres por seus pares. As famílias pobres habitavam uma outra parte do alto já que não podiam se misturar os cabarés.
A ele se deve também a fama da rua da boiada como “rua do fuxico” pois como era passagem para o Alto do Diogo, os homens casados passavam por ali, abaixados em carros e no outro dia a cidade inteira sabia quem eram os infiéis.
Hoje fazem parte do município de Trizidela do Vale os bairros “Jerusalém”, “Santo Antonio das Oliveiras” e “Aeroporto”, antigo “campo de aviação”, três grandes morros que já pertenceram à nossa querida Pedreiras. Todos eles lugares de vistas privilegiadas.
Por fim, o Alto onde encerra a história terrestre dos filhos da nossa terra. O “Alto São José”, testemunha das mais tristes subidas de cortejos fúnebres onde está a última morada de alguns dos nossos familiares, conterrâneos e conhecidos. Lugar onde fica o principal cemitério da localidade e também onde pode se contemplar uma bela visão da nossa cidade, antecipação das planícies celestes. O nome também guarda em si uma coincidência pois um dos titulos de devoção ao pai adotivo de Jesus é São José do Bonfim ou da Boa morte.
(Quero registrar meu agradecimento ao amigo Aliomar Bernardo Silva pela ajuda na lembrança de nomes e história que fizeram surgir essa crônica).
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