terça-feira, 22 de novembro de 2016

CADÊ O POETA RAILTON FRANÇA MESQUITA?

ESPAÇO LITERÁRIO 


Tenho escutado bastante por onde passo as pessoas me fazerem a seguinte pergunta: “Joaquim Filho, por onde anda o poeta Railton França Mesquita? Ele ainda mora em Pedreiras? O que houve que ele sumiu e não mais escreveu livros?” Bom, responder por onde ele anda, é fácil. Ele continua morando em Pedreiras, no Parque das Palmeiras, é casado, tem um casal de filhos e há anos se converteu e congrega, creio eu, na Igreja Assembleia de Deus Missão, pastoreado pelo Pastor Josélio e a Pastora Odete. Segundo o médico Allan Roberto, o mesmo foi sagrado Pastor na semana passada. O porquê de não ter mais escrito livros, isso é uma pergunta que só ele poderá responder, pois se trata de algo subjetivo.

(Joaquim Filho, Pe. João Mohana e Railton Mesquita/Foto: Zé Moreno)

Sei muito bem o porquê das pessoas sentirem a falta do Railton Mesquita no meio sociocultural e me fazerem essas perguntas. Primeiro, porque Railton Mesquita na década de 80 e precisamente na de 90, foi o jovem de maior influência intelectual que existia na cidade. Ele era bastante popular, conhecido por todas as pessoas de todas as gerações, tinha trânsito livre com todas as instituições culturais e se relacionava bem com pessoas de todas as camadas sociais. Eu diria que ele foi na década de 90, o que o Zeca da Sucam, Biné Carvalho, Sandro Alex e outros foram na década de 80.

(Samuel Barrêto, Railton Mesquita e Joaquim Filho - 1º Concurso de Poesia) 

Mas como tudo passa, Railton Mesquita com a sua mudança de vida, de religião e de forma de ver a vida, resolveu adotar uma filosofia de vida que o fez, a gente pensar que ele sumiu, desapareceu e abandonou a vida cultural. Com certeza, sob a sua ótica, ele não vê assim.

(Joaquim Filho, Cerimonial lançamento do livro "HOLOCAUSTO NUCLEAR"/Foto: Zé Moreno)

Independente de qualquer estilo de vida que ele possa estar levando, é meu amigo há quarenta anos. Estudamos juntos no colégio Bandeirantes; fomos acólitos da Paróquia de São Benedito; somos membros da Associação dos Poetas e Escritores de Pedreiras e, enfim, militamos por vários anos, juntos, na vida social e cultural de Pedreiras.


(Capa do livro de poesias de Railton Mesquita) 

Fui mestre de cerimônia do seu primeiro e único livro lançado “HOLOCAUSTO NUCLEAR”, realizado no ano de 1989, no Teatro João do Vale, que está localizado no prédio da Regional de Saúde de Pedreiras. A ele, eu devo a razão de hoje carregar o título de poeta, pois foi ele quem me incentivou a mostrar os meus poemas e também publicar o meu primeiro livro.

(Joaquim Filho, Reginaldo "Quarentinha" e Railton Mesquita)

Queira ou não, os poetas dessa geração (exceto Corrêa de Araújo, Kleber Lago, João Barrêto e Neto Arraes), o movimento literário modernista deve em primeiro lugar ao Railton Mesquita, pois a não ser esses 4 (quatro) nomes que citei entre parênteses, se existiam poetas em Pedreiras, estes viviam na luz das trevas, no anonimato e, foi Railton, ao chegar de Campina Grande/PB que começou a incentivar a literatura local, pois onde chegava tinha um poema para ler para os amigos. Tudo quanto era de festa, lá estava o Railton falando de poesia. E, foi assim, que eu e muitos outros fomos saindo do ostracismo e vivenciando a poesia.

Nessa segunda-feira (21), catalogando uns poemas para o Padre Zé Geraldo criar o mural da poesia no Santuário durante a festa do padroeiro, encontrei o livro do meu amigo e resolvi fazer essa singela homenagem a um dos grandes poetas da nossa contemporaneidade – Railton Mesquita.


ASSASSINOS DO AMANHÃ

Do nada para a vida,
da vida para o nada.
Vivos por mortos, mortos por vivos.
Choros infantis por silêncio eterno.
Movimentos carinhosos pela não existência.
Sorrisos de felicidade e esperança
por lágrimas não sentidas.
Do passado para o presente.
O presente sem um futuro.
Início infeliz, finalizado em algumas horas.
Da vida um dia para a morte silenciosa.
Perdidos na escuridão, sem jamais terem sentido a luz.
Vítimas do pecado, sem poderem conceder o perdão.
Dos sonhos de vida, para o pesadelo-morte.
Perdidos em uma ação animalesca.
Frutos de uma razão de ódio.
Impedidos de respirar o mesmo ar
que alimente os seus... ASSASSINOS DO AMANHÃ. 

Poema de Railton Mesquita











Nenhum comentário:

Postar um comentário