sábado, 19 de novembro de 2016

SÃO BENEDITO, JOÃO DO VALE E A MÚSICA DO FESTEJO


CONSIDERAÇÕES FINAIS DO LIVRO "UM ESTUDO DA VIDA E OBRA DO MARANHENSE DO SÉCULO XX" 
(José Raimundo da Silva Filho – Zé Filho
Técnico em Edificações
Presidente da CODESUM - Comitê Intermunicipal de
Desenvolvimento Sustentável do Médio Mearim)

Quando o meu amigo e conterrâneo Joaquim Filho estava escrevendo a sua monografia, eu tive o privilégio de receber do mesmo um convite para contribuir de forma simples e tímida com algumas informações sobre o compositor João do Vale, pedreirense que foi eleito o Maranhense do Século, e que não faz muito tempo esteve vivendo entre nós.

Mas o convite honroso me fora feito em 2010, período em que o acadêmico do curso de Letras da Faculdade de Educação São Francisco – FAESF encerrara a sua graduação. Não foi por deselegância e nem por falta de vontade que, naquele momento, eu não pude atender ao pedido do meu amigo. Justifico que por razões de estar na época muito cheio de compromissos e afazeres relacionados com a minha profissão – Técnico em
Edificações - acabei não participando do trabalho monográfico de Joaquim Filho.

Dois anos se passaram e, hoje, dia 20 de junho de 2012, eis que fui pegado de surpresa, na sala do Instituto da Seguridade Social dos Servidores de Pedreiras, Autarquia à qual o meu amigo estar Diretor de Benefícios, quando Joaquim Filho me mostra a “boneca” do seu mais novo livro, ou seja, a sua monografia, cujo título JOÃO DO VALE: um estudo analítico e
interpretativo da obra poética do maranhense do século, adaptada para livro com o título JOÃO DO VALE: um estudo da vida e obra do maranhense do século.

Foram duas grandes surpresas agradáveis: a de ver um trabalho riquíssimo em informações sobre João do Vale e a satisfação de mais uma vez ser convidado para contribuir com o livro já que não pude colaborar com a monografia.
Então, pensei em narrar um fato interessante, que com certeza, ficará registrado nesse maravilhoso livro, que indiscutivelmente já é parte marcante dos anais da nossa história.

Inicio dizendo que na minha modesta participação neste livro, para falar de João do Vale, eu irei narrar e registrar um fato muito interessante que eu presenciei na trajetória de João do Vale, que foi quando ele estava escrevendo a música para o Centenário do Festejo de São Benedito, aqui em Pedreiras.

Lembro-me como se fosse hoje, que vindo de Poção de Pedras-MA, depois de uma viagem: eu, meu pai (José Raimundo da Silva), o saudoso “Fogo” (Esposo de Dona Maia Alzira) e João. Foi justamente nessa viagem que João do Vale vinha escrevendo num caderno, uma música. Só que nós não sabíamos, na época, que música, a qual ele estava fazendo.

Voltando do Poção, uma viagem feita num jeep da antiga DNRUR – atualmente FUNASA – ao chegarmos a Pedreiras fomos direto para a nossa casa, na Rua Frederico Bulhão, ao lado da casa onde hoje está edificada a residência da senhora Adelaide.

Naquela época, João do Vale, sentado debaixo de um pé de laranjeira, tomando uma cachacinha e tirando gosto com torresmo e lima, ali, ele concluiu a letra da música. Quando João do Vale terminou de escrever a letra da música, ele chamou o “Fogo”, e disse-lhe: “Fogo, terminei de concluir a música do pretim.”

Eu ouvi aquilo ali, mas não sabia o que era. E, no festejo de São Benedito, eu não me lembro bem o ano, se era 1971 ou 1972, quando a música estava tocando, o meu pai me perguntou: “Zé Filho, tu estais te lembrando daquele dia da nossa viagem a Poção de Pedras, que João estava fazendo uma música? A música é essa do festejo!”

Essa é uma lembrança que eu tenho e presenciei, mas não tinha noção do que João do Vale fazia naquela época, da mesma forma que nós não tínhamos e, somente agora, estamos tendo consciência da importância e do valor desse grande compositor.

Das passagens interessantes de João do Vale, essa foi uma que eu acompanhei, embora tivesse tido outras, mas essa foi a mais importante, que foi olhar, na época, a letra, mas sem a música a gente não tinha noção de como ela ficaria.

Depois João Voltou para o Sul; quando retornou à Pedreiras foi com ela pronta, a qual tocou naquele festejo que celebrou o Centenário de São Benedito na cidade de Pedreiras e que toca até hoje no período do festejo do Padroeiro da cidade.


ANIVERSÁRIO DE BENEDITO
(João do Vale)

Ô pedreiras, princesa do Mearim
Todo mundo festejando
Bate tambor pra mim.

Benedito completando
Seu primeiro centenário
Parabéns a Benedito
Pelo seu aniversario
Salve, salve o Benedito
Pelo seu aniversario.

Meu senhor São Benedito
Hoje eu canto em seu louvor
Vou pagar minha promessa
Que eu fiz para o senhor
Eu bati a vossa porta
E o milagre a mim chegou.

Toda pedreiras festeja
Com carinho e com fervor
Cem anos de milagre e festa
Do seu santo protetor
Padroeiro da cidade
Padroeiro do amor.

No dia da procissão
É ai que agente vê
Que se pagando promessa
Muito grato a vósmicê
Pé no chão, mão na cabeça
Que é pro senhor proteger.

Quando chega a sua festa
Eu fico de pé ligeiro
E quando o sino bate
Meu coração bate primeiro
Pra assistir a vossa missa

Do meu santo padroeiro.  








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