COLUNA DO BERNARDO
É sempre muito peculiar definir quem são os
intervenientes ativos no espectro politico da democracia brasileira, vimos nos
últimos anos uma mistura de classes defendendo os interesses que outrora eram
enraizados e culturalmente alimentados pelos seus patronos próprios, hoje a
mudança já é perceptível. Se formos definir a política esquerdista primária e
tradicional, aquela que surgiu na Revolução Francesa (1789), é política
associada à luta dos trabalhadores e das classes menos favorecidas, enquanto a
direita, ligada ao conservadorismo e à elite dominante e liberal.
Trazendo para um contexto nacional,
poderíamos enxergar a força da esquerda brasileira em um partido, que começou
sua estruturação na década de 80 e chegou ao poder pregando uma política de
defesa dos trabalhadores, do bem-estar coletivo e a busca pelo igualitarismo e
justiça social. Esse partido chegou ao poder e se escalonou nos mais altos
cargos políticos, sempre com posições e ideologias que alimentavam seus
seguidores fieis, essa espinha dorsal é o PT.
Acontece que o mundo não gira, capota, a
esquerda tirou milhões da extrema miséria, deu bolsa, deu crédito, deu o céu,
mas não qualificou profissionalmente o pobre que hoje é castigado pela crise
econômica e não enxerga soluções. O que vemos hoje é uma inversão de ideologia,
uma transmutação de ideais, basta ver o desfecho das eleições para prefeitura
de São Paulo, a periferia pobre preferiu o riquinho João Dória, em vez do
candidato do PT, os favelados desassistidos do RJ elegeram Marcelo Crivela,
conservador e Bispo da Igreja Universal, em vez de Freixo, candidato do PSOL,
partido de esquerda.
A esquerda brasileira, refugiada por
aqueles menos favorecidos e excluídos ganha uma nova legião de defensores: são
os mais bem sucedidos, já vi até artistas por aí comungar das mesmas concepções
politicas que a esquerda prega, se apresentando como defensores de sistemas sociais
onde todos possam desfrutar de uma economia justa e solidária.
A esquerda se
esvaziou dos antigos pensadores do bem-estar coletivo, que foram para politica
de direita sem encontrar obstáculos, a direita é conservadora, neoliberal, tem
uma corrente de favorecimento às elites dominantes, mas no Brasil há pobres e
excluídos que são a favor da instituição Família, que não encontraram isso na
esquerda que prega legalização do aborto, casamento gay etc. Várias são as
fundamentações que definem um pensamento politico ligado a um movimento e várias
são as justificativas que apoiam a troca desse mesmo pensamento.
A insatisfação com o sistema de segurança
pública favorece essa inversão de valores políticos, uma vez que, no Brasil
temos em média por ano 60 mil homicídios e recentemente vimos a fragilidade do
sistema prisional brasileiro. Nessa busca por tranquilidade social, estamos
vendo um ultradireitista e radical Jair Bolsonaro ganhar admiradores por
defender a intolerâncias aos bandidos e a tortura. Muitos pobres se admiram com
tais pensamentos por não confiar nos métodos arcaicos e falidos. Chega de
violência né, “seu” Jair?
Com uma esquerda elitizada
e uma direita com uma massa transformadora, os dois lados permanecem com seus
conceitos inertes, apenas estão se adaptando à uma realidade turbulenta e
promissora, paradoxo que define esse país chamado Brasil.
Bernardo Silva
Bacharel em Administração – FAESF
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