quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

CACIQUE MANDA AVISAR QUE VAI TER CARNABREGA NA ALDEIA

BAR DO ÍNDIO SE PREPARANDO PARA MAIS UM CARNABREGA

(Raimundo Aleixo "Índio"/Foto: Joaquim Filho)
O tradicional Bar do Índio, a Casa de Cultura dos artistas de Pedreiras, se prepara para realizar o IX Carnabrega, que a cada ano vai ficando mais forte e ganhando admiração dos foliões que optam para brincar um carnaval diferente. 

Hoje pela manhã, 27, o blog do Joaquim Filho visitou o bar e aproveitou para conversar com o proprietário, o Índio, e também com o poeta, compositor e advogado Edivaldo Santos, membro-fundador da Academia Pedreirense de Letras e um dos coordenadores do movimento momesco. 

(Cantor e compositor Chagas Melo)
Primeiramente conversamos com o Índio, que disse que com apoio ou sem apoio da classe empresarial e do poder público municipal, o Carnabrega não vai deixar de ser realizado; afinal, não é uma brincadeira que tem como objetivo proporcionar lucro ao recinto, mas manter a tradição de uma brincadeira que começou sem compromisso e propósito, e se tornou algo de extraordinário. Segundo o Índio, quando chega esse período que se aproxima o carnaval, os frequentadores do bar já começam a lhe perguntar se vai haver o Carnabrega. Antecipadamente, ele manda um recado:


"Vai ter sim, o Carnabrega aqui no Bar do Índio. Pode publicar no seu blog, meu amigo e irmão Joaquim Filho."

O que é o Carnabrega? Quem teve essa brilhante ideia? Quando começou? Essas perguntas, nós temos certeza que o leitor ao ler essa matéria deve ter se perguntado. Sabemos que o Carnaval é uma grande marca da cultura brasileira. E, por falar em marca, o nosso Carnaval virou mais "marca" do que o Carnaval propriamente dito, atraindo turistas, industrializando Escolas de Samba e roubando a pureza e a alegria dos velhos tempos. 

(Mural de fotos do Bar do Índio/Foto: Joaquim Filho)

Portanto, o Carnabrega é uma festa diferenciada que os artistas de Pedreiras resolveram criar como forma de protestar contra a bahianização da festa momesca, criando assim o Carnabrega, evento realizado sempre na segunda-feira de Carnaval, no Bar do Índio e tem como sentido original à festa, brincar e satirizar a modernização do evento, tocando as músicas tradicionais, nossas marchinhas e canções carnavalescas mais populares do nosso cancioneiro. É também um momento de encontro dos artistas, admiradores, amigos, que se acham excluídos do contexto carnavalesco que aí está. 

(Herbeth Luiz, Saudoso Poeta João Barrêto e Darlan Pereira)
O blog também conversou com o poeta Edivaldo Santos, esse que é Advogado por vocação e artista de coração e amor à essa terra que lhe acolheu e fez-lhe um Menestrel desse torrão mearinense. Autor de livros de poesias, CD gravado em Literatura de Cordel, um exímio compositor, vencedor de festivais, o vate em um momento de cordialidade falou ao blog: 

(Poeta/Compositor Dr. Edivaldo Santos, coordenador do Carnabrega/Foto: Joaquim Filho)

"Joaquim Filho, é uma satisfação mais uma vez poder contribuir com o agora seu blog e poder falar da nossa cultura tão rica. Sobre o Carnabrega, eu não me lembro quantos anos tem. Eu só sei que foi uma ideia do compositor e bancário Herbeth Luis que criou assim de improviso, que teve a participação dos poetas, cantores, compositores e frequentadores aqui do Bar do Índio que realizamos o primeiro em uma segunda-feira de carnaval e, até então, o que menos se cantava era música carnavalesca, por isso o nome Carnabrega, a coisa era focada no brega. E, desde esse dia para cá, toda segunda-feira de Carnaval a gente realiza esse evento e muita gente que mora fora de Pedreiras lembra que quando vem para cá, já sabe que na segunda-feira é certeza esse movimento feito pelos artistas locais. É um carnaval diferenciado dos demais, onde a gente brinca aqui dentro do espaço mesmo,colocamos som, os artistas cantam, dão suas canjas, externam suas fantasias de cantores, até quem não canta, nesse dia está liberado, pois tudo é carnaval. O Carnabrega é um protesto. No fundo, a gente está dando um recado para a sociedade, os empresários da música descartável. O que a gente vê hoje é trio elétrico, abadá, músicas swingueiras, bagaceiras que não têm nada a ver com Carnaval. Afinal de contas, essas bandas que tocam essas músicas, elas são as mesmas que tocam o ano todo, São João... e quando chega o Carnaval apressam apenas o ritmo e começa a dizer que é Sacode Elétrico, Gavião Elétrico, Calango Elétrico... Então, essas "porras" todas descartáveis aí, ficam empurrando na massa menos esclarecida, de guela abaixo, abadá, trio... O Carnabrega se opõe esse tipo de manifestação. Sobre apoio cultural aqui é coisa rara. Só tivemos apoio na primeira administração de Totonho Chicote, com o Chico da TV na FUP. De lá para cá é a gente mesmo aqui correndo atrás: eu, Chagas Melo, Darlan, Samuel Barrêto, Rodrigo, Índio, Lindinal, Franck e você, Joaquim Filho, quando está bem-humorado." 

(Herbeth Luiz, à esquerda, idealizador do Carnabrega. Wermerson, seu irmão, à direita/Foto: Arquivo do Joaquim Filho)

CARNABREGA E SHOW OPINIÃO TEM ALGO EM COMUM

Baseado nas palavras do poeta Edivaldo Santos, quando diz que o Carnabrega é um protesto que se faz contra esse carnaval comercial, marca e produto, me fez lembrar o Show Opinião, que também nada mais foi que uma forma de protestar a Bossa Nova que segundo os críticos de música da época, era uma música de elite que se ouvia em apartamento. O Show opinião, que teve a participação de João do Vale com a música Carcará fora o rompimento com uma arte que já não estava agradando a opinião pública. 


















  


















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Um comentário:

  1. Na segunda feira de carnaval em Pedreiras, todos os índios, na ôca do cacique, estarei lá.

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