A DEVASTAÇÃO CAUSADA PELAS DROGAS NA CIDADE DE PEDREIRAS

COLUNA DO JORGE HENRIQUE

Drogas! Esta é uma pequena palavra, mas, com um grande poder de destruição na vida de quem se deixa levar por elas. Segundo os estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS), O Brasil é o 2º maior consumidor de cocaína e crack, atrás apenas dos Estados Unidos no ranking dos países com maiores índices de usuário de drogas pesadas, em 2014, quase 250 milhões de pessoas consumiram ao menos um tipo de droga, no Brasil a presença da cocaína se mostrou três vezes maior nas áreas urbanas, com principal incidência no Sudeste – 46% dos usuários, ou 1,4 milhão de pessoas. Depois, vêm o Nordeste (27%), o Norte e o Centro-Oeste (10% cada) e o Sul (7%).

Na cidade de Pedreiras não é diferente, pois quem passeia nas lindas ruas da nossa amada “Princesa do Mearim” já não acha mais incomum ver dependentes químicos fumando pedras de crack a qualquer hora do dia, a banalização do uso de drogas ultrapassou há muito tempo todas as barreiras do bom senso. Em todo mundo, 207 mil pessoas morreram devido ao consumo de drogas no ano de 2014. A taxa de mortalidade é 15 vezes maior entre consumidores de drogas injetáveis do que entre não usuários na mesma faixa etária. Você está enganado, se pensa que as drogas estão presentes há pouco tempo, elas já fazem parte da humanidade há mais de 5 mil anos, desde que o mundo é mundo. Em alguns casos é usada para o tratamento e cura de doenças, mas na grande maioria das vezes, ela é usada de forma inadequada, deturpando a mente de quem a usa.  Podemos classificar as drogas como: Naturais, Sintéticas, Semissintéticas e Inalantes.

No grupo das drogas naturais encontram-se: maconha, nicotina, cafeína, ópio, Psilocibina e Cogumelos Alucinógenos. No grupo das drogas Sintéticas está o LSD,  Metanfetamina, Barbitúricos, Anfetaminas e Ecstay.

No grupo das drogas Semissintéticas está: Morfina, Cocaína e Crack, Heroína, Merla e Oxi. No grupo das drogas Inalantes encontram-se as bebidas alcoólicas, lança-perfume, boa noite cinderela, charuto, narquilé, etanol e cola de sapateiro.

Mas, nem tudo são más notícias, o que podemos observar é a forte presença do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) tendo surgido no ano de 2007 como o primeiro no Maranhão na cidade de Pedreiras, agindo sempre no combate, controle, tratamento e prevenção do uso de drogas, as atividades realizadas por esta instituição, muitas vezes, ultrapassam a própria estrutura física, em busca da rede de suporte social, que possa garantir o sucesso de suas ações, preocupando-se com a pessoa, sua história, sua cultura e sua vida cotidiana.

Visitei as instalações, entrevistei tanto os profissionais que lá trabalham como os dependentes químicos que estão em fase de tratamento, o que pude constatar foi a humildade, bondade e motivação no olhar daqueles servidores que fazem tanto por nossa cidade, mas que muitas vezes não obtém o devido respeito e valorização por parte das pessoas que discriminam a presença do CAPS AD no nosso município.

 

Dentre uma das inúmeras conversas que tive com os pacientes, fiz algumas perguntas a todos eles para que você, amigo leitor, pudesse ter neste exato momento a noção do perigo que é termos as drogas infiltradas na nossa sociedade, veja só o resumo obtido em uma breve conversa com quatro desses pacientes que por questões de sigilo e respeito não divulgaremos os nomes:

Paciente 01 – Idade (49 anos), iniciou o uso da maconha, álcool e crack aos 8 anos de idade, através dos “amigos” que lhes apresentaram as drogas, começou o tratamento em 2007, e hoje está a 2 meses sem usar.

Paciente 02 – Idade (42 anos), iniciou o uso da maconha, heroína e álcool aos 10 anos de idade, através dos “amigos” que lhes apresentaram as drogas, começou o tratamento em 2009, e hoje está a 8 meses sem usar.

Paciente 03 – Idade (43 anos), iniciou o uso da peteca de merla, crack, maconha e álcool aos 14 anos de idade, a namorada lhe apresentou o terrível mundo das drogas, começou o tratamento em 2005, e hoje está a 6 meses sem usar.

Paciente 04 – Idade (45 anos), iniciou o uso da maconha, crack, heroína e álcool aos 12 anos de idade, a curiosidade o fez querer experimentar esse “mundo novo”, iniciou o tratamento em 2014 e está a 1 semana e meia sem usar.

Convido você a ler depoimentos dos próprios usuários que servem como alerta para os mais desprevenidos que tenham tanto esses tipos de amizades que lhes oferecem esse “Mundo Novo”, como esses tipos de curiosidades em experimentarem quaisquer tipos de drogas:

“É uma caminho sem volta!” – “Você pode até usar, mas é sabendo que não vai mais parar se for muito longe.” – “Às vezes a gente pensa que tá no controle, mas é só ilusão da droga!” – “A droga me distanciou da minha esposa, fez meus pais sentirem desgosto de mim e ainda perdi meu emprego.” – “Os amigos apresentam esse tipo de coisa pra gente, ai nós usa no sentido de tentar sentir algo novo nessa vida.” – “Muitas vezes andei perto da morte, pensava que não conseguiria mais sair dessa vida, foi aí que eu entendi que a droga só serve para destruir a vida da gente.” – “Eu comecei a usar por curiosidade, foi a pior decisão que eu tomei na minha vida!”

Pude conversar inclusive com um senhor que já trabalhou no CAPS AD, ele relatou ao mim que fazia bicos entre as folgas que obtinha para ganhar um pouco mais, e melhorar a condição de vida da família dele, foi aí que em certo dia ao trabalhar como pedreiro em uma obra, alguns amigos lhes oferecem um pouco de crack para ele fumar, à primeira vista a reação foi de um incrível espanto e negação, mas de tantos os amigos insistirem ele disse que a curiosidade foi ficando mais forte, até que ele resolveu provar de vez, triste escolha! Pois a partir daquele momento ele perdera seu emprego, suas motos, pois as vendeu para comprar mais crack, viu suas filhas chorarem e orarem muito por ele, viu sua esposa sofrer, passou 5 anos como usuário de crack, só conseguiu sair daquela triste vida depois que iniciou o tratamento, hoje ele tem 43 anos, não é mais viciado, e diz sentir enjoo quando lembra daqueles pedras de crack!

A equipe do CAPS AD mostrou-se amplamente capacitada para diversos tipos de tratamentos e buscas dos pacientes em locais de alta periculosidade, dispondo de profissionais como Médicos Psiquiatras, Enfermeiros, Psicólogos, Terapeutas Ocupacionais, Assistentes Sociais bem como outros profissionais que compõem um corpo técnico completo para atender as demandas das cidades de, Pedreiras, Trizidela do Vale, Peritoró, Lima Campos, Bernardo do Mearim, dentre outras cidades.

Segundo a Terapeuta Ocupacional, Dra. Flávia Morgana:

“Mais do que um dever de atuar como profissional nesta área, quem decide querer tratar pessoas usuárias de drogas deve ter em primeiro lugar o amor ao próximo, Cristo no coração e muita Fé de que um paciente por mais perdido que ele possa parecer estar que nós jamais poderemos considera-lo um alguém irrecuperável, o que fazemos, fazemos por amor, pois ao exercitarmos esse trabalho em que somos técnicos, acabamos nos sensibilizando com as histórias de cada um, com a vida de cada um, e principalmente temos consciência de que quanto mais o problema parece ser grande para o outro, maior será o nosso dever como Cristão e profissional de lutar por este paciente até o fim, temos percebido que a incidência no uso de drogas é maior na faixa etária entre 08 a 12 anos de idade, aonde o estimulo ocorre muitas vezes por indicação de um amigo ou por uma simples curiosidade de experimentar, é neste ponto que mora o verdadeiro perigo!”

Para o senhor Bruno Henrique, coordenador do CAPS AD de Pedreiras, “Somente através de um tratamento humanizado, sem preconceito poderemos trazer estas pessoas de volta para a sociedade, muitas vezes através do treinamento que recebemos, vamos nós mesmo em busca dos pacientes nas ruas, as vezes um familiar liga e nós então procuramos agir com a máxima prontidão para efetuarmos o sucesso na busca, se o caso de dependência química for muito severo o paciente é então encaminhado para uma clínica especializada em São Luís, local onde este paciente terá um aparato maior de cuidados por conta do seu extremo uso de drogas.”

Amigo leitor, confesso a você que percebi que ainda existe um enorme preconceito em torno desse tema, pois muitas vezes depois de tratado o paciente sente-se pronto para voltar à sociedade, e acaba sendo julgado pelo seu passado, dentro da instituição os pacientes são incentivados a fazerem trabalhos artísticos, se profissionalizarem, ocupando assim a mente deles para evitar o uso de drogas, pessoas humildes, mas que fizeram escolhas diferentes das nossas.

Foi notória a constatação de que no início, as drogas são uma busca apenas pelo prazer, elas satisfazem aquele que a escolhe, mas os seus efeitos, dependendo do tipo, a curto ou longo prazo são devastadores. Além de causar problemas em todo organismo, elas afetam principalmente o sistema nervoso. A cidade de Pedreiras assim como nosso estado e país, sofrem com altos índices de criminalidade como o tráfico de drogas, o que aumenta mais ainda a quantidade de usuários, mas a maior lição que fica de tudo isso é que apesar de parecer uma lutar difícil de vencê-la, existem pessoas que acreditam inegavelmente na vitória, seja você também uma dessas pessoas, elimine de dentro de si qualquer tipo de preconceito, e entenda que somos todos irmãos, de uma grande família e filhos de um mesmo pai, o nosso amado e poderoso Deus!

DIGA NÃO AS DROGAS!

“Se você viver julgando as pessoas, então não terás tempo para amá-las.”

Madre Teresa