segunda-feira, 14 de agosto de 2017

RIO DE JANEIRO: Uma cidade arrasada

COLUNA DO MARCELO ABREU
(Marcelo Abreu é Jornalista, filho de Pedreiras, há vários anos morando em Brasília/DF)

Estive no Rio de Janeiro semana passada. Foram seis dias. O suficiente para ver uma cidade arrasada e uma gente sem esperança. Costumo dizer que, depois de São Luís, a cidade que mais amo neste país é o Rio. Gosto porque conheço bem e entendo suas esquinas e histórias. Nem taxista me enrola ali.

Mas, pela primeira vez, vi tristeza na cidade. O ex-governador bandido, a quem o ex-presidente "Nunca antes na história deste país" bradava, com braços juntos e erguidos, que seria "a única solução pro Rio", está em Bangu. O canalha destruiu de vez o estado. Foi, como me disse um amigo de lá, "a pá de cal que faltava para enterrar a cidade de vez".

O ex-prefeito, o também "menino" do ex-presidente corrupto, se mandou para Miami, milionário, com malas, cuias e o sorriso sarcástico que lhe é peculiar. Indecente. Correu do que pode sobrar para ele. Correu de Bangu. O atual governador, tão indecente e venal quanto, diante de uma população arrasada e passando fome, quer um jatinho maior e mais confortável. Esse homem, que luta contra um câncer, não aprendeu nada da vida.

 
O atual prefeito está fazendo uma espécie de "censo religioso" junto aos servidores públicos. O estado não é laico? Será que pretende arrecadar mais dízimos? Tudo pode com essa gente fanática, que fez da religião o meio para fortuna e maracutaias.
 
Andei a pé (o Rio foi feito para flanar), de metrô, de VLT e de Uber. Ali senti, com nitidez, a desesperança de sua gente. No Uber, andei com engenheiro civil, professores de faculdade, advogado, servidores públicos, que, sem salários, passaram a dirigir depois do horário de trabalho, e até um físico com doutorado na Alemanha e quatro idiomas na bagagem. Todos, desempregados, viraram motoristas do aplicativo. E me disseram que, só assim, ainda levavam comida para casa.

Tristeza em cada um. Ontem, domingo, mais três policiais militares foram assassinados. São, até agora, 97 mortos. Famílias destruídas.
 
O Rio e sua gente não mereciam isso. Pela primeira vez, em muitos e muitos anos que zanzo por ali, voltei entristecido. Uma sensação de que a luz no fim do túnel foi apagada.

 





















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