sexta-feira, 24 de novembro de 2017

OS NEGROS E A DESIGUALDADE NO BRASIL!

COLUNA DO PROFESSOR RICARDO GONÇALVES
 *Ricardo Costa Gonçalves

A população negra é a mais atingida pela desigualdade e pela violência no Brasil. É o que aponta a Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com o Ministério Público do Trabalho, no mercado de trabalho, pretos e pardos enfrentam mais dificuldades na progressão da carreira, na igualdade salarial e são mais vulneráveis ao assédio moral.
Segundo o Atlas da Violência 2017, a população negra também corresponde à maioria (78,9%) dos 10% dos indivíduos com mais chances de serem vítimas de homicídios.

(Foto ilustrativa retirada do Google Imagem em 24.11.2017, às 08h12)

Para a diretora executiva da Oxfam, Kátia Maria, em entrevista à Carta Capital, o Brasil é um país que convive com uma desigualdade estrutural, especialmente em relação à questão racialDe acordo com o IBGE, mais da metade da população brasileira (54%) é de pretos ou pardos, sendo que a cada dez pessoas, três são mulheres negras.

De acordo com pesquisa realizada pela ONG britânica Oxfam, apenas em 2089, daqui a pelo menos 72 anos, brancos e negros terão uma renda equivalente no Brasil. Em média, os brasileiros brancos ganhavam, em 2015, o dobro do que os negros: R$1589, ante R$898 mensais. Ainda, 67% dos negros no Brasil estão incluídos na parcela dos que recebem até 1,5 salário mínimo (cerca de R$1400). Entre os brancos, o índice fica em 45%.

(Foto ilustrativa retirada do Google Imagem em 24.11.2017, às 08h12)

De acordo com os dados do Mapa da Violência 2015, elaborado pela Faculdade Latina Americana de Ciências Sociais, o feminicídio que é o assassinato de mulheres por sua condição de gênero, também tem cor no Brasil: atinge principalmente as mulheres negras. Entre 2003 e 2013, o número de mulheres negras assassinadas cresceu 54%, ao passo que o índice de feminicídios de brancas caiu 10% no mesmo período de tempo. Uma prova de que os avanços nas políticas de enfrentamento à violência de gênero não podem fechar os olhos para o componente racial.

As mulheres negras também são mais vitimadas pela violência doméstica: 58,68%, (dados do Ligue 180 - Central de Atendimento à Mulher, de 2015). Também são as mais atingidas pela violência obstétrica (65,4%) e pela mortalidade materna (53,6%), (dados do Ministério da Saúde e da Fiocruz).

(Foto ilustrativa retirada do Google Imagem em 24.11.2017, às 08h12)

As principais vítimas da violência no País são homens, jovens, negros e de baixa escolaridade. A população negra corresponde a maioria (78,9%) dos 10% dos indivíduos com mais chances de serem vítimas de homicídios, segundo informações do Atlas da Violência 2017, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Hoje, de cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. De acordo com informações do Atlas, os negros possuem chances 23,5% maiores de serem assassinados em relação a brasileiros de outras raças, já descontado o efeito da idade, escolaridade, do sexo, estado civil e bairro de residência. Portanto, Jovens e negros do sexo masculino continuam sendo assassinados todos os anos como se vivessem em situação de guerra, compara o estudo.

Pesquisa da Universidade de Brasília (UNB) constata que só 10% dos livros brasileiros publicados entre 1965 e 2014 foram escritos por autores negros, Essa mesma pesquisa também analisou os personagens retratados pela literatura nacional: 60% dos protagonistas são homens e 80% deles, brancos.

Enquanto que a pesquisa "A Cara do Cinema Nacional", da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, revelou que homens negros são só 2% dos diretores de filmes nacionais. Atrás das câmeras, não foi registrada nenhuma mulher negra. O fosso racial permanece entre os roteiristas: só 4% são negros.

O levantamento feito pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) considerou as produções brasileiras que alcançaram as maiores bilheterias entre 2002 e 2014. Dentre os filmes analisados, 31% tinham no elenco atores negros, quase sempre interpretando papeis associados à pobreza e criminalidade.

A crise e o desemprego também atingiu com mais intensidade a população negra brasileira: eles são 63,7% dos desocupados, o que corresponde a 8,3 milhões de pessoas. Com isso, a taxa de desocupação de pretos e pardos ficou em 14,6% - entre os trabalhadores brancos, o índice é menor: 9,9%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, no terceiro trimestre de 2017 o rendimento médio de trabalhadores negros foi inferior ao dos brancos: 1,5 mil ante 2,7 mil reais.

(Foto ilustrativa retirada do Google Imagem em 24.11.2017, às 08h12)

O levantamento Nacional de Informações Penitenciária revela que o Brasil abriga a quarta maior população prisional do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, da China e da Rússia. São cerca de 622 mil brasileiros privados de liberdade, mais de 300 presos para cada 100 mil habitantes. Mais da metade (61,6%) são pretos e pardos.
Diferente de outros países, a taxa de aprisionamento no Brasil não está diminuindo. Entre 2004 e 2014, o índice cresceu 67%. A taxa de superlotação por aqui também é maior: 147% no Brasil, ante 102% nos Estados Unidos e 82% na Rússia.

Portanto, ao ser comparado com as estatísticas, o racismo brasileiro, mantindo em três séculos de escravidão e muitas vezes minimizados pela branquitude nativa, revela-se sem meias palavras.

*Professor do CE Newton Belo, do Núcleo de Extensão e Desenvolvimento  da Uema (LABEX/UEMA), mestre em Estado, Governo e Políticas Públicas Pela Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais.  






















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