Análise Literária: BEIJOS MÁGICOS

Nossa Coluna

O belíssimo conto de Ana Maria Machado, intitulado de “BEIJOS MÁGICOS”, apesar de ser denominado para uma categoria de infanto-juvenil, passa também uma mensagem interessante e reflexiva para o leitor adulto.

Por se tratar de uma escritora moderna, traz também no seu conto uma história que trata de assuntos sociais, atuais e conflitantes, que é o caso do divórcio, onde muitas das vezes, com a separação dos pais, as crianças são condicionadas a viver com a mãe, ou com o pai, e, em certos casos, com os avós.

A narrativa nos apresenta algumas personagens, as quais quero destacar no sentido de um melhor entendimento. São elas: Nanda, Mãe, Pai, Avó, Bebel e Neném (e ainda o gato de Bebel).

Nanda é uma garota, filha de pais separados, que ao contrário de muitas crianças de cônjuges que se separaram, tem uma vida tranquila, normal e equilibrada; pois é uma garota feliz por receber amor e carinho dos pais e da sua avó paterna, com quem mora, e nos finais de semana passa com a sua mãe.

Todos viviam em função de Nanda, dando-a atenção, uma boa educação, e muitas das vezes, fazendo os seus gostos e os seus caprichos.

Ana Maria Machado faz uma narrativa onde as suas personagens, no caso a mãe e o Pai, embora não tendo a felicidade de viverem juntos, como quer a sociedade, conseguem ser felizes ao seu modo, cada um procurando viver a sua vida, e em momento algum do conto, deixam de cumprir com responsabilidade a função de educadores como pais. Talvez a escritora esteja querendo chamar a atenção de casais separados, que é possível, mesmo os cônjuges não viverem juntos, darem um exemplo de amor e harmonia entre os lares.

Mas no conto observei que o pai de Nanda conhece uma outra pessoa, de nome Bebel, com quem depois se casa, embora contragosto da menina, que achava a princípio que a nova companheira do pai era uma bruxa. O preconceito de Nanda até aí, penso que seja normal, pois nenhuma criança aceita logo de início, que seus genitores possam se apaixonar por outra pessoa, pois é natural de uma criança desejar que os pais vivam juntos e felizes para sempre, assim como fazem quando do juramento na hora do casamento.

No meu ponto de vista, o mais interessante do conto estava por vir, seria a atitude da personagem Bebel, que com uma paciência de Jô, tudo fizera para conquistar a confiança e o amor de Nanda.

A escritora Ana Maria Machado, no seu conto, a meu ver, quer passar para as crianças que vivem ou já viveram essa triste realidade, de ter pais separados, que é preciso buscar maneiras e saídas para que numa relação de pessoas adultas, uma criança inocente e indefesa não seja a vítima, a mais prejudicada por uma história ou um romance real que alguém um dia criou. A prova disso, é que a história termina todos felizes: Nanda ganhando um novo irmão; Bebel conquistando Nanda, e não tendo mais para essa a imagem de bruxa; A mãe que se casa com outro e parece também estar muito feliz. 

Uma história bonita, mas que foge muito à nossa realidade. E quem tiver o prazer de ler o conto, com certeza, irá concordar com a conclusão que estou fazendo.