quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Perspectivas para o Ano Novo

Coluna do Confrade Aldo Gomes


*Aldo Gomes

Há vários direcionamentos para esta palavra chamativa e contagiante que, de cara, traz um sentido agradável e, via de regra, promissor. Em rápidas olhadelas virtuais, dispensando conteúdos, encontrei alguns títulos semelhantes sobre o que me propunha discorrer. Este acima, pelo qual decidi, no seu visual é igual a tantos outros que se referem ao ano que desponta. Aliás, este verbo da primeira conjugação também serviria para compor o título que eu buscava. Refere-se apenas, não sendo, porém, um plágio, pelo menos intencional, ano novo, ou que fosse o ano que surge no horizonte; o ano que vem raiando.  

Perspectivas, na verdade, nestes dias recentes até o último dia do ano velho e os primeiros do ano novo não significam apenas uma palavra, uma grafia, mas uma companhia a nos instigar de maneira continuada, talvez não pela ansiedade, mas pelo desejo de realização de coisas novas e boas, que preencham lacunas nos sentimentos e vocações até mesmo das necessidades humanas mais próximas da pessoalidade e sua personalidade.

Renovamos a esperança a cada ano que passa e, ao falar isto, alguém já se adiantaria a sugerir que há, além de um período de 365 dias, um ano, que é o ciclo temporal mais utilizado em planejamento pessoal, familiar, institucional, o quadriênio, o quinquênio, o decênio, que norteiam os horizontes dos nossos planos. Nisto julgamos que no presente momento da nossa história, como já ocorreu em outros mais longínquos ou até mesmo próximos, os povos do planeta e do nosso país, ao menos nos últimos anos dos registros históricos, encontram-se em circunstâncias requeredoras do exercício dos nossos melhores dons ainda latentes no que tange à estima, exortação, consolação, tolerância, benignidade e amor ao próximo. Aliás, em conversas ocasionais ou às vezes protocolares, mais nas primeiras, costumamos dizer com fundamento, que um dos grandes causas males que assolam a humanidade é a falta de amor ao próximo. Nesta progressão torna-se fácil a cada um entender esta verdade. No entanto, para ajudar a quem queira se deter um pouco mais nestas conjecturas, lembramos que pela falta de amor ao próximo, como se fosse algo natural e ético ao homem, ele luta até a exaustão para concentrar, em seu poder, para si e sua família, tudo o que lhe proporciona conforto, luxo e bem estar, chegando muitas vezes a conquistar tudo isso - honrosamente ou não - com tamanha sobra, que a diferença, ou seja, aquilo que lhe é suficiente para manter um alto padrão de vida e o que o indivíduo acumula a título de “reserva ou segurança”, daria para suprir as necessidades básicas de centenas, milhares ou milhões de famílias que vivem em situação de penúria e muitas morrendo à míngua, fato comum em países africanos, entre outros. Reforçando um pouco mais, já me desculpando perante quem achar desnecessário, sobras são coisas que após a satisfação das necessidades básicas e até convencionais do ser humano, são mantidas em seu domínio como método de viabilizar a tal segurança material e pessoal, familiar, não raras vezes movida pelo simples prazer de acumular, de ostentar, de demonstrar poder e, nunca declarada, mas inconfessavelmente, expor diante de todos, até com “humildade”, os frutos colhidos em razão de qualidades incomuns do, digamos, insaciável arrebanhador de riquezas e supérfluos de altíssimo custo. Quando alguém assim o faz, torna-se concentrador contumaz e egoísta, escasseando os benefícios básicos para uma maioria que deseja ter um padrão de vida modesto, porém justo.

Está muito claro aos olhos de todos que o mundo passa, nos tempos recentes, por transformações tão fortes e com tanta rapidez, que às vezes fica difícil à mente humana processá-las na mesma velocidade. Mais difícil ainda seria para nós entender prontamente ou imaginar com exatidão como os povos, em cada continente e região, zona demográfica ou locais específicos estão digerindo as mudanças geopolíticas, culturais e sociais, considerando seus conceitos, princípios, cultura, educação, religiosidade, hábitos e costumes que, acredito, têm como desafio diante desta dinâmica regional e mundial manter o status quo, usando aqui este termo de origem latina, isto é, manter um estado de coisas relativas ao cotidiano até o momento assimilado e vivido, portando aprazível em uma determinada sociedade e, em termos médios, na sociedade como um todo, visto que o modus vivendi de cada povo, sem querer abusar dos termos de origem latina, satisfaz internamente seu jeito de viver e não entra em conflito com o mundo exterior, de sorte que todos vivam em harmonia. Um dos desafios a que me refiro seria um povo ou uma sociedade com seu modo de vida pré-definido naturalmente e em bom ou razoável funcionamento, de repente ter que lutar com as armas que estiverem ao seu alcance, a começar das pacíficas, como as mobilizações sociais na intensidade e frequência necessária, contra interferência interna e/ou externa adversa.

Invocando parâmetros básicos de natureza humana, desconsiderando as influências de “lideranças”, em si, que não condizem com os desejos e gostos da totalidade dos cidadãos de uma nação, falando desta dimensão federativa, julgo que os povos de cada região considerada do planeta, incluindo nosso país, como princípio basilar e afeito à natureza do ser humano, independente do querer de outrem, guarda como ponto de honra pessoal, especial e inviolável o direito de viver da forma como lhe foi possível estabelecer e incorporar, segundo suas vocações, desejos e autodeterminação conciliáveis com o meio social onde vivem e exercem seus direitos e deveres, de maneira a sentir-se bem. Uma vez tendo que enfrentar ameaças de agentes estranhos contrários à sua vontade e natureza o indivíduo, sem que o desejasse, sente-se em um campo melindroso, ingrato e inflamável, tendo que levar em conta um quadro jamais pensado em que se vê como um ser acuado no interior de seu próprio habitat, obrigado a usar de todas as suas habilidades e  sabedoria acumulada para vencer tais ameaças e continuar vivendo e lutando pela subsistência digna, portanto factível e aceitável. Óbvio que um insucesso nesse enfrentamento representaria a infelicidade, estado de vida mais indesejável e temido por todos.

Vislumbramos para todos os povos da terra, a partir de nós, um futuro resultante da vitória da sua autodeterminação como fruto da luta ferrenha contra os também seres humanos, embora não muitos, que por uma espécie de disfunção psicossocial, acham-se no direito de decidir como seus semelhantes, sob sua ótica meros viventes sobre a terra devem existir, e que estes devem negar-se a ter vontades, gostos, aspirações, movimentos próprios, projetos e sonhos. No entanto, felizmente, os que não aceitam anularem-se a si mesmos, a maioria, têm vencido estes insalubres e robóticos desafios, dando sequência à vida com suas idas e vindas; seus recuos e progressos, porém com liberdade para lutar; exercitando os dons e habilidades com direito a errar, mas a acertar, podendo ir e vir; empreender e realizar desejos sem excentricidades entre os prudentes.

O Ano Novo, 2019, será um marco temporal definidor e confirmador do caráter prevalecente do homem e consequentemente dos povos. Seria uma tentativa inepta afirmar ou insinuar que há unidade e uniformidade de pensamento entre as populações do planeta. Pelo contrário, há blocos econômicos, políticos, sociais com objetivos guardados ou às vezes declarados, exercitando e buscando mais poder e algum busca poder absoluto, intentos estes alimentados pela vaidade e complexos de superioridade, não sendo isto causa única. Dissensões e divisões foram criadas e estabelecidas para facilitar o domínio sobre os povos. Células o fazem em nível regional, outras no continental, mas todas se engrenam e se ligam a um corpo maior, entocado em recanto estratégico do planeta. Uma reação surge e todos percebem, quando parcelas médias ou grandes das populações começam a se dar conta deste fato que até então não incomodava grandemente. No presente texto citamos palavras que parecem hostis, como armas, enfrentamentos, reação, mas convém frisar que isto não implica o que parece literalmente, ao pé da letra, e sim em métodos utilizados pelo homem, que já ostenta como item de série o pacifismo, para se defender e garantir a continuidade de uma vida salutar para si, sua família, seu semelhante até.

Há coisas que se podem adiar, protelar, tergiversar por algum tempo, outras não. Virtudes como boa fé, amor fraternal, cooperação, compreensão, perdão, gratidão, compartilhamento e dezenas de outras neste sentido não são apenas acessórios correndo por fora na corrida pela vida, mas ingredientes fundamentais para uma vida de verdade e não de aparências. Todos, sem exceção, aqui, lá fora, sem importar crenças, ideologias, etnias, cor da pele, gênero, patamar econômico, grau de instrução e coisas afins, vivemos momento ímpar na história local, regional e mundial em que ou nos desprendemos de algumas vontades próprias extravagantes e descartáveis e vitupérios vagos ou inviabilizaremos a vida em todos os contornos geográficos na belíssima Terra, obra inconteste da Onipotência, da Onisciência e Onipresença de Deus, nosso Criador e de todas as coisas. Assim, é tempo de cair em si, de notar-se, de analisar-se e deixar que aflorem as virtudes que todos temos, pondo-as em benefício da vida em sua melhor forma e conteúdo. Tais coisas são grandiosas e estão acima de pessoas, líderes de todas as dimensões e ídolos que possamos ter criado. Pessoas comuns ou líderes são figuras gratificantes e importantes no seio de um povo, desde que considerem tudo o que dissemos sobre sua dignidade, importância e autonomia, valorizando homens e mulheres individualmente ou em grupos sociais. Do contrário devemos descartá-los. Melhor que vivam sozinhos, no ostracismo, convivendo com suas próprias excentricidades, que alimentá-los ou empolgá-los para que nos destruam. Todavia torcemos pela remissão deles em tempo hábil.

O nosso país, potencialmente um dos, senão o mais próspero do mundo pelas riquezas naturais contidas sobre e sob o seu rico solo, a saber, vegetais e minerais, possui todas as condições de tornar-se uma das primeiras grandes potências mundiais nas áreas econômica, científica, bélica pela sua posição estratégica na geografia global e promover o desenvolvimento e bem estar do seu povo. Para tanto os governos nos três níveis, encabeçados pelo mais alto, o federal, a partir do presente momento devem mudar radicalmente sua postura de entreguismo das nossas riquezas naturais e descompromisso com a qualidade de vida do nosso povo e, junto à sociedade e seus segmentos competentes adequar as leis, legislações e instituições a uma nova realidade, visando o aproveitamento pelo processamento e industrialização dos minerais como o ouro, o diamante, o nióbio, o grafeno e uma infinidade de outros de altíssimo valor e importância no âmbito global. Como exemplo o nióbio, contido em sua quase totalidade mundial no Brasil (98%) e que está sendo vendido a preço de banana em final de feira para China, Japão, Estados Unidos e mais alguns, em ordem decrescente de quantidade exportada. Se doravante o governo brasileiro criar _ e isto não é da noite para o dia _ estrutura adequada e necessária, falando ainda apenas dos minerais, para processar e industrializar estas valiosíssimas matérias-primas em produtos finais, agregando valor a elas e distribuir de forma justa os resultados econômicos a favor dos que mais precisam e até agora não tiveram oportunidade, deixará de existir pessoas e famílias em situação de pobreza extrema no país. Eu me atrevo a criar o termo “pobreza digna” em vez de extrema. Poderia gerar polêmicas, mas chegaríamos a uma compreensão lógica.

Concluindo e chamando para o raciocínio central do texto, em nosso modesto poder de discernimento as perspectivas dos brasileiros para o ano novo são as melhores possíveis, tão claras e patentes que, aqueles que porventura torcem contra sentir-se-ão envergonhados e pelo menos é possível que fiquem quietos e o Brasil, vivendo um grande momento de sua história, iniciará um processo de desenvolvimento que o colocará no lugar de destaque e de honra que seu povo merece.


*Engenheiro Agrônomo Aged – Pedreiras; membro da Academia Pedreirense de Letras - APL.























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