quarta-feira, 28 de agosto de 2019

O MITO DO MITO

Coluna do Dr. Alexandre Assaiante

O Dicionário Aurélio define mito como sendo algo ou alguém cuja existência não é real ou não pode ser comprovada. É uma narrativa de teor fantástico e simbólico, normalmente com personagens ou seres que incorporam alguma força, às vezes da natureza.

(Imagem ilustrativa retirada do Google Imagem, em 28.08.2019, às 09h23)

Entendido isso precisamos dizer que os mitos foram, sem dúvida, os alicerces para a constituição do nosso presente. Na verdade, surgiram como uma forma de suprimir o medo subconsciente do ser humano do desconhecido e explicar a origem e a forma das coisas.

(Imagem ilustrativa retirada do Google Imagem, em 28.08.2019, às 09h25)


No entanto, às vezes, apesar de “mitológica” essas forças podem ser reais, vide o caso da mitologia africana, onde os grandes senhores e senhoras, deuses, orixás, se fazem vivos e presentes na vida de quem neles acredita. Eles existem, são fortes e de mito não têm nada. De imaginário, só na cabeça de quem não verdadeiramente os conhecem e sentem. 

(Imagem ilustrativa retirada do Google Imagem, em 28.08.2019, às 09h29)

Oxum reina no rio e na vida de muitos/na minha. Xangô é fogo, é vulcão e protege os seus/a mim. Oxóssi é o caminho de quem acredita nele e assim são todos os outros. Cada um dentro do real e fantástico mundo que domina.


Em contrapartida, existem os mitos que personificam os piores sentidos da palavra. São ilusórios, fantasiosos, pesados, cruéis, são ruins e melhor fosse que fossem irreais. Pena que não são. Com seu poder ou então com um simples bravejar, destroem, corrompem, amedrontam, fascinam os seus devotos, que as vezes votam, e assustam.

Quando se cria um mito se cria um deus, mas esse deus nem sempre é bom e justo. O endeusamento de algo ou alguém geralmente nos deixa cegos, bitolados, apaixonados e deslumbrados com coisas que nem sempre representam o que de fato queríamos que representasse, mas que por carência ou sentimento de orfandade, acabam criando vida própria.

Cristo não foi mito, foi de verdade e mudou, por amor o que deveria ser mudado (ou pelo menos ensinou a forma de fazer). Gandhi, Buda, Madre Tereza de Calcutá, irmã Dulce e tantos outros, não foram mitos e talvez por isso tenham deixado na história do mundo o seu legado de paz, equilíbrio e PROGRESSO.

(Imagem ilustrativa retirada do Google Imagem, em 28.08.2019, às 09h37)

Fernando pessoa disse que o mito “torna suportável a insuportável realidade”, mas ele não disse que o mito é o que resolve, de forma concreta, os problemas que existem, logo, concluo que ele, o mito, PODE ATÉ ENGANAR, MAS NÃO SOLUCIONA NADA.

Essa forma de se apresentar tira o foco do que realmente é necessário ser visto. Ela camufla a verdade e tenta se mostrar como a única resposta a ser seguida (ledo engano). O mito não aceita ser contestado, nem entrar no debate, pois se for, rapidamente confirmará ser apenas uma falácia, uma personificação do que não é concreto e que iludiu pelos ouvidos os mais desesperados com a realidade.

(Imagem ilustrativa retirada do Google Imagem, em 28.08.2019, às 09h43)

Ainda que eu seja emoção e por hora puro sentimento, eu gosto da racionalidade, sobretudo quando preciso tomar uma decisão em relação à vida do outro. É muita responsabilidade para se agir em cima do irracional, do mitológico. Gritar nem sempre dá conta. É preciso destrinchar o problema, como sugere Descartes em o Discurso do Método, e agir.

A nossa carência social e afetiva é tão grande que as vezes acreditamos em quem se diz ser um mito, ainda que reconheçamos a sua ineficiência em fazer. Agindo assim, permitimos que a história comece errada do começo, pois nos rendemos ao irreal, ao inaplicável, ao não dito, ao inexistente.

(Imagem ilustrativa retirada do Google Imagem, em 28.08.2019, às 09h39)

É por conta disso que eu acredito que o mito que a gente esteja vivendo nesse momento seja na verdade o mito da CAVERNA DE PLATÃO, onde o belo e real, esteja do lado de fora, não aqui dentro de onde estamos agora.

(Imagem ilustrativa retirada do Google Imagem, em 28.08.2019, às 09h23)

Imagino também que a CAIXA DE PANDORA foi aberta, mas me acalmo por saber que ela, mesmo depois de ter impregnado a humanidade de dor, ódio, perseguição, condenação, doença, guardou lá no fundo, apesar de todos esses males terem sido soltos, a ESPERANÇA. Bendita esperança que está bem guardada no mais fundo dos nossos corações e nos dá ânimo para nunca desistirmos de expulsar as coisas más de nosso caminho.

Viva a esperança! Esse sentimento tão lindo que sempre nos faz crer... QUE O MELHOR SEMPRE ESTÁ POR VIR.
É isso.

Alexandre Assaiante é advogado, especialista em Direito Público e em Gestão Pública Municipal. Foi Assessor de Orientação Jurídico-Administrativa da Defensoria Pública Geral do Estado do Maranhão; Assessor Jurídico do Controle Interno da DPE/MA; Assessor Especial do Poder Executivo de Pedreiras e hoje está servidor do Ministério Público do Estado do Maranhão. Na OAB/MA foi Presidente da Comissão de Diversidade Sexual e há 6 anos é presidente de Associação Renascer – Amigos da Vida, fundada em 2005 por Lorinha Assaiante, sua mãe.



















3 comentários:

  1. Parabéns Dr. Alexandre pela excelente análise. Tua inteligência é fascinante. Sou um grande admiradora de seus escritos.

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  2. Linda matéria, uma aula de história, filosofia e sociologia. Esse rapaz é mesmo admirável e muito inteligente. É outro nível, tem credibilidade e moral sobre o que fala. Esse sim, eu leio na íntegra.

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  3. Também li nas "entrelinhas".

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