BUSCANDO O EQUILÍBRIO ESPIRITUAL
Entre o bem que se almeja e o mal que se pratica
(Foto: Joaquim Filho)
“Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu
continuo fazendo.” (Rm 7.19 NVI).
Não és bom e nem mal; és triste e humano...
Vives ansiando em maldições e preces,
Como se, a arder no coração tivesses
O tumulto e o clamor de um largo oceano.
Pobre, no bem como no mal padeces;
E, rolando num vórtice vesano,
Oscilas entre a crença e o desengano,
Entre a esperança e desinteresses.
Capaz de horrores e ações sublimes,
Não fica da virtude satisfeito,
Nem te arrepende, infeliz, dos crimes:
E, no perpétuo ideal que te devora,
Residem juntamente no teu peito
Um demônio que ruge e um deus que chora.
(Olavo Bilac, 1865-1918).
(Foto ilustração retirada do Google Imagem em 16.06.2020, às 6h21)
As declarações são de dois homens completamente distintos, a não ser pelo fato de serem dois homens. Motivo pelo qual, ao se ler as declarações, todos encontram identificação com elas. O eu poético, do poema de Olavo, mesmo não se caracterizando como um fervoroso cristão, sentia, como todo homem, dentro de si a luta do bem contra o mal, da virtude contra o desvirtuamento, da razão benfazeja e do prazer deletério. Mas o que esperar de um simples pecador? Todavia, o maior de todos os apóstolos, aquele que viu e ouviu o que não é digno de mencionar ao mortal, declara: “Pois o que faço, não entendo; porque o que quero, isso não pratico; mas o que aborreço, isso faço.” (Rm 7.15).
Calma! Não se trata de um caso perdido. Há uma abissal diferença quando um homem impenitente declara que lamenta pelos seus pecados e quando um abnegado servo do Senhor declara a mesma coisa. O primeiro provavelmente expressa o real estado de seus sentimentos, mas não conseguirá, nem de longe, entender o significado da declaração do segundo.
Consideremos os fatos:
Todos os homens enfrentam a guerra das decisões morais, tendo que decidir de forma contínua entre a justiça e a injustiça, o certo e o errado, o bem e o mal. O que já escolheu ser discípulo de Cristo precisa decidir se permanece nEle, ou se retorna ao velho estado de considerar-se senhor de si mesmo. Permanecendo em Cristo necessitará escolher entre praticar todos os ensinamentos do Senhor, ou, se só alguns, ou ainda, se fingirá em obedecer ou obedecerá sem vacilação.
Na busca de ser, efetivamente o que se deseja ser, haverá sempre o exercício que transforma desejos e aspirações em hábitos transformadores Outro fato, consiste na realidade espiritual influenciada pela corrupção pecaminosa na qual se vive, aonde o bem é praticado com grande esforço e o mal sem esforço nenhum. Assim, é preciso aplicar grande esforço para construir uma vida piedosa e justa, porém facilmente se encontrará brilhantes desculpas para justificar o abandono de atitudes justas e piedosas.
Voltando para as declarações iniciais, pergunte-se: por que o grande apóstolo Paulo não escondeu seu fracasso para conservar a aparência de um cristão superior? A evidente resposta é: Paulo buscava a conservação do avivamento pessoal, e isso passa por uma fé não fingida; um arrependimento verdadeiro para todas as vezes que se deixa de fazer o que se deve, levado por qualquer motivo, por mais bem justificado que ele possa parecer; e finalmente, pela ação firmada na fé, que Deus fará triunfar, o que assim procede, sobre todo o pecado.
Portanto, reaja enquanto é tempo, jogue fora o fingimento, abandone todas as excelentes desculpas que te leva a deixar de fazer o que é necessário. Destrua o mal hábito de tentar fazer tudo que é urgente e construa o de fazer, o que de fato, é importante.
Walberto Magalhães Sales
Pastor Presidente da Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pedreiras; Bacharel em Teologia, Mestrando em Ministério Cristão; Licenciado em Letras, Especialista em Tecnologias Aplicadas a Educação e Educação à Distância; Pós-graduando em Administração Pública e Gestão Estratégica.
Se o importante, antes mesmo do cuidar da alma para entrar no paraíso, que já considero egoísmo,for o necessário para o conforto e bem estar, seu e do próximo, idependentemente, de uma esfera metáfísica. Aplausos ao texto.
ResponderExcluirE como bem lembrado pelo Pastor, se bem entendi, viveremos sempre confrontado-nos com o bem e o mal, na construção de uma moral, possível, para uma convivência de civilidade, respeito e solidariedade. E que, cada um, dentro de suas crenças, princípios e conhecimentos, some para essa edificação humana.