sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Pedreirenses Pelo Mundo: Coluna do Carlos Augusto Martins Netto.

 LOUCURA TOTAL

Por Carlos Augusto Martins Netto - Servidor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Farmacêutico, Escritor e Poeta.

O mundo é mesmo repleto de mistérios, mas eu gosto de falar que ele é feito de loucuras. São as loucuras que nos dão a exata medida da vida que vivemos. São elas que nos presenteiam com as lembranças mais doces e mais intensas. Nunca esquecerei a sensação de prazer e descoberta quando, desobedecendo às ordens de minha mãe, dei a volta no quarteirão de bicicleta acompanhado por vários amigos durante um animado banho de chuva. Isso para não falar das escapadelas — escondido, é claro! — para banhar no rio. Essas loucuras são os retratos do nosso passado e devemos cuidar delas com carinho. Guardá-las numa caixa bem segura e colorida, mas também espaçosa para que caibam todas as histórias loucas que poderão ser contadas a partir de uma vida intensamente vivida.

(Rio Mearim em Pedreiras-MA. Foto Pinterest. Retirada da Internet em 26.02.2021, às 13h)

Sim, essas loucuras são prazeres que todos nós gostamos de rememorar, porém, a loucura sobre a qual quero falar é outra. Refiro-me àquela de vermos aquilo que, de fato, não vimos. Que loucura! Parece conversa de bêbado, e bem que poderia ser. Vermos algo e não vermos... com certeza é conversa de bêbado!

Ao nascermos, nossos olhos se abrem para o mundo e iniciamos o deslumbramento inconsciente. Extasiamo-nos com as belezas que passamos a enxergar. Também passamos a perceber as imagens daquilo que, até então, sempre fora som. Explico-me: a chegada ao mundo é tão marcante que choramos ao respirarmos ar pela primeira vez e nos acalmamos no aconchego cálido do peito de nossas mães... e o som das batidas do seu coração nos avisa que estamos em terreno seguro. E, ainda por cima, vem um brinde que consiste em dois braços que nos mostrarão, para o resto de nossas vidas que ali também é lugar seguro. Mas, que lugar é esse que tem esses sons tão familiares? — nos perguntamos. E nossos olhos nos presenteiam com a imagem daquilo que há tanto tempo já conhecíamos e que, dali em diante, nos acompanhará sempre em nossas vidas. Sim, essa imagem que marcará profundamente nossa existência e nos dará exemplos concretos de abnegação e entrega: nossas mães. Não é uma verdadeira loucura nunca a termos visto e nos acalmarmos só de ouvir as batidas do seu coração?! Nossa primeira e mais fiel companheira, aquela que esteve conosco desde aqueles tempos líquidos.

(Mulher amamentando criança. Foto ilustrativa fonte Frossard Galeria, retirada da Internet em 26.02.02021, às 13h06)

Os cientistas já comprovaram que nossos olhos nada veem. Que loucura! Mas é isso mesmo, eles nada mais são do que a porta de entrada das impressões que luzes e sombras irão produzir em nosso cérebro; essa máquina assustadora que tem funcionalidades ainda não descobertas — e olha que o povo tem tentado! Além disso, já provaram que com o passar do tempo a nossa visão, na imensa maioria das situações, nada mais é do que associações. Ou seja, quando olhamos para um determinado cenário, o cérebro completa a imagem com algo que ele já tenha guardado em seu arquivo. É por isso que nos enganamos, por exemplo, com a leitura de determinadas palavras, principalmente se as grafias se assemelham. Antes de terminarmos de lê-la, o cérebro já completa com as informações contidas no seu HD. Isso mesmo, de vez em quando o nosso cérebro funciona igual aos corretores dos celulares e nos pregam muitas peças. E nós nos admirando com o progresso da tecnologia. Acorda, inocente!

Contudo, há loucuras que, mesmo marcando nossas vidas, não nos trazem prazer, pelo contrário, levam-nos a um estado de ansiedade incompatível com o bem-estar. Assistir filmes de terror para tomar susto e se amedrontar com personagens e situações que sabemos não serem reais é um bom exemplo disso. Ah, como gostaria que muitos personagens que encontro no dia a dia ou de quem ouço falar nos noticiários fossem levados para dentro desses filmes e de lá não pudessem sair nunca mais! Já pensaram nessa loucura? Pois é...

Foto ilustrativa Pinterest. Retirada da Internet em 26.02.2021, às 13h11)

De loucura em loucura, fico matutando cá com meus botões que esse povo é mesmo louco, pois ficou até agora comigo me ouvindo falar de loucuras. Povo doido, vai entender. Talvez porque o mundo ande tão doido que falar de loucura seja algo interessante. Mas a parte da mãe é doideira, mesmo. Mas por aqui tem de ter, também, coragem. Pois, então, vamos ter a coragem de sermos loucos apaixonados pela vida, por gentes e livres de preconceitos.






























Nenhum comentário:

Postar um comentário