Conversa de Confrades: Dr. Allan Roberto comenta ao nosso texto publicado hoje nas redes sociais!
"O que dizer diante de tantos óbitos por Covid-19? Secaram as lágrimas e expressar o sentimento de pesar ficou monótono diante do grande número de perdas. A todo instante uma notícia de alguém conhecido ou um ente querido que parte, sem podermos nos despedir ou quem sabe vê-lo pela última vez para dizê-lo um adeus." Joaquim Filho Ferreira.
Refletindo nessas belas, verdadeiras e oportunas palavras desse meu célebre confrade, é lamentável constatar que o Covid, de forma surpreendente, já se faz figura comum no cotidiano das pessoas e banalizou a morte e a dor entre nós.
Nessa madrugada, eu de plantão numa UTI Covid, olhava reflexivo para 03 (três) leitos ocupados por 03 (três) homens jovens, entubados, cheios de fios, eletrodos, punções venosas, edemaciados, deformados, seminus, sedados, alheios ao mundo, ausentes dos que amam e dos que os amam; e que muito possivelmente sairão dali dentro de sacos mortuários, sem direito a mortalhas, amarrados de punhos e tornozelos, bocas e narinas obstruídas com gazes, para serem entregues ao familiares em urnas funerárias vedadas e proibidas de serem abertas, recebidos aos prantos por ente queridos machucados e em prantos, sem direito a velar quem amam, para um sepultamento frio e desprezivo.
E horas ou minutos depois já se tem a notícia de outra morte de alguém querido e próximo. E, então esquecemos da dor daqueles que estão de coração sangrando porque acabaram de sepultar o seu amor. E de morte em morte, de dor em dor, ninguém sente mais a dor do outro... Estamos anestesiados de tanta dor.
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