sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Coluna do Carlos Augusto Martins Netto.

 O amor por onde se ame.

Por Carlos Augusto Martins Netto - Servidor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Farmacêutico, Escritor e Poeta.

Escrever crônicas é algo libertador. Sim, isso mesmo. Porque temos a oportunidade de expor o nosso olhar a respeito dos vários cenários que se descortinam à nossa volta e, também, de mostrar a todos como enxergamos o mundo em que vivemos e como gostaríamos que ele fosse. A clareza do presente aliada ao desejo incontrolável do futuro são pérolas preciosas de um colar que devemos presentear a quem amamos.

(Foto ilustrativa por Dreamstime, retirada do Google Imagem em 24.09.2021, às  06h16)

A música — sempre ela! — é um catalisador importante para a prática da empatia, uma das ferramentas cruciais para a percepção dos diversos cotidianos que nos rodeiam e, portanto, não nos fecharmos em nosso mundo próprio, a despeito de todos os outros que coexistem com o nosso. E a música é muito competente para realizar tal tarefa. Quem nunca ouviu o ditado popular de que música e perfume nos fazem recordar de lembranças que pensávamos perdidas? Pois é, e quando ela fala de amor, descortina um universo de possibilidades.

(Lupicínio Rodrigues/Foto TVE, retirada do Google Imagem em 24.09.2021, às 06h08)

Lupicínio Rodrigues, o rei da dor de cotovelo, em Matriz ou Filial diz: “... afinal, se amar demais passou a ser o meu defeito...”; como assim? Amar é defeito? Acho que não. Defeito é quando amamos tanto o outro que nos esquecemos de amar a nós mesmos e, a partir daí, começamos a apagar aquele brilho que tanto lhe encantou.

(Silvinho/Foto Rádio Web Juazeiro, retirada do Google Imagem em 24.09.2021, às 06h13)

Por outro lado, o amor é algo com que não se deve brincar. A sua entrega é sinal de que os amantes estão se desnudando completamente para a vivência de momentos eternos. Quando ocorrem os desvarios, dá-se o que vemos na música “Esta noite eu queria que o mundo acabasse”, lindamente interpretada por Silvinho: eu fiz sofrer a quem tanto me quis, fiz de te meu amor infeliz, essa noite eu queria morrer...”. Infelizmente, quando se trata o amor com leviandade a consequência é exatamente a já desejada na música.

(Mário Lago, Notícias da TV - UOL, imagem retirada do Google Imagem em 24.09.2021, às 06h22)

O bolero é um gênero musical que se consagrou por falar de amor, principalmente aqueles não correspondidos ou que a falta de zelo tratou de deixá-lo à margem da vida comum dos parceiros É exatamente o que ocorre em “Fracasso”, um belo bolero do queridíssimo Mário Lago que inicia dizendo “Relembro, sem saudade, do nosso amor, do nosso último beijo e último abraço...”. A letra trata de um parceiro que não soube viver o amor e que, por isso mesmo, vivenciou o seu fracasso. São lamúrias que desembocam na constatação “... fracasso, afinal, por te querer tanto bem e me fazer tanto mal”. Mais uma vez os excessos matando o amor de morte matada.

(Nelson Gonçalves, por Diário de Pernambuco, imagem retirada do Google Imagem em 24.09.2021, às 06h25)

Mas os boleros têm exemplos de amores lindos e plenos. Quem não lembra de “Lembranças” eternizada no belíssimo dueto entre Nelson Gonçalves e Martinho da Vila? Um amor lindo, sim. Porque amores lindos não são somente aqueles que duram por toda a vida, mas aqueles que deixam marcas inesquecíveis do quanto ele foi bom: ‘Lembro um olhar, lembro um lugar, teu vulto amado, lembro um sorriso e um paraíso que tive ao teu lado...”.

(Roberto Carlos, por Cidade Verde, imagem retirada do Google Imagem em 24.09.2021, às 06h28)

Por fim, me vem à mente que o amor não é exclusividade dos boleros, outros estilos também o eternizaram. “Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras não sei dizer como é grande o meu amor por você”. O Roberto — gostaram da intimidade? — é um mestre e um cavalheiro quando fala do amor, na minha humilde opinião. A infinitude do amor é algo que explode no cotidiano dos amantes, fato enxergado e eternizado por Vinícius de Moraes: 

(Vinícius de Moraes, por Britannica Escola, imagem retirada do Google Imagem em 24.09.2021, às 06h31)

“Eu posso lhe dizer do amor (que tive) / Que não seja imortal, posto que é chama / Mas que seja infinito enquanto dure”. Amar, verbo intransitivo, eternizou o modernista Mário de Andrade.





















Um comentário:

  1. Parabéns ao poeta e ao Blog pela beleza das postagens.
    Orgulho de um pedreirense!
    Grande abraço
    Emanuel Martins

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