domingo, 1 de maio de 2022

PEDREIRENSES PELO MUNDO: Coluna do Allan Roberth

 102 ANOS DA PRINCESA

“LINDA PEDREIRAS NOBRE SOLO ABENÇOADO, PUJANTE FORÇA DESSE ALTIVO MARANHÃO. ABRISTE O SEIO AO NORDESTINO AMARGURADO E AO RETIRANTE TU ABRAÇASTE COMO IRMÃO. RUMO AO FUTURO TU CONSTRÓIS TEUS IDEAIS E A TUA GLÓRIA E O TEU VALOR NÃO TERÃO FIM. TENS COMO LEMA; HONRA E TRABALHO. TU ÉS PEDREIRAS, PRINCESA DO MEARIM.”

Este belo e bem construído refrão do hino oficial da nossa querida Pedreiras, sintetiza as características ontológicas dessa terra valorosa que no último dia 27 completou 102 anos de emancipação política e que se tornou uma cidade polo e referência na região do médio Mearim.

Sentimentalismo à parte, venho aqui através das minhas singelas e humildes palavras homenagear essa cidade que me viu nascer e onde vivi ininterruptamente 18 anos da minha vida e onde estão minhas raízes, meu cordão umbilical jamais partido.

Falar de Pedreiras e sua história nos remonta ao final do século XXIV de onde se retira os primeiros registros da existência de grandes fazendas de gado e quilombos e onde, segundo os anais da igreja católica no ano de 1878 se realizou o primeiro festejo em homenagem ao santo padroeiro, São Benedito, devoção advinda das pessoas escravizadas que habitavam a região.

Claro que anterior aos registros, há os relatos de que os primeiros habitantes, como não poderia deixar de ser, seriam os índios “Pedras Verdes”. O enorme bloco de pedra existente na margem esquerda do Rio Mearim, intitulado “Pedra Grande”, “Itá guaçu” na língua tupi ou ainda a etnia indígena acima mencionada são as possibilidades para o nome “Pedreiras”.

A pequena vila logo se desenvolveu e graças às terras férteis banhadas pelo valoroso rio que servia de caminho para as embarcações e que traziam desenvolvimento num Maranhão ainda escasso de acessos rodoviários.

Então, em 27 de abril do ano de 1920 foi elevada à categoria de cidade e a partir de então se firmou entre as mais importantes cidades maranhenses. As grandes secas que atingiram o nordeste brasileiro nessa mesma década trouxeram a Pedreiras grandes levas de migrantes sertanejos que encontraram no “Vale do Nilo” maranhense um refúgio e oportunidade de crescimento.

Cearenses, em maioria; piauienses, pernambucanos, alagoanos e paraibanos; foram os irmãos nordestinos com maior presença em solo pedreirense e que ajudaram a construir essa cidade com forte vocação para a agricultura, pecuária e o comércio. Em meados do século XX, a região foi uma das maiores produtoras de arroz e banana do estado, e grande exportadora de amêndoa de babaçu.

Sofreu e sofre ao longo do tempo o seu maior flagelo quando nos meses da estação chuvosa é invadida pelas águas do Rio Mearim desalojando sua população e causando grandes transtornos à vida e economia do município. Ressaltamos aqui a enchente de 1974 considerada a maior de todas e a mais recente, em 2009 quando o nível do rio atingiu a incrível marca dos 10 metros acima do leito.

A recente história do município nos recordam fatos interessantes, tristes, memoráveis e importantes. Recordarei aqui alguns deles que estão na memória do nosso povo e se tornaram marcas indeléveis da nossa cidade. 

Dos anos 80 em especial, recordamos a construção da barragem do Rio Flores, afluente do Rio Mearim, com o intuito de conter as cheias. Essa construção movimentou a cidade de Pedreiras que era a base de apoio aos operários, engenheiros e administrativos das empresas CBPO e Odebrecht construtoras da referida barragem.

O fatídico dia 15 de junho de 1984 quando a antiga ponte que fazia a ligação do centro da cidade ao bairro da Trizidela caiu, isolando o bairro e o acesso a outros municípios da região. A tragédia deixou um saldo de três mortes; um garoto da rua da Golada, a estudante Andréia Vale, moradora da rua do Tamarindo e do professor João Martins, cujo corpo jamais foi encontrado.

Ainda dessa década, destacamos a inauguração da Radio Cultura de Pedreiras, que se tornou importante veículo de comunicação da região, funcionando na frequência AM e que trouxe à cidade entretenimento, informação e relevantes serviços.

Ainda final dos anos 80, o protagonismo feminino tomou vultos quando foi eleita a primeira prefeita da cidade, a Sra. Graça Melo, esposa do saudado Dr. Carlos Melo que governou a cidade de 1989 a 1992.

A década de 90 ficou marcada pela polêmica divisão entre Pedreiras e o antigo bairro da Trizidela que emancipada aos 10 dias de novembro de 1994, tornou-se município. A divisão de fato ocorreu apenas na esfera politico-administrativa, pois as duas cidades constituem-se uma, numa simbiose autêntica de um povo e cultura.

No ano de 1996, mais precisamente em 06 de dezembro, Pedreiras calou a assistiu o voo definitivo do Carcará que rumou ao infinito deixando triste o torrão amado, cantado em versos e prosas por seu mais ilustre filho, João Batista do Vale, o maranhense do Século XX.

O esplendor do novo milênio trouxe para Pedreiras importantes conquistas especialmente no campo da educação onde se destaca o pioneirismo da educadora Aldenora Veloso, proprietária e fundadora da Faculdade de Educação São Francisco – FAESF que junto com o Polo da UEMA, do IFMA e as recentes, Faculdade de Educação Memorial Adelaide Franco – FEMAF e do Instituto de Educação de Pedreiras – IPEDE, transformaram a cidade em importante celeiro educacional.

A cidade se destaca ainda na área da cultura. Terra de valorosos artistas; músicos, poetas que fazem de Pedreiras um efervescente caldeirão cultural reconhecido e apreciado na região e Brasil afora. Grandes nomes como do saudoso poeta, compositor e escritor Samuel Barreto que precocemente partiu “fora do combinado” como ele bem dizia em julho de 2020.

Um dos maiores cantadores da identidade pedreirense. Demograficamente, os anos 2000 trouxeram para Pedreiras grandes loteamentos e a cidade se expandiu de forma vertiginosa ainda que arcando com as consequências da falta de planejamento. Grandes investimentos também se instalaram no município que hoje se orgulhade ter ao seu dispor as joias do consumismo das grandes cidades como Shopping Center, cinemas, lojas de marcas e afins.

No campo religioso, um importante fato para a fé católica encheu de orgulho os pedreirenses quando no dia 24 de novembro de 2014 por decreto de Dom Armando Gutierrez, a Paróquia de São Benedito foi elevada à categoria de Santuário, até então o único existente na tricinquentenária Diocese de Bacabal. Um reconhecimento à religiosidade e devoção do povo ao seu glorioso padroeiro; o santo negro.

A recente pandemia da Covid 19 também deixou suas marcas na cidade, entre elas a impossibilidade da comemoração do seu centenário e mais dolorosamente a perda de pessoas amadas e muito conhecidas pela população, das quais não citarei nomes para não esquecer ninguém.

Pedreiras então comemora seus 102 anos sempre vislumbrando melhores dias para seus munícipes, conservando o que há de melhor em sua história, sua gente e sua vocação. E para nós que amamos a “Princesa do Mearim” o desejo de que em seu majestoso palácio, todos sejam vistos e valorizados como um povo guerreiro, protagonistas do mesmo reinado.


























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