quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

MARCELO ABREU: UM JORNALISTA PEDREIRENSE FABULOSO!

"Este país NUNCA dará certo"
(Marcelo Abreu - Jornalista/Foto retirada do Facebook)

Não são todos os dias, mas têm dias que a internet nos premia com postagens fabulosas e que nos arrepiam de emoção ao lê-las. De forma lacônica e direta, Marcelo Abreu hoje me deixou uma mensagem em meu WhatsApp: “Escrevi algo sobre papai no face, Vê lá.”

Marcelo Abreu é um Pedreirense que estudou comigo dos 8 aos 11 anos o antigo primário. Há mais de 40 anos morando em Brasília/DF, filho do Juiz de Direito Dr. Herschell Carvalho, que também foi professor e diretor do colégio Bandeirantes, aqui na cidade de Pedreiras. Veja o que esse nobre colega de infância escrevera para falar do seu saudoso pai:




“UM JUIZ CORRETO"

"Antes de pegar o voo de volta à Brasília, no domingo passado, passei na porta do TJMA, num dos lugares mais belos da Ilha. Ao lado do mar. Aí, nesse lugar, meu pai, juiz, de toga preta, tomou muitas decisões importantes. Sempre justo, honesto e imparcial, lutou até o fim pelos desmandos da família real – que arruinou um estado inteiro.

Quem o conheceu, pode testemunhar isso. Basta perguntar. Basta ir aos jornais da época. Era quase uma voz solitária. Exatamente por isso, também foi perseguido por esse mesmo bando. Tentaram tudo. Até amordaçá-lo. Estou falando dos anos 1970/1980.

Ele gritou até o fim. Papai foi um juiz correto. Exemplar no ofício que escolheu. Também professor de Português e Latim. Foi o homem mais culto que conheci na vida. Da crase, passando pelas regências, à melhor literatura, ele me ensinou tudo. Apresentou-me Pessoa, Lispector, Bandeira e Manoel de Barros. Aos 15 anos, me deu “Cem anos de Solidão”, do Gabriel Garcia Márquez. Queria que, depois que lesse, discutisse com ele. Perdi em todos os argumentos. Ele era genial. Acima da média.

Morreu cedo. Muito cedo, aos 67 anos. Hoje, mais velho, tenho consciência disso. Eu, aos 22, acabava a faculdade. Não teve tempo de ler nenhuma matéria minha. Papai morreu. Duas décadas e meia depois, seus pares serão novamente amordaçados por canalhas e criminosos. Nada mudou. Nem mudará. Este país NUNCA dará certo. Eu não tenho mais esperança.

A lei aqui será sempre a dos BANDIDOS. E o pior: há um tanto de gente, aqui nas redes sociais, gente supostamente esclarecida, que aplaude essa mordaça. É a completa inversão dos valores. É chocante. É desolador. Descansa em paz, meu pai!”

(Dr. Herschell Carvalho/Foto: Arquivo de Marcelo Abreu)




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