quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

A TRANSMUTAÇÃO DOS IDEAIS DA ESQUERDA BRASILEIRA

COLUNA DO BERNARDO
 

É sempre muito peculiar definir quem são os intervenientes ativos no espectro politico da democracia brasileira, vimos nos últimos anos uma mistura de classes defendendo os interesses que outrora eram enraizados e culturalmente alimentados pelos seus patronos próprios, hoje a mudança já é perceptível. Se formos definir a política esquerdista primária e tradicional, aquela que surgiu na Revolução Francesa (1789), é política associada à luta dos trabalhadores e das classes menos favorecidas, enquanto a direita, ligada ao conservadorismo e à elite dominante e liberal.

Trazendo para um contexto nacional, poderíamos enxergar a força da esquerda brasileira em um partido, que começou sua estruturação na década de 80 e chegou ao poder pregando uma política de defesa dos trabalhadores, do bem-estar coletivo e a busca pelo igualitarismo e justiça social. Esse partido chegou ao poder e se escalonou nos mais altos cargos políticos, sempre com posições e ideologias que alimentavam seus seguidores fieis, essa espinha dorsal é o PT.

Acontece que o mundo não gira, capota, a esquerda tirou milhões da extrema miséria, deu bolsa, deu crédito, deu o céu, mas não qualificou profissionalmente o pobre que hoje é castigado pela crise econômica e não enxerga soluções. O que vemos hoje é uma inversão de ideologia, uma transmutação de ideais, basta ver o desfecho das eleições para prefeitura de São Paulo, a periferia pobre preferiu o riquinho João Dória, em vez do candidato do PT, os favelados desassistidos do RJ elegeram Marcelo Crivela, conservador e Bispo da Igreja Universal, em vez de Freixo, candidato do PSOL, partido de esquerda.

A esquerda brasileira, refugiada por aqueles menos favorecidos e excluídos ganha uma nova legião de defensores: são os mais bem sucedidos, já vi até artistas por aí comungar das mesmas concepções politicas que a esquerda prega, se apresentando como defensores de sistemas sociais onde todos possam desfrutar de uma economia justa e solidária. 

A esquerda se esvaziou dos antigos pensadores do bem-estar coletivo, que foram para politica de direita sem encontrar obstáculos, a direita é conservadora, neoliberal, tem uma corrente de favorecimento às elites dominantes, mas no Brasil há pobres e excluídos que são a favor da instituição Família, que não encontraram isso na esquerda que prega legalização do aborto, casamento gay etc. Várias são as fundamentações que definem um pensamento politico ligado a um movimento e várias são as justificativas que apoiam a troca desse mesmo pensamento.

A insatisfação com o sistema de segurança pública favorece essa inversão de valores políticos, uma vez que, no Brasil temos em média por ano 60 mil homicídios e recentemente vimos a fragilidade do sistema prisional brasileiro. Nessa busca por tranquilidade social, estamos vendo um ultradireitista e radical Jair Bolsonaro ganhar admiradores por defender a intolerâncias aos bandidos e a tortura. Muitos pobres se admiram com tais pensamentos por não confiar nos métodos arcaicos e falidos. Chega de violência né, “seu” Jair?

Com uma esquerda elitizada e uma direita com uma massa transformadora, os dois lados permanecem com seus conceitos inertes, apenas estão se adaptando à uma realidade turbulenta e promissora, paradoxo que define esse país chamado Brasil.

Bernardo Silva

Bacharel em Administração – FAESF


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