domingo, 30 de abril de 2017

HOMOSSEXUALIDADE: ESSE PAPO LHE INCOMODA?

UMA ENTREVISTA COM DR. ALEXANDRE ASSAIANTE SOBRE A SUA HOMOSSEXUALIDADE

(Dr. Alexandre Assaiante) 


Nesse sábado, dia 29, no período da tarde, o blog do Joaquim Filho esteve com o jovem Advogado Dr. Marcus Alexandre Marinho Assaiante, 27 anos, na flor da idade, como costumamos dizer, mas já bem vivido, bem experiente e consciente dos seus direitos e deveres e de outras coisas mais que a vida na sua trajetória dinâmica lhe oferece. Um autêntico e legítimo filho de Pedreiras, Estado do Maranhão. Oriundo de uma família de valores, ordeira e tradicional na cidade, a família Marinho, que juntamente por parte de pai passou a ser um Assaiante, que segundo o mesmo, o pai é um descendente de italianos.

Nascido em 27 de outubro de 1989, o filho da nossa saudosa “Lorinha” e do Marcos Assaiante, sempre teve um foco na vida: os estudos, pois isso sempre foi desde criança. Estudou o ensino fundamental no colégio Corrêa de Araújo e o Médio no colégio Batista, ambos em Pedreiras. Formado em Direito pela UNDB – Universidade Dom Bosco, concluído em 2012; e, em 2013 fez pós-graduação em Direito Público. Embora bastante jovem, Dr. Marcus Alexandre Assaiante Marinho já tem em seu currículo, como assessor, as passagens pela Defensoria Pública do Estado do Maranhão, Assessoria de Orientação Jurídico Administrativo da Subdefensoria Geral do Estado, Assessor Técnico do Departamento de Controle Interno da Defensoria Pública e no momento Assessor Especial de Consultoria do Poder Executivo do Município de Pedreiras-MA.

Na qualidade de Advogado, no quadro da Ordem dos Advogados do Brasil, estar Presidente da Comissão de Diversidade Sexual da Seccional da OAB-MA, um cargo nomeado pelo Presidente da Ordem, que tem em todos os Estados da Federação e breve será implantado nas cidades do interior. Pensamento seu a criação em Pedreiras. 

O que nos levou a ter uma entrevista com Dr. Alexandre Assaiante foi um lamentável ocorrido que se deu na cidade de Pedreiras, que deixou a comunidade chocada e muito revoltada com a brutalidade e falta de humanidade com que um travesti por nome Thais e seu companheiro foram agredidos, inclusive com objeto perfurante, os quais precisaram ser socorridos em uma unidade de saúde, fora da cidade. O caso trágico foi divulgado na TV, rádio, blog e redes sociais locais. Em detrimento desse episódio de violência contra um homossexual, surge a figura do Presidente da Comissão de Diversidade Sexual da OAB-MA, no sentido de investigar se o ato foi decorrido de crime de Homofobia.

Para falar não só desse caso, mas do assunto na sua visão pessoal, o blog do Joaquim Filho fez contato com Dr. Alexandre Assaiante no sentido de ter uma conversa aberta e franca sobre um assunto que sempre intrigou a humanidade: Homossexualidade. De forma educada e muito consciente de sua condição sexual e social humana na comunidade, fomos recebidos pelo jovem Advogado em sua própria residência, no Conjunto Seringal, um endereço já bastante conhecido pelas pessoas carentes da cidade, devido o trabalho social e humanitário que o Advogado exerce juntamente com sua família.


UMA ENTREVISTA COM DR. MARCUS ALEXANDRE ASSAIANTE MARINHO SOBRE A SUA HOMOSSEXUALIDADE ASSUMIDA

Blog do Joaquim Filho: Dr. Alexandre Assaiante, Boa tarde! Obrigado por ter nos recebido par falarmos sobre homossexualidade, o caso da travesti Thais e outros assuntos que porventura surgirem naturalmente.

Dr. Alexandre Assaiante: Boa tarde, Joaquim Filho! É com imenso prazer que nós estamos aqui, nesse momento, para conversar e principalmente passar informações para as pessoas no sentido que elas possam entender ou ter mais um pouco de conhecimento sobre o assunto da homossexualidade.

Blog do Joaquim Filho: Dr. Alexandre, essa entrevista é uma conversa que vai deixar o leitor muito curioso. Eu diria que não se trata de uma entrevista de perguntas indiscretas, e sim, de perguntas inteligentes. O que vai fazer o leitor pensar ao contrário será o preconceito e a falta de informação que nós carregamos no nosso dia a dia. Então, eu queria começar a entrevista perguntando: Alexandre, você é Gay?

Dr. Alexandre Assaiante: Eu sou desde os meus 16 anos assumido. Na verdade, desde quando eu me entendi como gente, eu já sabia o que eu era, apesar de não entender. Mas desde pequena idade eu já pressentia, sempre sentir desejos, passei depois a entender do que se tratava, e daí, com 16 anos eu assumi na minha casa, e depois que a gente assume dentro de casa o mundo fica mais fácil de se conquistar. E, assim, se deu esse processo. Mas é uma condição que ao meu entendimento a gente já nasce com ela, e daí, a gente não tem como escolher. Acontece naturalmente e o que temos que fazer é tocar para frente.

Blog do Joaquim Filho: No seu ponto de vista biologicamente falando, em relação a comportamento, valores e cultura. O que é ser Gay?

Dr. Alexandre Assaiante: Ser Gay, para mim, Joaquim Filho, é uma possibilidade de autoconhecimento, autoavaliação, de entendimento das limitações que a gente tem que ter dentro da sociedade. A ciência tenta definir que isso é questão genética, se é questão hormonal, a religião diz que é pecado, outras dizem que não é. Para mim é uma soma de “n” fatores e principalmente fator espiritual. A gente que nasce nessa condição, a gente tem uma possibilidade de entender a vida de outra forma, de entender as pessoas de outra forma, de ampliar o nosso conhecimento, de sentir a verdade das pessoas que estão ao nosso redor, mas em muitos casos também sofrer coisas que naturalmente a maioria das pessoas não sofre. Então, homossexualidade para mim, ou homo afetividade é uma grande escola, como a vida em si, é. A gente passa por situações que exige da gente uma percepção de vida muito maior do que as pessoas que não estão nesse mesmo patamar.

Blog do Joaquim Filho: Quando você sentiu que tinha algo dentro de você diferente, que sentiu essa necessidade de revelar aos seus pais, de que forma eles receberam essa sua notícia?


Dr. Alexandre Assaiante: Minha mãe, na época, como eu tinha 16 anos, ela ficou muito preocupada. Preocupada em razão do que eu iria enfrentar ao sair de casa. Na verdade, eu iria sair de casa e enfrentar o mundo. Então, ela ficou muito preocupada em razão do preconceito que existe e a gente sabe que tem. Ela falava: - “Meu filho, o mundo vai te fazer sofrer demais.” Eu disse a ela que não se preocupasse, pois essa carga seria minha. E, eu vou saber enfrentá-lo. Então, o choro dela, ela chorou muito nesse dia e na verdade foi um choro de preocupação ou de uma mor exagerado de uma mãe por um filho. O meu pai, na sua ignorância, eu diria ignorância intelectual, homem muito rude, de pouco estudo, mas de uma sabedoria imensa, soube administrar a situação até melhor do que eu. E, me aceitou de uma maneira impressionante e dizendo desde cedo que iria me amar, pois eu era filho dele. Meu irmão, um rapaz de um coração bondoso, mas também de valores muito firmes, no início da adolescência a gente tinha muitas brigas dentro de casa, em razão de condição sexual. Ele, muito contra, muito preconceituoso. Eu, já ganhando espaço e dizendo para ele entender sem me assumir, que ele entendesse, me aceitasse, me amasse independente da minha condição sexual. E, no dia que ele ficou sabendo, a gente dormiu no mesmo quarto, ele flou que ia continuar me amando, pois eu era irmão dele e a gente ia continuar dormindo juntos. Assim foi. Eu tenho uma família, graças a Deus, sou privilegiado de ter nascido no meio dessas pessoas. Não é todo mundo que tem essa sorte. Infelizmente, muitos são colocados para fora de casa, muitos são rejeitados pela própria família. Eu tive essa sorte de ter uma família que me apoiasse, que sempre esteve ao meu lado, falando siga em frente que a gente está aqui contigo. Minha mãe dispensa comentários. Era o meu porto seguro. Ela me ensinou muita coisa do que é viver, do que é enfrentar o mundo e de acordo com os ensinamentos dela a gente conseguiu ganhar espaço na sociedade, graças a Deus.

Blog do Joaquim Filho: Bom, você falou da reação da sua família. Quando eu falo família, eu falo: pai, mãe, irmão. E seus familiares: tios, primos...?

Dr. Alexandre Assaiante: Todos, graças a Deus, me respeitam, me entendem, sabem da minha condição, assim como a sociedade como um todo. É uma coisa que eu não escondo, mas também não coloco na testa dizendo o que sou ou deixo de ser. Têm algumas pessoas que a gente fala mais abertamente, é claro. Nunca enfrentei, Joaquim Filho, nem com família, nem com amigos, situações de constrangimento de preconceito. Se tem, eles falam pelas costas. Graças a Deus, eu nunca fiquei sabendo. E, se ficasse sabendo, não iria me influenciar, porque graças a Deus, eu tenho certeza do que eu sou. Onde eu posso chegar, entrar nos ambientes. Até agora nunca enfrentei nenhum tipo de problema.

Blog do Joaquim Filho: Alguém deixou de ser seu amigo ou amiga, na época que você se assumiu como gay?

Dr. Alexandre Assaiante: Pelo contrário. Eu consegui ter perto de mim pessoas de verdade, eu diria. Todos que na verdade chegam perto de ti não é pelo que tu tens, mas pelo que tu és. Pessoas que têm afinidade com tua forma de pensar. Que se solidarizam com o que tu estás passando. Então, eu tive muitos amigos hoje que eu conquistei nessa época. Pessoal da escola, quando eu estava no terceiro ano, muito tranquilo, sempre muito afetuoso. Então, assim, a minha opção sexual na verdade nunca foi empecilho para eu ter amigo ou par eu chegar a qualquer lugar. Nunca me atrapalhou em nada. Para não dizer que eu nunca sofri uma situação constrangedora, já agora, depois de grande, eu enfrentei um amigo, que isso me decepcionou muito, ele, enfim, em uma conversa me soltou algumas frases que eu fiquei repensando. Mas deixei para lá. Vivemos em uma sociedade extremamente preconceituosa, ignorante no sentido de conhecimento e a gente, às vezes, esbarra com alguém que te ofende de uma forma dura. Para mim não resta mágoa. Ele está na situação dele; eu, na minha. Hoje não temos tanto contato assim.

Blog do Joaquim Filho: O que você tem a dizer de pessoas que não assumiram a sua condição sexual? Gente que é Gay, mas que devido a sua coragem de se assumir passa a ter uma vida de infelicidade, recorrendo às drogas e às vezes se passando como se não tivesse nada com o caso? Explique esse fato bem presente na nossa sociedade, inclusive com amigos nossos, que não precisamos citar nomes.

Dr. Alexandre Assaiante: Eu acho que a pessoa tem que buscar a felicidade dela, independente de valores sociais e de normas estabelecidas pela sociedade. Ela tem que buscar a sua felicidade. Agora o tempo da felicidade, ele varia de pessoa por pessoa. Eu cheguei nesse ponto que para mim foi o limite aos 16 anos. Muitos não conseguem chegar nunca, apesar da idade já um pouco avançada, mas não consegue chegar nunca nesse rompimento ou ter coragem de romper essa barreira. Para mim, foi um momento decisivo. Eu sempre digo para os amigos que até hoje não são assumidos, eu falo: - procure se entender primeiro. Essa fase de homofobia interna, ela é tão problemática que acaba se tornando um problema social.

Blog do Joaquim Filho: Então, Dr. Alexandre, quem não se aceita é chamado de Homofobia Interna? Eu nunca tinha escutado essa colocação.

Dr. Alexandre Assaiante: É um termo que eu penso ser mais plausível para esses casos. A pessoa que é Gay e não se assume, ela tem um grande problema primeiramente com ela mesma, depois com as outras pessoas, e não, as pessoas com ela. Muita gente acaba passando por esse tipo de situação de não se aceitar. Veja só: para gente se assumir perante a nossa família e a sociedade, primeiro temos que assumir internamente. Então, eu digo, e passei por isso, que existem três fases: primeiro a gente luta consigo. É uma luta interna absurda. Que você escuta a sociedade dizer que é errado e religião dizer que é pecado, e você com aquele desejo natural dentro de ti. Então, tu tens esse conflito. Passado esse conflito, tu enfrentas a tua família. Uns tm sorte de ter uma família que aceita e outros, não. Depois que tu enfrentas a tua família, tu vais para o mundo. Aí, meu amigo, no mundo é que você vai saber. Só que quando você tem a primeira fase muito bem resolvida, tudo fica mais fácil. Porque você passa saber o que é, o que quer, onde pode chegar, passa saber o que as pessoas pensam de ti. Então, você conseguindo se resolver internamente, as outras coisas vêm naturalmente. A pessoa que não é bem resolvida, ela acaba tendo os distúrbios psicológicos, distúrbios de comportamento tão grande que ela acaba se tonando um problema para toda a sociedade. É o professor infeliz. É o médico infeliz. É a pessoa que recorre e se vale do uso de entorpecente ou o que quer que seja para fugir da realidade. É uma pessoa infeliz dentro de casa, porque caba criando uma família hetero normativa, pois o desejo dela é pelo sexo igual. Acaba tendo uma família desestruturada. Então, são situações que se a pessoa não parar para analisar, buscar a causa, ela fica em um ciclo vicioso de erros e decepções sociais e internas. O Gay que não se assume precisa se entender internamente.



Blog do Joaquim Filho: E sobre a Cura Gay que algumas religiões dizem oferecer tratamento já que na visão delas homossexualismo é uma doença?

Dr. Alexandre Assaiante: Joaquim Filho, essa questão, ela é muito complexa a respeito da Cura Gay. Eu te falo uma coisa: não existe a Cura Gay. O que existe é a repressão, ainda que seja uma auto repressão. Eu posso dizer para todo mundo que eu não sou mais Gay, mas eu posso estar limitando o meu não ser mais Gay a não ter mais relação sexual com outro homem ou a pessoa do mesmo sexo. Mas o meu pensamento, ele é tão natural que na hora que eu olhar para um homem, eu vou ter o desejo. Eu vou identificar que ali rola alguma coisa muito maior do que só o sexo, certo. Então, assim, esse negócio de cura é para mim inexistente. Se é pecado ou não, eu não acredito que seja. Para mim não é pecado, porque é natural, mesmo que não seja normal a homossexualidade. Ela é normal por quê? Porque ela vem da natureza. Nós não somos a única espécie no planeta que tem essa condição de homossexual. Os animais na sua totalidade têm esse tipo de relação. Os mamíferos quase que todos têm esse tipo de relação. Por que só para nós é pecado? Por que só para nós é errado? É porque a norma diz que é errado, e a norma é imposta pela sociedade, e não pela natureza.


Blog do Joaquim Filho: A sua mãe era muito católica. Vejo pelas suas postagens que você tem uma queda para o Espiritismo. Você é Espírita? O que o Espiritismo tem a dizer sobre essa questão?

Dr. Alexandre Assaiante: Sou Espírita. O Espiritismo divide a minha vida em dois momentos: antes e depois que eu conheci o Espiritismo. Ele te dar uma dimensão da vida muito maior do que habitualmente tu conheces. Diante dessa dimensão ampla, a gente começa a entender as coisas de outra forma. Então, está aqui é uma oportunidade que tu podes ter de aprender alguma coisa que tu tiveste em outro momento. Eu sou Espírita, mas na verdade eu já rodeio em várias religiões. Até hoje vou à igreja católica, evangélica, religiões afrodescendentes. O Espiritismo diz que a gente tem que amar. Estamos aqui na terra para amar e respeitar, independente da situação. Uma amiga minha diz uma frase que tem muito a ver com o Espiritismo: “Nós estamos aqui para amar gente.” Deus nos dar a oportunidade de vir à terra para amar as pessoas, com suas limitações, regras, sem exageros sexuais, sem exageros de vícios como um todo. Nós estamos aqui para viver e respeitar o próximo.

Blog do Joaquim Filho: Semana passada um travesti por nome Thais e seu companheiro foram agredidos com objeto perfurante por três pessoas, que estão sendo acusadas. Você acha que foi Homofobia? Você está apurando esse caso? Como está?

Dr. Alexandre Assaiante: A gente enfrenta aqui no Brasil um dado vergonhoso. Aqui é o país que mais mata Gays, travestis, homossexuais, transexuais em todo o mundo. Isso se dar em razão do preconceito. Isso se dar em razão do desconhecimento, isso se dar em razão do ódio disseminado pelas próprias religiões, contra as pessoas, que invés de estimular o amor, acaba estimulando o preconceito, acaba estimulando a exclusão. Uma situação como essa que aconteceu aqui em nossa cidade na semana passada, reflete a nossa sociedade. Uma sociedade hipócrita. Uma sociedade ignorante e que precisa entender que a diferença possibilita um engrandecimento da alma, o engrandecimento da mentalidade, o engrandecimento do pensamento. Se todos fossem iguais, nós não aprenderíamos a viver e não aprenderíamos nada. Se todos tivessem o mesmo pensamento a ciência não iria evoluir. Então, a gente tem que entende de uma vez por todas que a diferença de sexualidade e pensamento vai te possibilitar um engrandecimento quanto pessoa.


Blog do Joaquim Filho: A Igreja Católica, falo porque sou católico e conheço os dogmas, combateu durante muitos anos o Homossexualismo. No entanto, nós sabemos que existem Padres Gays, os seminários estão cheios de seminaristas Gays e muita gente servindo o altar nessa condição. Como você me explica que uma Instituição religiosa que combate algo que há na sua própria essência e história, a questão Homossexualidade?

Dr. Alexandre Assaiante: Nós temos dentro da própria Igreja Católica algumas comunidades, umas mais conservadoras e outras mais liberais, e os conservadores condenam porque se apegam no que diz algumas passagens da Bíblia, ou seja, uma interpretação literal e acabam por condenar, deixando, por exemplo, de se apegar no maior ensinamento deixado pelo Cristo aqui na terra que é amar o próximo como a si mesmo. Jesus não condicionou esse amor. Ele disse ame ao próximo. Ele não disse ame se ele é rico, pobre, preto, branco, hétero... Ele só disse, ame. Então, algumas pessoas acabam se apegando em algumas passagens da Bíblia para condenar. Isso é natural do ser humano. A gente tem uma necessidade inata de separar os que estão de acordo com a nossa forma de pensamento e os que não estão. A Igreja é da mesma forma. Em contrapartida, e o Papa que está aí e representa isso, a Igreja está tendenciosa a se afastar desses dogmas e a amar o ser humano como ele é na sua natureza. Então, muitas pessoas, independente do que diz uma parte da Igreja, elas estão amando, respeitando, agregando dento das comunidades católicas e até mesmo nas comunidades evangélicas. Isso é muito bom. A Igreja não deixa de ser hipócrita, pois sabe que acontece. Ela tem gente dentro dela que faz isso e ela caba camuflando, discriminado, ao invés de entender o que se passa e acolher as pessoas que estão nessa condição. Eu não me considero um pecador em razão da minha condição sexual. Criamos um padrão e queremos que todos se enquadrem.


Blog do Joaquim Filho: Falemos agora sobre as paradas Gays que acontecem no Brasil e na nossa cidade. Você não acha que essas Paradas deveriam ser utilizadas para reflexão, debates de ideias, busca pelo respeito, direitos etc, no entanto, elas se parecem mais um espaço de depravação e atos libidinosos, fazendo com que a sociedade repudie mais ainda a homossexualidade. Você faz parte do movimento? Já discutiu isso com seus colegas?

Dr. Alexandre Assaiante: Joaquim Filho, veja só, eu tenho 27 anos de idade, 11 anos de assumido, eu participei de Parada Gay uma vez na minha vida. Eu fui uma vez para nunca mais. Eu sou Gay, mas é um ato que para mim está longe do bom senso e ao invés de ganhar respeito acaba repelindo ainda mais as pessoas de bem, as pessoas boas, que enfim... Que entendam o que se passa na cabeça. Ao invés de um ato político, se tornou um carnaval, e um carnaval do mais defasado possível. Eu não vou. Eu não incentivo. Eu não levaria jamais a minha família para presenciar uma cena daquela. Porque acabam que as pessoas que estão ali não deixam de ter um efeito positivo, porque mostra que a gente está vivo e está para lutar pelo que é nosso. Agora, eu penso que poderia passar por uma reformulação. Ao invés de ser uma festa a céu aberto, ser um momento de discussão política, discussão ideológica para a gente mostre para a sociedade que podemos vencer e ser respeitados. Como é que eu vou cobrar respeito de uma sociedade que já é contra mim, sendo que eu não respeito o limite das pessoas que estão me vendo? Então, esse é um grande problema enfrentado não só na Parada Gay, mas eu diria às vezes pela própria comunidade de LGBT como um todo. A pessoa com um grito de liberdade acaba extravasando os limites, a razoabilidade e acaba enfim fazendo o que não deveria, a meu ver. Aquilo acaba ofendendo quem está vendo. O movimento precisa saber dos seus limites, saber até pode ir.

Blog do Joaquim Filho: Como está judicialmente o caso da travesti Thais, que foi agredida fisicamente pelos jovens que estão sendo acusados da agressão?

Dr. Alexandre Assaiante: Na segunda-feira, bem cedo, eu vou estar com o Delegado para ver como estar esse caso, ver o que ele já investigou a respeito disso. A Thais lá em Presidente Dutra está sendo acompanhada por uma enfermeira que eu estou tendo contado com ela direto. Ela está se recuperando junto com o namorado. Eu só preciso identificar se o caso foi de Homofobia. Senão, eu me afasto e deixo que a Justiça tome as providências. Agora se for Homofobia é um dever institucional meu defendê-la.

Blog do Joaquim Filho: Suas considerações finais

Dr. Alexandre Assaiante: Letícia Alanis é uma psicanalista, ela diz que nós nascemos gente e que o resto é título. Que nós enquanto sociedade, a gente consiga se desprender desses títulos e olhar a pessoa como ela é. Olhar a pessoa na sua essência. A palavra-chave do progresso da humanidade é o Amor. É o Amor que necessariamente ele desencadeia no respeito, na aceitação, no afeto... Então, vamos nos amar. Vamos nos respeitar. Vamos mudar a ideia de que fulano é ruim porque ele é Gay, porque ele é negro, ele é ladrão porque ele é pobre... Vamos olhar o ser humano na sua individualidade, enquanto um ser criado por Deus, enquanto um ser que está aqui para aprender a viver. Vamos respeitá-lo. Deixar como mensagem o pedido de amor para a sociedade como um todo para a gente conseguir avançar.



2 comentários:

  1. Não me encomoda nem um pouco os meus melhores amigos são homossexuais 'São pessoas amigas alegres ' cinseras quem eu confiu plenamente. ...parabéns Joaquim pela bela entrevista 👏👏👏

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  2. Uma matéria diferente das que nós vemos todos os dias nesses blogues que têm por aí não sei quantos. Uma coragem dos dois do que deu a entrevista e falou da sua pessoa e do blogueiro que veiz por outra traz assuntos não costumeiros nas redes sociais. Pode servir como carapuça para muita gente, gente incubada, no armário e gente preconceituosa, inclusive gente de igreja. Esse assunto tá rendendo na cidade é só o que se fala. Pode ser que algum gay não assumido agora der o ar da sua graça. Olha que tem muita gente na fila esperando a coragem de se assumir. kkkkkkk um pode ser você que me lê agora kkkkkkkkk parabéns alexandre, você é querido e respeitado por nós

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