UMA ENTREVISTA COM DR. ALEXANDRE ASSAIANTE SOBRE A SUA HOMOSSEXUALIDADE
(Dr. Alexandre Assaiante)
Nesse sábado, dia 29, no
período da tarde, o blog do Joaquim Filho esteve com o jovem Advogado Dr.
Marcus Alexandre Marinho Assaiante, 27 anos, na flor da idade, como costumamos
dizer, mas já bem vivido, bem experiente e consciente dos seus direitos e
deveres e de outras coisas mais que a vida na sua trajetória dinâmica lhe
oferece. Um autêntico e legítimo filho de Pedreiras, Estado do Maranhão.
Oriundo de uma família de valores, ordeira e tradicional na cidade, a família
Marinho, que juntamente por parte de pai passou a ser um Assaiante, que segundo
o mesmo, o pai é um descendente de italianos.
Nascido em 27 de outubro de
1989, o filho da nossa saudosa “Lorinha” e do Marcos Assaiante, sempre teve um
foco na vida: os estudos, pois isso sempre foi desde criança. Estudou o ensino
fundamental no colégio Corrêa de Araújo e o Médio no colégio Batista, ambos em
Pedreiras. Formado em Direito pela UNDB – Universidade Dom Bosco, concluído em
2012; e, em 2013 fez pós-graduação em Direito Público. Embora bastante jovem,
Dr. Marcus Alexandre Assaiante Marinho já tem em seu currículo, como assessor,
as passagens pela Defensoria Pública do Estado do Maranhão, Assessoria de Orientação
Jurídico Administrativo da Subdefensoria Geral do Estado, Assessor Técnico do
Departamento de Controle Interno da Defensoria Pública e no momento Assessor
Especial de Consultoria do Poder Executivo do Município de Pedreiras-MA.
Na qualidade de Advogado, no
quadro da Ordem dos Advogados do Brasil, estar Presidente da Comissão de
Diversidade Sexual da Seccional da OAB-MA, um cargo nomeado pelo Presidente da
Ordem, que tem em todos os Estados da Federação e breve será implantado nas
cidades do interior. Pensamento seu a criação em Pedreiras.
O que nos levou a ter uma
entrevista com Dr. Alexandre Assaiante foi um lamentável ocorrido que se deu na
cidade de Pedreiras, que deixou a comunidade chocada e muito revoltada com a
brutalidade e falta de humanidade com que um travesti por nome Thais e seu companheiro
foram agredidos, inclusive com objeto perfurante, os quais precisaram ser socorridos em uma unidade de saúde, fora da cidade. O caso trágico foi divulgado na TV,
rádio, blog e redes sociais locais. Em detrimento desse episódio de violência
contra um homossexual, surge a figura do Presidente da Comissão de Diversidade
Sexual da OAB-MA, no sentido de investigar se o ato foi decorrido de crime de
Homofobia.
Para falar não só desse caso,
mas do assunto na sua visão pessoal, o blog do Joaquim Filho fez contato com
Dr. Alexandre Assaiante no sentido de ter uma conversa aberta e franca sobre um
assunto que sempre intrigou a humanidade: Homossexualidade. De forma educada e
muito consciente de sua condição sexual e social humana na comunidade, fomos recebidos
pelo jovem Advogado em sua própria residência, no Conjunto Seringal, um endereço já bastante conhecido pelas pessoas carentes da cidade, devido o trabalho social e humanitário que o Advogado exerce juntamente com sua família.
UMA
ENTREVISTA COM DR. MARCUS ALEXANDRE ASSAIANTE MARINHO SOBRE A SUA
HOMOSSEXUALIDADE ASSUMIDA
Blog do Joaquim Filho: Dr.
Alexandre Assaiante, Boa tarde! Obrigado por ter nos recebido par falarmos
sobre homossexualidade, o caso da travesti Thais e outros assuntos que
porventura surgirem naturalmente.
Dr. Alexandre Assaiante: Boa
tarde, Joaquim Filho! É com imenso prazer que nós estamos aqui, nesse momento,
para conversar e principalmente passar informações para as pessoas no sentido
que elas possam entender ou ter mais um pouco de conhecimento sobre o assunto
da homossexualidade.
Blog do Joaquim Filho: Dr.
Alexandre, essa entrevista é uma conversa que vai deixar o leitor muito
curioso. Eu diria que não se trata de uma entrevista de perguntas indiscretas,
e sim, de perguntas inteligentes. O que vai fazer o leitor pensar ao contrário
será o preconceito e a falta de informação que nós carregamos no nosso dia a
dia. Então, eu queria começar a entrevista perguntando: Alexandre, você é Gay?
Dr. Alexandre Assaiante: Eu sou desde os meus 16 anos assumido. Na
verdade, desde quando eu me entendi como gente, eu já sabia o que eu era,
apesar de não entender. Mas desde pequena idade eu já pressentia, sempre sentir
desejos, passei depois a entender do que se tratava, e daí, com 16 anos eu
assumi na minha casa, e depois que a gente assume dentro de casa o mundo fica
mais fácil de se conquistar. E, assim, se deu esse processo. Mas é uma condição
que ao meu entendimento a gente já nasce com ela, e daí, a gente não tem como
escolher. Acontece naturalmente e o que temos que fazer é tocar para frente.
Blog do Joaquim Filho: No seu
ponto de vista biologicamente falando, em relação a comportamento, valores e
cultura. O que é ser Gay?
Dr. Alexandre Assaiante: Ser Gay, para mim, Joaquim Filho, é uma
possibilidade de autoconhecimento, autoavaliação, de entendimento das
limitações que a gente tem que ter dentro da sociedade. A ciência tenta definir
que isso é questão genética, se é questão hormonal, a religião diz que é
pecado, outras dizem que não é. Para mim é uma soma de “n” fatores e principalmente
fator espiritual. A gente que nasce nessa condição, a gente tem uma possibilidade
de entender a vida de outra forma, de entender as pessoas de outra forma, de
ampliar o nosso conhecimento, de sentir a verdade das pessoas que estão ao
nosso redor, mas em muitos casos também sofrer coisas que naturalmente a
maioria das pessoas não sofre. Então, homossexualidade para mim, ou homo
afetividade é uma grande escola, como a vida em si, é. A gente passa por
situações que exige da gente uma percepção de vida muito maior do que as
pessoas que não estão nesse mesmo patamar.
Blog do Joaquim Filho: Quando
você sentiu que tinha algo dentro de você diferente, que sentiu essa
necessidade de revelar aos seus pais, de que forma eles receberam essa sua
notícia?
Dr. Alexandre Assaiante: Minha mãe, na época, como eu tinha 16 anos,
ela ficou muito preocupada. Preocupada em razão do que eu iria enfrentar ao
sair de casa. Na verdade, eu iria sair de casa e enfrentar o mundo. Então, ela
ficou muito preocupada em razão do preconceito que existe e a gente sabe que
tem. Ela falava: - “Meu filho, o mundo vai te fazer sofrer demais.” Eu disse a
ela que não se preocupasse, pois essa carga seria minha. E, eu vou saber enfrentá-lo.
Então, o choro dela, ela chorou muito nesse dia e na verdade foi um choro de
preocupação ou de uma mor exagerado de uma mãe por um filho. O meu pai, na sua
ignorância, eu diria ignorância intelectual, homem muito rude, de pouco estudo,
mas de uma sabedoria imensa, soube administrar a situação até melhor do que eu.
E, me aceitou de uma maneira impressionante e dizendo desde cedo que iria me
amar, pois eu era filho dele. Meu irmão, um rapaz de um coração bondoso, mas
também de valores muito firmes, no início da adolescência a gente tinha muitas
brigas dentro de casa, em razão de condição sexual. Ele, muito contra, muito
preconceituoso. Eu, já ganhando espaço e dizendo para ele entender sem me assumir,
que ele entendesse, me aceitasse, me amasse independente da minha condição
sexual. E, no dia que ele ficou sabendo, a gente dormiu no mesmo quarto, ele
flou que ia continuar me amando, pois eu era irmão dele e a gente ia continuar
dormindo juntos. Assim foi. Eu tenho uma família, graças a Deus, sou
privilegiado de ter nascido no meio dessas pessoas. Não é todo mundo que tem
essa sorte. Infelizmente, muitos são colocados para fora de casa, muitos são
rejeitados pela própria família. Eu tive essa sorte de ter uma família que me
apoiasse, que sempre esteve ao meu lado, falando siga em frente que a gente
está aqui contigo. Minha mãe dispensa comentários. Era o meu porto seguro. Ela
me ensinou muita coisa do que é viver, do que é enfrentar o mundo e de acordo
com os ensinamentos dela a gente conseguiu ganhar espaço na sociedade, graças a
Deus.
Blog do Joaquim Filho: Bom,
você falou da reação da sua família. Quando eu falo família, eu falo: pai, mãe,
irmão. E seus familiares: tios, primos...?
Dr. Alexandre Assaiante: Todos, graças a Deus, me respeitam, me
entendem, sabem da minha condição, assim como a sociedade como um todo. É uma
coisa que eu não escondo, mas também não coloco na testa dizendo o que sou ou
deixo de ser. Têm algumas pessoas que a gente fala mais abertamente, é claro.
Nunca enfrentei, Joaquim Filho, nem com família, nem com amigos, situações de constrangimento
de preconceito. Se tem, eles falam pelas costas. Graças a Deus, eu nunca fiquei
sabendo. E, se ficasse sabendo, não iria me influenciar, porque graças a Deus,
eu tenho certeza do que eu sou. Onde eu posso chegar, entrar nos ambientes. Até
agora nunca enfrentei nenhum tipo de problema.
Blog do Joaquim Filho: Alguém
deixou de ser seu amigo ou amiga, na época que você se assumiu como gay?
Dr. Alexandre Assaiante: Pelo contrário. Eu consegui ter perto de mim
pessoas de verdade, eu diria. Todos que na verdade chegam perto de ti não é
pelo que tu tens, mas pelo que tu és. Pessoas que têm afinidade com tua forma
de pensar. Que se solidarizam com o que tu estás passando. Então, eu tive
muitos amigos hoje que eu conquistei nessa época. Pessoal da escola, quando eu
estava no terceiro ano, muito tranquilo, sempre muito afetuoso. Então, assim, a
minha opção sexual na verdade nunca foi empecilho para eu ter amigo ou par eu
chegar a qualquer lugar. Nunca me atrapalhou em nada. Para não dizer que eu
nunca sofri uma situação constrangedora, já agora, depois de grande, eu
enfrentei um amigo, que isso me decepcionou muito, ele, enfim, em uma conversa
me soltou algumas frases que eu fiquei repensando. Mas deixei para lá. Vivemos
em uma sociedade extremamente preconceituosa, ignorante no sentido de
conhecimento e a gente, às vezes, esbarra com alguém que te ofende de uma forma
dura. Para mim não resta mágoa. Ele está na situação dele; eu, na minha. Hoje
não temos tanto contato assim.
Blog do Joaquim Filho: O que
você tem a dizer de pessoas que não assumiram a sua condição sexual? Gente que
é Gay, mas que devido a sua coragem de se assumir passa a ter uma vida de
infelicidade, recorrendo às drogas e às vezes se passando como se não tivesse
nada com o caso? Explique esse fato bem presente na nossa sociedade, inclusive
com amigos nossos, que não precisamos citar nomes.
Dr. Alexandre Assaiante: Eu acho que a pessoa tem que buscar a
felicidade dela, independente de valores sociais e de normas estabelecidas pela
sociedade. Ela tem que buscar a sua felicidade. Agora o tempo da felicidade,
ele varia de pessoa por pessoa. Eu cheguei nesse ponto que para mim foi o
limite aos 16 anos. Muitos não conseguem chegar nunca, apesar da idade já um
pouco avançada, mas não consegue chegar nunca nesse rompimento ou ter coragem
de romper essa barreira. Para mim, foi um momento decisivo. Eu sempre digo para
os amigos que até hoje não são assumidos, eu falo: - procure se entender primeiro.
Essa fase de homofobia interna, ela é tão problemática que acaba se
tornando um problema social.
Blog do Joaquim Filho: Então,
Dr. Alexandre, quem não se aceita é chamado de Homofobia Interna? Eu nunca tinha escutado essa colocação.
Dr. Alexandre Assaiante: É um termo que eu penso ser mais plausível
para esses casos. A pessoa que é Gay e não se assume, ela tem um grande
problema primeiramente com ela mesma, depois com as outras pessoas, e não, as
pessoas com ela. Muita gente acaba passando por esse tipo de situação de não se
aceitar. Veja só: para gente se assumir perante a nossa família e a sociedade,
primeiro temos que assumir internamente. Então, eu digo, e passei por isso, que
existem três fases: primeiro a gente luta consigo. É uma luta interna absurda.
Que você escuta a sociedade dizer que é errado e religião dizer que é pecado, e
você com aquele desejo natural dentro de ti. Então, tu tens esse conflito.
Passado esse conflito, tu enfrentas a tua família. Uns tm sorte de ter uma
família que aceita e outros, não. Depois que tu enfrentas a tua família, tu
vais para o mundo. Aí, meu amigo, no mundo é que você vai saber. Só que quando
você tem a primeira fase muito bem resolvida, tudo fica mais fácil. Porque você
passa saber o que é, o que quer, onde pode chegar, passa saber o que as pessoas
pensam de ti. Então, você conseguindo se resolver internamente, as outras
coisas vêm naturalmente. A pessoa que não é bem resolvida, ela acaba tendo os
distúrbios psicológicos, distúrbios de comportamento tão grande que ela acaba
se tonando um problema para toda a sociedade. É o professor infeliz. É o médico
infeliz. É a pessoa que recorre e se vale do uso de entorpecente ou o que quer
que seja para fugir da realidade. É uma pessoa infeliz dentro de casa, porque
caba criando uma família hetero normativa, pois o desejo dela é pelo sexo
igual. Acaba tendo uma família desestruturada. Então, são situações que se a
pessoa não parar para analisar, buscar a causa, ela fica em um ciclo vicioso de
erros e decepções sociais e internas. O
Gay que não se assume precisa se entender internamente.
Blog do Joaquim Filho: E sobre
a Cura Gay que algumas religiões dizem oferecer tratamento já que na visão
delas homossexualismo é uma doença?
Dr. Alexandre Assaiante: Joaquim
Filho, essa questão, ela é muito complexa a respeito da Cura Gay. Eu te falo
uma coisa: não existe a Cura Gay. O que existe é a repressão, ainda que seja
uma auto repressão. Eu posso dizer para todo mundo que eu não sou mais Gay, mas
eu posso estar limitando o meu não ser mais Gay a não ter mais relação sexual
com outro homem ou a pessoa do mesmo sexo. Mas o meu pensamento, ele é tão
natural que na hora que eu olhar para um homem, eu vou ter o desejo. Eu vou
identificar que ali rola alguma coisa muito maior do que só o sexo, certo.
Então, assim, esse negócio de cura é para mim inexistente. Se é pecado ou não,
eu não acredito que seja. Para mim não é pecado, porque é natural, mesmo que
não seja normal a homossexualidade. Ela é normal por quê? Porque ela vem da
natureza. Nós não somos a única espécie no planeta que tem essa condição de
homossexual. Os animais na sua totalidade têm esse tipo de relação. Os
mamíferos quase que todos têm esse tipo de relação. Por que só para nós é
pecado? Por que só para nós é errado? É porque a norma diz que é errado, e a
norma é imposta pela sociedade, e não pela natureza.
Blog do Joaquim Filho: A sua
mãe era muito católica. Vejo pelas suas postagens que você tem uma queda para o
Espiritismo. Você é Espírita? O que o Espiritismo tem a dizer sobre essa
questão?
Dr. Alexandre Assaiante: Sou Espírita. O Espiritismo divide a minha
vida em dois momentos: antes e depois que eu conheci o Espiritismo. Ele te dar
uma dimensão da vida muito maior do que habitualmente tu conheces. Diante dessa
dimensão ampla, a gente começa a entender as coisas de outra forma. Então, está
aqui é uma oportunidade que tu podes ter de aprender alguma coisa que tu
tiveste em outro momento. Eu sou Espírita, mas na verdade eu já rodeio em
várias religiões. Até hoje vou à igreja católica, evangélica, religiões afrodescendentes.
O Espiritismo diz que a gente tem que amar. Estamos aqui na terra para amar e
respeitar, independente da situação. Uma amiga minha diz uma frase que tem
muito a ver com o Espiritismo: “Nós estamos aqui para amar gente.” Deus nos dar
a oportunidade de vir à terra para amar as pessoas, com suas limitações,
regras, sem exageros sexuais, sem exageros de vícios como um todo. Nós estamos
aqui para viver e respeitar o próximo.
Blog do Joaquim Filho: Semana
passada um travesti por nome Thais e seu companheiro foram agredidos com objeto
perfurante por três pessoas, que estão sendo acusadas. Você acha que foi
Homofobia? Você está apurando esse caso? Como está?
Dr. Alexandre Assaiante: A gente enfrenta aqui no Brasil um dado
vergonhoso. Aqui é o país que mais mata Gays, travestis, homossexuais, transexuais
em todo o mundo. Isso se dar em razão do preconceito. Isso se dar em razão do
desconhecimento, isso se dar em razão do ódio disseminado pelas próprias
religiões, contra as pessoas, que invés de estimular o amor, acaba estimulando
o preconceito, acaba estimulando a exclusão. Uma situação como essa que
aconteceu aqui em nossa cidade na semana passada, reflete a nossa sociedade.
Uma sociedade hipócrita. Uma sociedade ignorante e que precisa entender que a
diferença possibilita um engrandecimento da alma, o engrandecimento da
mentalidade, o engrandecimento do pensamento. Se todos fossem iguais, nós não
aprenderíamos a viver e não aprenderíamos nada. Se todos tivessem o mesmo
pensamento a ciência não iria evoluir. Então, a gente tem que entende de uma
vez por todas que a diferença de sexualidade e pensamento vai te possibilitar
um engrandecimento quanto pessoa.
Blog do Joaquim Filho: A Igreja
Católica, falo porque sou católico e conheço os dogmas, combateu durante muitos
anos o Homossexualismo. No entanto, nós sabemos que existem Padres Gays, os
seminários estão cheios de seminaristas Gays e muita gente servindo o altar
nessa condição. Como você me explica que uma Instituição religiosa que combate algo
que há na sua própria essência e história, a questão Homossexualidade?
Dr. Alexandre Assaiante: Nós temos dentro da própria Igreja Católica
algumas comunidades, umas mais conservadoras e outras mais liberais, e os
conservadores condenam porque se apegam no que diz algumas passagens da Bíblia,
ou seja, uma interpretação literal e acabam por condenar, deixando, por
exemplo, de se apegar no maior ensinamento deixado pelo Cristo aqui na terra
que é amar o próximo como a si mesmo. Jesus não condicionou esse amor. Ele
disse ame ao próximo. Ele não disse ame se ele é rico, pobre, preto, branco, hétero...
Ele só disse, ame. Então, algumas pessoas acabam se apegando em algumas
passagens da Bíblia para condenar. Isso é natural do ser humano. A gente tem uma necessidade inata de
separar os que estão de acordo com a nossa forma de pensamento e os que não
estão. A Igreja é da mesma forma. Em contrapartida, e o Papa que está aí e
representa isso, a Igreja está tendenciosa a se afastar desses dogmas e a amar
o ser humano como ele é na sua natureza. Então, muitas pessoas, independente do
que diz uma parte da Igreja, elas estão amando, respeitando, agregando dento
das comunidades católicas e até mesmo nas comunidades evangélicas. Isso é muito
bom. A Igreja não deixa de ser hipócrita, pois sabe que acontece. Ela tem gente
dentro dela que faz isso e ela caba camuflando, discriminado, ao invés de
entender o que se passa e acolher as pessoas que estão nessa condição. Eu não
me considero um pecador em razão da minha condição sexual. Criamos um padrão e
queremos que todos se enquadrem.
Blog do Joaquim Filho: Falemos
agora sobre as paradas Gays que acontecem no Brasil e na nossa cidade. Você não
acha que essas Paradas deveriam ser utilizadas para reflexão, debates de
ideias, busca pelo respeito, direitos etc, no entanto, elas se parecem mais um
espaço de depravação e atos libidinosos, fazendo com que a sociedade repudie
mais ainda a homossexualidade. Você faz parte do movimento? Já discutiu isso
com seus colegas?
Dr. Alexandre Assaiante: Joaquim
Filho, veja só, eu tenho 27 anos de idade, 11 anos de assumido, eu participei
de Parada Gay uma vez na minha vida. Eu fui uma vez para nunca mais. Eu sou
Gay, mas é um ato que para mim está longe do bom senso e ao invés de ganhar
respeito acaba repelindo ainda mais as pessoas de bem, as pessoas boas, que
enfim... Que entendam o que se passa na cabeça. Ao invés de um ato político, se
tornou um carnaval, e um carnaval do mais defasado possível. Eu não vou. Eu não
incentivo. Eu não levaria jamais a minha família para presenciar uma cena
daquela. Porque acabam que as pessoas que estão ali não deixam de ter um efeito
positivo, porque mostra que a gente está vivo e está para lutar pelo que é
nosso. Agora, eu penso que poderia passar por uma reformulação. Ao invés de ser
uma festa a céu aberto, ser um momento de discussão política, discussão
ideológica para a gente mostre para a sociedade que podemos vencer e ser
respeitados. Como é que eu vou cobrar respeito de uma sociedade que já é contra
mim, sendo que eu não respeito o limite das pessoas que estão me vendo? Então,
esse é um grande problema enfrentado não só na Parada Gay, mas eu diria às
vezes pela própria comunidade de LGBT como um todo. A pessoa com um grito de
liberdade acaba extravasando os limites, a razoabilidade e acaba enfim fazendo
o que não deveria, a meu ver. Aquilo acaba ofendendo quem está vendo. O
movimento precisa saber dos seus limites, saber até pode ir.
Blog do Joaquim Filho: Como
está judicialmente o caso da travesti Thais, que foi agredida fisicamente pelos
jovens que estão sendo acusados da agressão?
Dr.
Alexandre Assaiante: Na segunda-feira, bem cedo, eu vou estar com o Delegado
para ver como estar esse caso, ver o que ele já investigou a respeito disso. A
Thais lá em Presidente Dutra está sendo acompanhada por uma enfermeira que eu
estou tendo contado com ela direto. Ela está se recuperando junto com o
namorado. Eu só preciso identificar se o caso foi de Homofobia. Senão, eu me
afasto e deixo que a Justiça tome as providências. Agora se for Homofobia é um
dever institucional meu defendê-la.
Blog do Joaquim Filho: Suas
considerações finais
Dr. Alexandre Assaiante: Letícia
Alanis é uma psicanalista, ela diz que nós nascemos gente e que o resto é
título. Que nós enquanto sociedade, a gente consiga se desprender desses
títulos e olhar a pessoa como ela é. Olhar a pessoa na sua essência. A
palavra-chave do progresso da humanidade é o Amor. É o Amor que necessariamente
ele desencadeia no respeito, na aceitação, no afeto... Então, vamos nos amar.
Vamos nos respeitar. Vamos mudar a ideia de que fulano é ruim porque ele é Gay,
porque ele é negro, ele é ladrão porque ele é pobre... Vamos olhar o ser humano
na sua individualidade, enquanto um ser criado por Deus, enquanto um ser que
está aqui para aprender a viver. Vamos respeitá-lo. Deixar como mensagem o
pedido de amor para a sociedade como um todo para a gente conseguir avançar.
Não me encomoda nem um pouco os meus melhores amigos são homossexuais 'São pessoas amigas alegres ' cinseras quem eu confiu plenamente. ...parabéns Joaquim pela bela entrevista 👏👏👏
ResponderExcluirUma matéria diferente das que nós vemos todos os dias nesses blogues que têm por aí não sei quantos. Uma coragem dos dois do que deu a entrevista e falou da sua pessoa e do blogueiro que veiz por outra traz assuntos não costumeiros nas redes sociais. Pode servir como carapuça para muita gente, gente incubada, no armário e gente preconceituosa, inclusive gente de igreja. Esse assunto tá rendendo na cidade é só o que se fala. Pode ser que algum gay não assumido agora der o ar da sua graça. Olha que tem muita gente na fila esperando a coragem de se assumir. kkkkkkk um pode ser você que me lê agora kkkkkkkkk parabéns alexandre, você é querido e respeitado por nós
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