PADRE JOSÉ GERALDO FALA SOBRE O DIA DAS MÃES

CAFÉ COM JOAQUIM FILHO 

Blog do Joaquim Filho: Como o Senhor falaria do Dia das Mães?

Padre José Geraldo: Ontem, domingo, dia 14 de maio de 2017, parece que o dia das Mães foi mais diferente do que os dias comemorados em todos os anos. A alegria dos Padres Pedro, Antônio e eu podermos celebrar para todas as Mães vivas e falecidas, tanto na Matriz como nos setores.

Blog do Joaquim Filho: O senhor ontem falou em Milagre do encontro. O que o senhor quis dizer com isso?

Padre José Geraldo: Primeiro porque em um mundo que se perde a ternura, só se pode encontrar em uma mãe. Isso não é de hoje, como digo desde pela relação de amor, onde em fecunda ação dos dois encontros em um só ato, a vida germinou. O milagre é tão grande em gerar um filho que a miopia do mundo não contempla como uma liturgia amorosa do encontro entre o ovulo e o espermatozoide e o sopro vital de Deus. Diria que a Mãe é um templo tão Sagrado que em seu ventre guarda os Segredos de Deus, mãe é mais que filósofa, pois é um oráculo que guarda os mistérios da vida!

Blog do Joaquim Filho: O pulsar da Mãe é o mesmo Pulsar do Filho?

Padre José Geraldo: Não. Diria ao contrário. O pulsar do filho é o mesmo pulsar da mãe! (rsrsrs) Parece que estou dizendo bobagem, mas essas palavras têm alma, têm vida e acima de tudo têm sentido. Para uma sociedade líquida em que tudo se evapora, há algo extraordinário: ninguém pode fazer tornar líquido um amor de uma Mãe. Porque o ritmo dos corações é o mesmo. Não há distância entre mãe e filho. E esse pulsar é tão imenso que nem o corte do cordão umbilical separa o olhar e os corações. É como se dissesse: um filho é o coração da mãe batendo lá fora!

Blog do Joaquim Filho: O senhor ao longo dos anos que está em Pedreiras têm visto muitas cenas reais deste amor. O que o Senhor tem acompanhado que marca sua vida de padre? 

Padre José Geraldo: O que marca mais é acompanhar adolescentes grávidas! Mesmo sem maturidade, ou por aventuras inconsequentes, começam cedo o dom da maternidade. Mas não posso esquecer tantos gestos lindos de mães que mesmo diante das frustrações da vida, desprezo do cônjuge e se alegra em ver seu filho engatinhar. Mães que mesmo sem ter o que dar de melhor ao filho diante de suas péssimas condições, estufam o peito em ver seu filho caminhar, crescer, ser gente. Mães que não podem ouvir o choro de outra criança que se desesperam para acalentá-la. Tenho visto tantas coisas, inclusive das mães idosas que sofrem os vícios de seus filhos, mesmo levando portas na cara, pontapés, não desistem enquanto não o abraçam com o poder de cicatrizar a dor. Também já vi muitos filhos em desespero no colo de suas mães, não só apenas descansado, mas buscando ré encorajar as forças para seguirem a estrada da vida rumo às estressantes exigências do tempo.

 
Blog do Joaquim Filho: O senhor sempre nos concede entrevistas em tom poético e de um conteúdo acessível a todos, sem perder o fino trato das palavras, bem como sua norma culta. O que o senhor relata de ontem sobre o dia das Mães?

 
Padre José Geraldo: Momento muito bom foi poder participar no Bairro Matadouro com o Dr. Junior Franco, um advogado benfeitor de uma confraternização nas ruas. Almoço para todas as mães com direito a presentes. Mas, ontem, também, o que mais doeu em mim, foi ver na igreja e nos bairros por onde eu passei muitos filhos chorando a ausência de suas Mães, pois já se encontram com Deus. Vi a memória resgatada em cada gesto, em cada olhar, em cada timidez. Ontem vi desfilar nos átimos de segundos de nossa história filhos que em suas mães descortinavam horizontes, alimentavam suas esperanças, não as terem mais por perto. Vi muitas crianças ontem entregando presentes e registrando em fotos aquele momento impar. Ontem é como se fosse o dia do perdão e da Festa, pois é como se fosse suplantado todos os erros e acertos dos seus filhos. Ontem foi o dia em que a ternura colou o vidro e a bondade emendou o cristal. No mundo não tem quem cole cristal, mas só a mãe que de forma ontológica faz isso. Por isso que o maranhense diz que uma mãe é para cem filhos e cem filhos não são para uma mãe.

Blog do Joaquim Filho: Como um olhar de uma Mãe, vemos a vida como uma paisagem. Mas há um quadro muito feio na realidade humana que destroça os corações das mães frente à realidade dos filhos. O que o senhor tem a nos dize?

Padre José Geraldo: Verdade. A paisagem de um Paraíso criado por Deus com vida digna está se tornando em grande tormento no coração das Mães, porque a maldade está tomando os filhos dos seus braços, a lei do mais fácil está deteriorando nossos jovens, a vida é comparada com um mar de lama e prejuízos, a história está como um beco sem saídas. Há muitos embrulhos de mentiras e decepções, a lei do mais forte está cada vez mais no psicológico de nossos jovens. O sofrimento toma de conta das pessoas como companheiro inseparável. Mas acredito que na vida há muito desperdícios, mas também há muito aprendizado. Por isso como padre, sempre tenho dito: cuidado com a sua imunidade a qualquer momento pode baixar.

Blog do Joaquim Filho: Que conselho o senhor daria as mães?

 
Padre José Geraldo: Continuem sendo este mistério de Deus. Sejam o sopro de Deus nos arranhados dos seus filhos. Sejam o abraço de Deus aliviando as dores da alma. Sejam educadoras do tempo para que seus filhos possam discernir entre o certo e o errado, o bem e o mal. Sejam essa ação medicamentosa em afagos e carinho nos momentos mais cruciais dos seus filhos. Sejam profetizas desse novo tempo, para corrigir os vícios enquanto é tempo. Repreendam seus filhos o quanto antes para não cederem as aventuras que fantasiam, alienam e os descartam. Sejam cada vez mais corajosas e exigentes sem economias dos afetos.

Blog do Joaquim Filho: Padre, que mensagem o senhor deixaria para os filhos?

Padre José Geraldo: É preciso amar a mãe como se não houvesse amanhã... Um dia precisarão partir, só haverá lembrança que marcaram este solo sagrado e que deixaram um grande legado. Como falei, fisicamente não estarão, mas o amor não morre, permanece. Por isso o filho continuará sendo o coração da mãe batendo lá fora. Diria aos filhos amem sem economias, não causem dor, sejam cada vez mais preciosos dando a sua mãe orgulho por meio de sua honestidade, sua responsabilidade e seu modo de agir. Lembre-se de que a sua mãe não é perfeita, mas é uma grande raiz, cuja árvore chamada família produziu frutos que esperamos que sejam doces. Entendo que muitos deixam para ser dóceis amanhã, ainda bem que dentro das mães tem a clorofila da compreensão que regadas com lágrimas desejam que manhãs e amanhãs sejam construídos pelos filhos.

Blog do Joaquim Filho: O senhor tem esperanças que este mundo dilacerado pelas discórdias e pela desestruturação familiar tem jeito?

 
Padre José Geraldo: Sim. Apesar de sermos finitos pelos limites humanos, somos de Deus. A essência não muda. E, aproveitando o dia das mães, mostrar que desde a dor do parto as dores da vida tornaram-se fonte inesgotável para o enfrentamento diário às dores que virão. Temos Deus que renova nossas esperanças e forças. Temos Maria mãe de todas as Mães e Nossa! Que prefigurada no Antigo Testamento nos deu a certeza que pisou a cabeça do Mal. Se entregarmos a Deus a nossa fé poderemos estar com as portas e as janelas da alma escancaradas. È preciso joelho no chão, Bíblia na mão e olhos na vida em todos os sentidos. As mães são santas porque não perderam essas atitudes.

Blog do Joaquim Filho: Por que o Senhor deixou para comemorar mesmo o dia das Mães no dia 21, às 18h, no anfiteatro?

 
Padre José Geraldo: Porque todos os anos no Santuário de São Benedito, fazemos uma grande Ação Social. Sempre realizamos um grande bingo GRATUITO sem distinção de raça, cor, sexo ou religião. Esse bingo se torna maior pela grandeza de 20 mulheres de nossa sociedade que denominamos de Promotoras do Bem pelo Santuário, que foram às ruas solicitar aos nossos empresários, políticos prêmios para este grandioso evento. Esse ano teremos nove prêmios grandiosos como: microondas, sofá, tanque de lavar, bicicleta, geladeira, fogão, televisão, celular e uma moto zero Km Titan, além de 27 prêmios intermediários.

Blog do Joaquim Filho: O senhor está sendo criticado por alguns, de fazer este bingo gratuito, pois a Paróquia está passando dificuldades financeiras e por que não venderia as cartelas?

Padre José Geraldo: Quem toma de conta da Paróquia é Jesus Cristo. Ele é o Senhor que providencia. Se ela passa por dificuldades financeiras é porque não cumulamos dinheiro. O que tem que ser feito assim o é. O Evangelho de Jesus Cristo é loucura para muitos... Cada um tem seu ponto de vista. Peço apenas que respeitem o meu. Quem pensa assim é porque não pensa nos pobres, no outro. Tem uma visão de economia predatória. Eu penso nos pobres, nos sem vez e sem voz! Nos sem tudo e nos sem nada (rsrsr). Nós estamos no mundo, mas não somos do mundo. Minha Igreja nunca me ensinou a lucrar recursos financeiros, minha Igreja me ensinou que a colheita é diferente, é ver a glória de Deus em um povo Feliz! Enquanto estiver em Pedreiras, só se me matarem, para eu não fazer este gesto de carinho e gratidão para o nosso povo. E se me matarem virei pegar no pé dos ricos para ajudar aos pobres (rsrsrs).

Blog do Joaquim Filho: E o envolvimento com Políticos? Não é uma “Faca de dois Gumes?”

 
Padre José Geraldo: “Faca de dois Gumes” é para quem não tem uma ideia definida, um objetivo e um foco. O meu é que a solidariedade comece a adentrar primeiro nos que têm muito para doar. Aqui deixo claro que a generosidade é grandeza de coração. E precisamos fazer com que os que têm mais se salvem, precisamos que eles dilatem o coração e precisamos ainda muito mais que eles sejam participantes de uma ação humano-cristã. Agradeço a todos. E, principalmente, a você que sempre divulga a verdade por meio deste Blog.

Blog do Joaquim Filho: Então, como serão distribuídas as Cartelas?

 
Padre José Geraldo: Será por setor (bairro) e Interior também. Mas só receberá o prêmio quem estiver presente. Não aceitaremos justificativa da não presença. Fazemos o bem, mas com a verdade, com responsabilidade. E, aproveito o ensejo para agradecer a todos os benfeitores. E, já deixando claro: o santuário não tinha dinheiro para imprimir as cartelas, pedimos o apoio e parceria da Prefeitura. Por último, peço a todos: apoiem, sugiram, se envolvam, pois o Santuário é de todos e inclusive nunca perdeu o bom senso e o bem querer... Sei que na Sinfonia da Vida precisamos ser fortes. Coragem que medo não falta!