OCUPANTE
DA CADEIRA Nº15,
IMORTAL É O MAIS JOVEM NA
FUNÇÃO NOS ÚLTIMOS 70 ANOS
(Marco Lucchesi/Foto: O Globo) |
Poeta,
escritor, romancista, ensaísta, tradutor e ocupante da cadeira nº 15 da
Academia Brasileira de Letras, Marco Lucchesi também é conhecido por sua
militância na área dos direitos humanos. E é com essa bagagem que ele tomou
posse, hoje, às 17h, no Salão Nobre do Petit Trianon, como presidente da
instituição para o ano de 2018. Eleito no último dia 7 (à frente de uma nova
diretoria que incluirá Alberto da Costa e Silva, secretário-geral; Ana Maria
Machado, primeira-secretária; Merval Pereira, segundo-secretário; e Edmar
Bacha, tesoureiro), ele garante que sua gestão não ficará alheia à crise
humanitária vivida no Rio e no Brasil. Seu objetivo é aprofundar ainda mais os
projetos sociais da casa.
— Não quero
dizer que a ABL vai tomar posturas que não fazem parte das suas atribuições,
mas, nesse momento desafiador para o país e para a cidade, todas as
instituições devem se preocupar com o trabalho social, cada qual ao seu modo —
diz o novo presidente. — Precisamos atingir a paz social, e a paz não se
alcança, se conquista. A gente não vai mudar o mundo nem a cidade, mas a ABL,
dentro da sua atuação cultural e sabendo manter distância da política partidária,
pode contribuir muito.
PROJETOS EM
PRESÍDIOS
Segundo
Lucchesi, não se trata de uma ruptura com a administração anterior, mas, sim,
de uma continuação.
— Queremos
dar continuidade aos projetos que o Domício Proença Filho (antecessor de
Lucchesi) vem colocando em prática, como a preparação de quadros capazes de
articular a construção de bibliotecas em comunidades — lembra o presidente. — A
Academia tem um valor muito interessante, forjado no imaginário da nação, que é
a capacidade de convívio das diferentes visões.
Aos 54 anos,
Lucchesi é o mais jovem presidente da ABL dos últimos 70 anos (o mais novo da
história é Pedro Calmon, que assumiu em 1945, aos 43 anos). Professor titular
de Literatura Comparada da UFRJ, com pós-doutorado em Filosofia da Renascença na
Alemanha, ele lançou recentemente uma coletânea de poesias (“Clio”, segundo
lugar do Prêmio Jabuti 2015) e um livro de ensaios (“Carteiro imaterial”, de
2016).
Além de
multiplicar trabalhos de tradução (verteu para o português autores como os
italianos Umberto Eco e Primo Levi), Lucchesi também dedica parte do seu tempo
a projetos literários e educacionais em presídios do Rio de Janeiro.
—
Em 2001, recebi a carta de um detento pedindo livros, dizendo que “a literatura
é a irmã gêmea da liberdade” — conta. — Fiquei muito impactado com a frase e,
desde então, me dedico a projetos em presídios. É preciso tirar essa ideia de
masmorra e dar dignidade aos presos. Alguns chegam muito jovens e saem de lá
sem ter tido acesso à escola. Se pudermos ampliar seus estudos, o tempo deles
lá dentro não será tão perdido.
O
imortal Antônio Carlos Secchin acredita que a eleição de Marco Lucchesi
sinaliza uma perspectiva de renovação da Academia.
—
Não devido à idade do novo presidente, mas por sua visada humanista embasada em
grande erudição associada à grande capacidade de trabalho, e por sua índole
democrática e agregadora — diz. — Homem de letras no sentido mais amplo da
expressão, Lucchesi saberá conciliar o zelo para com nosso patrimônio à
acolhida de novos valores e formas de expressão, garantindo à Casa permanecer
na linha de frente das instituições efetivamente comprometidas com a difusão
qualificada da literatura e da cultura do país.
Fonte:
ABL
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