terça-feira, 24 de abril de 2018

Pedreiras-MA 98 anos: A mensagem de quem faz parte da nossa história!

Pedreiras, uma cidade feita por todos nós!
Nonatinho e a sua mensagem para a "Princesa do Mearim" 
(Vídeo: Joaquim Filho, em 24.04.2018)


A biografia nasceu com o intuito de narrar a vida das pessoas, e, segundo o termo etimológico da palavra, significa: bio (vida) + grafia (descrição); História da vida de uma personalidade. Quem porventura já viu estampada num livro ou revista a Biografia de alguém que as pensam não ter nenhuma importância na sociedade, simplesmente pelo fato de ser vista como “Zé Ninguém”? Realmente não é comum! Eu nunca vi!

A nossa crônica de hoje nasce com uma proposta audaciosa, e mais: quer ser impactante e quebrar todos os protocolos e rótulos instituídos por uma sociedade arcaica, farsista e preconceituosa, que não admite no seu núcleo os especiais, os diferentes, os que escolheram uma filosofia de vida diferenciada para viver, sem seguir rótulos e grife intitulados pelas polis.
 

Raimundo Nonato Alves Damascena, conhecido popularmente por Nonatinho, é rebento do casal Antônia Rodrigues Damascena, piauiense e Raimundo Rodrigues Damascena, cearense. Nasceu em data de 31 de agosto de 1977, na cidade de São Benedito, no Estado do Ceará. 

Quando seus pais imigraram para o Maranhão, Nonatinho ainda era um bebê, e escolheram para viver a cidade vizinha de Igarapé Grande, local onde ainda hoje mora a sua família.
 

Você está observando, caríssimo leitor, que por mais que uma pessoa seja “largada”, ela tem uma família. Nonatinho também tem a sua, ele não veio parar aqui num disco voador ou qualquer desses objetos voadores não identificados. Aí está a prova que todos nós temos uma identidade, características e referências. 

Nonatinho ainda lembra muito bem que chegou aqui em Pedreiras no ano de 1988, trazido pelo Beto Maranhão. Segundo ele, Pedreiras é o grande amor da sua vida, foi a terra que lhe acolheu, embora levando a vida que leva. Diz ter iniciado seus estudos em Igarapé Grande, e em Pedreiras estudou no colégio Carlos Martins, até a primeira série.

 

Sua primeira morada em Pedreiras foi o prédio do Tiro de Guerra 80-008, localizado à Rua da Prainha, na época em que o comandante do Quartel era o Sargento Ernildo.

Depois morou na Rodoviária, Hospital Hélia Fernanda, Policlínica São Jorge, Prefeitura Municipal de Pedreiras, nas Administrações Edmilson Filho e Raimundo Louro Também já pernoitou no prédio da Mearim Motos, com autorização do Proprietário Mário e do Gerente da mesma, senhor Marcílio. Atualmente, segundo Nonatinho, está pernoitando no prédio onde funcionou a Churrascaria do Posto Cariri, ao lado da FAESF.

Houve um tempo que fazia suas refeições na casa do senhor Edimilson Gonçalves Alencar, na Rua Oscar Galvão, e que agora as faz no Hotel Ceará, graças à generosidade de seus proprietários, e que ainda iniciou com a bondade da saudosa senhora Jesus e o seu filho Kleber Louro.
 

Nonatinho não esconde a sua gratidão para com as pessoas que, segundo ele, lhe tratam como gente de verdade, que não lhe negam um prato de comida e nem batem com a porta na sua cara: o saudoso Carlos Nascimento, funcionário da Comabel; Mônica, na Rua da Prainha; Pai do Vereador Jossival; Dona Jesus e Kleber no Hotel Ceará; Deusa Helena, na Rua Corinto Nascimento e Raimundo Louro, onde goza de livre acesso na sua residência e da amizade dos “Louros.” 

Durante o dia, costuma fazer alguns “bicos”, entregando folhetos de loja, fazendo mandados, depósitos em banco etc, para descolar o trocado do cigarro, um antigo vício que o acompanha. Confessa não tomar bebida alcoólica e nem é da sua índole tomar gosto com as pessoas. 


Nonatinho não é nenhuma personalidade de destaque na nossa sociedade: não é juiz, promotor, advogado, militar, médico, dentista, professor, empresário, político, pastor, padre etc., mas com certeza tem mais dignidade do que muita gente que ostenta poder, religiosidade e dinheiro na sociedade.


Independente desses Títulos de Cidadão que costumam dar para quem aqui morou menos de um ano e foi embora, Nonatinho já é um cidadão pedreirense, pois é aqui que ele vive. 


É dono da sua própria vida e da sua liberdade.

 

Sem patrão, sem esposa, sem filhos, sem família e sem um lar, vive no mundo como um passarinho, voando livre para todas as direções.


Sua diversão é andar, andar, andar... Costumo brincar com ele quando o encontro pelas ruas, dizendo-lhe que ele parece a necessidade. Ele parece estar em todos os lugares ao mesmo tempo: nas ruas, avenidas, praças, festas, serestas, lanchonetes, postos de gasolina, shows, comícios, residências, becos e calçadas. Onde se imagina, lá está o Nonatinho. É impressionante! 

A vida desse Andarilho não se resume em poucas laudas. Aqui não estão registrados os causos e as histórias que fizeram desse ser uma figura folclórica. Quem sabe, num futuro bem próximo, algum escritor de nossa cidade possa escrever um livro sobre Nonatinho. 

Essa crônica concretiza um desejo e um compromisso que nós tínhamos de um dia homenageá-lo, não como um “coitadinho”, mas como uma pessoa que tem o seu jeito próprio e filosófico de ser e viver. No dia em que a cidade que lhe recebeu de braços abertos completa 98 anos, ele deixa a sua mensagem, de forma simples e como ele imagina a importância que a cidade tem para ele e ele para a mesma. 

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