quarta-feira, 4 de julho de 2018

30 anos de falecimento do Frei Raimundo Valle: Um religioso que viveu além do seu tempo!

Missa nessa quinta-feira, 5, as 18h30 na Igreja da Paróquia de Santo Antônio de Pádua, na Trizidela do Vale-MA



Nessa quinta-feira, dia 5 de julho de 2018, fazem exatamente 30 anos da partida do religioso Frei Raimundo Valle para o outro plano. Então, fiquei a pensar o que escrever ou o que fazer para relembrar a memória de um homem que mais do que um religioso, foi alguém que viveu anos luz além do seu tempo. Com isso, há três dias estive correndo atrás de informações no sentido de buscar fundamentos históricos sobre esse homem que marcou a história das cidades de Pedreiras e Trizidela do Vale, em décadas passadas. 


Feliz a geração que conheceu e conviveu com Frei Raimundo Valle!


Um homem que pensou uma sociedade de irmãs e irmãos, com progresso e desenvolvimento para futuras gerações. Oriundo da cidade de Cenate, na Itália, escolheu o Brasil para realizar a sua missão de evangelizar o povo brasileiro com uma visão diferenciada. Frei Raimundo Valle via a sociedade de uma forma que muitos homens, até mesmo os mais tidos como intelectuais daquele período, não viam.

 

Faltando 3 dias para a data dos 30 anos do seu falecimento, ficamos sabendo através de uma amiga e leitora do blog (Vilacy Santana), que o José Barreto, Vice-presidente do Sindicato dos Comerciários de Pedreiras, estava articulando, juntamente com Frei Luís Rota, vigário da Paróquia de Santo Antônio de Pádua, uma Missa como forma de relembrar a memória e os feitos do Frei Raimundo Valle. 


O blog conversou com pessoas que conviveram de perto com o religioso capuchinho

(José de Sá Barreto - Foi Coroinha de Frei Raimundo Valle, Professor de Filosofia, Teólogo, Sindicalista, Ativista de Movimentos Sociais, Ex-seminarista e Vice-presidente do Sindicato dos Comerciários de Pedreiras-MA)




"...ele tinha uma visão muito grande da eternidade..."



"Olha, Joaquim Filho, bom dia! Deixa eu lhe falar uma coisa: o Frei Raimundo é uma figura que Pedreiras e Trizidela do Vale devem muito a ele. Eu fui na época de Frei Raimundo, coroinha, o que seria acólito que se chama nos dias de hoje, e fora os meus pais, eu devo muito a formação da minha personalidade, do meu ser, a Frei Raimundo. Assim como muitos na Trizidela do Vale, e eu acredito que até você, Joaquim Filho, também. Então, nós vivemos e convivemos muito com Frei Raimundo naquele pedaço de chão, no qual ele muito nos orientava como a gente deveria ser, tanto como cidadão e como pessoa e cristão. A gente deve muito a ele. Este ano, agora no dia 5 de julho fazem 30 anos da partida de Frei Raimundo. Eu, conversando com o Frei Rota, agora domingo, depois da missa das 7h, a gente lembrou que seria interessante celebrar e memorizar a memória do Frei Raimundo. A Missa vai ser quinta-feira, 5, as 18h30, na Igreja da Paróquia de Santo Antônio de Pádua. Nós queremos aproveitar a audiência do seu blog para convidar a todas aquelas pessoas que passaram pelas mãos do Frei Raimundo e os que conviveram com ele. Já estive com o Tavinho, com Chico Guida, Otacílio da Farmácia... pessoas que na época faziam parte do Conselho Paroquial que tinha juntamente com Frei Raimundo uma convivência mais adulta, pois a nossa era uma convivência mais adolescente e infantil. Portanto, essa é a questão: Frei Raimundo é uma personalidade que precisa ser memorizada em Pedreiras e Trizidela do Vale, para não dizer do Maranhão e até mesmo no Brasil. Penso que seria muito interessante todos estarem presentes nessa Missa agora de quinta-feira, as 18h30 na Paróquia de Santo Antônio de Pádua. Frei Raimundo, só para finalizar, além dele ser sacerdote capuchinho, ele tinha uma visão muito grande da eternidade. Não só a eternidade do Céu, mas a eternidade aqui na Terra. Mas por que? Porque Frei Raimundo quando morreu, resolveu doar as suas córneas para alguém que ainda hoje enxerga com essas córneas do Frei Raimundo. Ou seja, a visão dele era muito ampla. Eu lembro que ele tinha gráfica, oficina, torno mecânico, cerâmica, eu me lembro que ele tinha um cinema de alta qualidade aqui na Trizidela do Vale que na época era Pedreiras também. Nós tínhamos um conjunto de coisas que eram modernas para aquela época, além dele ter uma visão material, espiritual e humana também. Então, ele tinha esse sentimento de eternidade. A prova é que suas córneas foram doadas para que ele continuasse vivo aqui na Terra. Além dele ter levado a gente para o grupo de acólito para ser coroinha, ele fazia grupos de adolescentes, e um dos fatos que me marcou muito no Frei Raimundo, foi no momento em que eu estava ajudando uma Missa, e de repente eu cometi um erro lá. Ele me repreendeu na Sacristia, dizendo: - Olha, Barretinho - ele me chamava de Barretinho - toma mais só um pouco de cuidado. Sabemos que nesse período de criancice a gente é muito relapso. Ao Invés dele me condenar, me chamou atenção e me ensinou essa atitude de cristão, o de corrigir com carinho e com o sentimento bem franciscano e seu jeito bem humilde. Essa e muitas outras me marcaram muito."    

(Otacílio Ferreira dos Santos - Farmacêutico, Conselheiro Paroquial por 16 anos no período de Frei Raimundo Valle e Ex-vice prefeito de Pedreiras-MA)

"...fui Conselheiro Paroquial por 16 anos e ele confiava muito em mim..."



"Joaquim Filho, bom dia! É uma honra receber você aqui no nosso trabalho e poder fazer parte desse seu trabalho na comunicação que eu só vejo as pessoas falarem. A história do Frei Raimundo é muito linda e muito profunda como chefe da Paróquia de Santo Antônio pode se dizer que ele foi o fundador. Foi o homem que criou escola, criou treinamento de agricultura, criou a Galiana, construiu a Igreja que nós temos hoje, ou seja, demoliu a antiga, por causa das enchentes e fez a atual. Inclusive, um dos motivos da fundação do bairro Jerusalém foi justamente a razão da Igreja ter ido para o alto, então, ali iniciou um novo bairro naquela época. Pena que quando ele terminou de construir a Igreja, foi transferido para Igarapé Grande. Frei Raimundo foi um homem que toda a população gostava dele, era muito trabalhador, inteligente e muito avançado para a sua época em uma cidade que tudo era atrasado. Hoje o que nós somos em matéria de crescimento podemos dizer que devemos muito a ele. Ele também tinha a ideia de passar o bairro Tresidela para cidade. Cansei de ouvir ele dizer que já estava na hora de Tresidela virar cidade, pois aqui já existia muitas coisas, inclusive uma Paróquia. Eu guardo uma amizade e uma consideração muito grande pelo Frei Raimundo, eu fui Conselheiro Paroquial por 16 anos e ele confiava muito em mim. Ele cuidava do povo de Trizidela do Vale como se fosse o povo dele lá na Itália. Ouvi muito dele dizer que gostava muito as pessoas desse lugar. Só para você te uma ideia, até posto médico ele tinha para dar assistência às pessoas. 

(Francisco de Sales Araújo Guida - Lanterneiro aposentado, grande colaborador da Paróquia de Santo Antônio na era Frei Raimundo Valle)






"Bom dia, Joaquim Filho! Seja bem-vindo aqui na nossa casa mais uma vez. Que bom receber você. Olha, falar do Frei Raimundo Valle fica um pouco difícil de explicar e expressar realmente quem ele era. Foi um homem que tinha um bom conhecimento, um religioso que pela Trizidela e por Pedreiras, ele fez até estruturas para termos uma cidade como ela é, assim como a Par´quia de Santo Antônio de Pádua em Trizidela do Vale. Frei Raimundo trouxe grande desenvolvimento para a nossa cidade, trouxe empresa, como a cerâmica Galiana que gerou e ainda gera muito emprego na região e tem uma utilidade social muito grande. Frei Raimundo era uma pessoa muito dinâmica. Quem o conheceu, sabe o que ele trouxe para cá aquele centro de treinamento da Universidade do Estado do Maranhão, trouxe farmácia para a paróquia para ajudar as pessoas mais carentes, criou um cinema que foi uma forma de proporcionar cultura para o povo e tudo isso ele fez, fora a parte religiosa, pois muita gente desse tempo sabe que ele era de muito conhecimento. Minha convivência com Frei Raimundo foi como se fôssemos dois irmãos, foi uma pessoa que demonstrava muita confiança em mim devido os trabalhos da paróquia. Inclusive, todos esses anos que ele esteve na Paróquia de Santo Antônio, eu participei com ele. Toda vez que ele ia fazer um serviço na paróquia, me procurava para consultar e ouvir a minha opinião, como seria feito. Joaquim Filho, eu não sei exatamente o tempo que Frei Raimundo ficou aqui na paróquia, mas parece-me que foram 18 anos. Ele chegou aqui em 1963, no ano da criação da paroquia de Santo Antônio de Pádua. Só que antes de ser Paróquia de Santo Antônio, era Igreja de Nossa Senhora de Fátima e pertencia à Paróquia de São Benedito, de Pedreiras. A Igreja atual de Santo Antônio de Pádua, foi o Frei Raimundo quem deu início. Ele começou logo pelo Centro Paroquial; e, depois com sua ida para Igarapé Grande, os Freis Capuchinhos deram sequência. Uma história engraçada que marcou muito a minha amizade com Frei Raimundo, foi um dia que eu estava ajudando ele na Missa, e ele criava um cachorro que costumava ficar na porta de entrada da igreja, e com isso, as pessoas ficavam com medo de entrar. Então, Frei Raimundo sempre me dava sinal para eu ir prender o cachorro. Certo dia ele estava rezando uma Ave Maria e o cachorro estava na porta, eu não estava prestando atenção ao sinal dele, foi aí que ele disse: - "Ave Maria cheia de graça o Senhor é convosco (Guida, olha o Cuca), bendita Sois Vós..." 

(Klinger, Oleiro e Artesão, reside na Rua Soraia, Trizidela do Vale-MA. Diz ter convivido com Frei Raimundo e que muito lhe ajudou)





"... Foi Frei Raimundo Valle que me ajudou e muito me incentivou a ser um autônomo..."



“Frei Raimundo chegou um dia para mim e me aconselhou a trabalhar por conta própria e me disse o que ia fazer algo bom para me ajudar. Você vai fazer filtros e pote, a igreja vai comprar para doar às famílias carentes da baixada e outros bairros que tiverem famílias necessitadas. Pode começar a produzir as peças e deixa comigo. E, assim, Joaquim Filho, eu fiz. Comecei fabricar os filtros e o Frei Raimundo comprando, pagando certinho e distribuindo para os pobres do bairro Tresidela e, ainda chegou até a doar para outras cidades. Esse gesto de Frei Raimundo eu nunca vou esquecer. Naquela época esse nosso trabalho era mais valorizado. Mesmo tendo bastante oleiro, a gente não dava conta de tanto pedido e procura que tinha. Foi assim que pude conseguir a minha independência e ser um profissional autônomo.”




"O que eu tenho a dizer é que ele deixou muita saudade e fez muita falta."
(Dona Maria Oliveira, Costureira, da Pastoral da Mulher em Trizidela do Vale-MA)





"Joaquim Filho, boa tarde! Conheci o Frei Raimundo nos meus 6 anos de idade, por sinal, ele morava em Esperantinópolis, fazia parte da Serra do Aristóteles, no interior, e eu fiz a minha primeira comunhão com ele. Para mim, ele foi pai, professor e catequista. Por sinal, quando ele se mudou para a Trizidela do Vale, que era Pedreiras antes, que fundou a Paróquia de Santo Antônio de Pádua, eu tive a ideia de acompanhá-lo para morar aqui, para educar os meus filhos, perto de Frei Raimundo. E foi ele quem batizou todos os meus filhos, fizeram a primeira comunhão com ele, e sempre foi aquela pessoa amiga e pai para todos, porque ele sentia a todos como família desde a época lá no interior na Serra do Aristóteles, em Esperantinópolis. E, assim, foi aquele Vigário que educou muitas pessoas, criou muitos grupos, aprendi muito em grupos que fiz parte, como grupo de mães Emília Carvalho Branco, aprendi muito artesanato, muitas participações da igreja e de grupos como a Ordem Terceira, a Jufra (Juventude Franciscana) e a Pastoral da Mulher que ainda hoje faço parte. E tudo isso enriquece as pessoas, porque a gente aprende muito para transmitir para os outros que muitos não conhecem. O que eu tenho a dizer é que ele deixou muita saudade e fez muita falta. Frei Raimundo foi um homem que sempre procurou valorizar as pessoas amando e respeitando."  


Sou de uma geração que conheceu e conviveu com Frei Raimundo Valle, na Paróquia de Santo Antônio de Pádua.


(Joaquim Filho, Blogueiro)


(Antiga Igreja de Nossa Senhora de Fátima)

Depois de passar alguns dias correndo - literalmente falando - de informações e pessoas para darem depoimentos sobre a pessoa de Frei Raimundo Valle, o tempo e a sorte me permitiram encontrar: José Barreto, Otacílio Ferreira dos Santos, Chico Guida e Dona Maria Oliveira, pessoas que não só conheceram o religioso, mas que tiveram uma convivência maior com o Frei, cada um de uma forma diferente, seja no tempo ou em grupos diferentes, como adultos, crianças ou idosos, como disse Barreto em suas palavras. Quando Frei Raimundo chegou na cidade de Pedreiras, para ser o primeiro Pároco na Paróquia de Santo Antônio de Pádua, que ficava no bairro Tresidela, em 19 de março de 1963, ano da fundação da mesma, eu ainda não era nascido. Eu só nasci em 22 de outubro de 1964. Então, eu nasci e cresci em Tresidela, em um longo período pastoral de Frei Raimundo. As primeiras Missas que assisti, ainda no colo de minha mãe, e a minha primeira comunhão foram celebradas pelo religioso. Mas o contato mais íntimo que tive com ele, não foi nos grupos da igreja, se deu quando eu na idade entre 12 e 15 anos, trabalhava na oficina do meu tio Juarez Costa Ferreira como auxiliar de torneiro mecânico, e, como ele era um homem que mexia com máquinas, tanto caminhão, trator, offset e os aparelhos que exibiam os filmes, ele levava para a oficina e muitas das vezes quem fazia era eu, pois já tinha naquela época um pouco de conhecimento com torno mecânico. Vi-o muitas vezes chegar com o senhor Guida na oficina para fazermos reparos nas peças mecânicas. Quando eu era menino, a cousa que mais me impressionou um dia no Frei Raimundo, foi ele passar na nossa rua em procissão, falando em um microfone sem fio e o carro de som reproduzindo atrás da manifestação religiosa. Eu nunca esqueci aquela cena, parecia cousa do outro mundo. Mas o que me marcou e que poderia ter se transformado em tragédia e eu nem poderia estar contando essa história, foi que um certo dia ele chegou para mim, na oficina, e me convidou para ir no galpão da Paróquia conhecer um torno mecânico que ele tinha trazido da Itália. Eu disse para ele que iria. Dias depois, eu cheguei para o meu amigo de trabalho, o saudoso Pedro Helder (Pedro de Castorinha) e o chamei para ir comigo. Quando nós chegamos na Casa Paroquial - isso na igreja antiga - que ficava ao lado do templo, a porta estava aberta, nós entramos, só de calção e descalços, e fomos direto para o galpão naquele afã de conhecer o torno mecânico do Frei Raimundo. Nessa hora nós não lembramos que ele tinha um cachorro pastor alemão, que embora fosse dócil, mas ali era território do animal canino, e uma vez que sentisse a nossa presença poderia nos atacar. Já estávamos dentro do galpão, ali na frente do torno mecânico, olhando, mexendo e conversando. De repente, o cachorro cruza o corredor, passa correndo em direção ao Frei Raimundo que estava chegando da rua e, percebeu que nós estávamos lá dentro. Eu nunca vou esquecer da voz dele nos dizendo: - Vocês são doidos? Como fazem isso, entrar aqui sem me chamar. O meu cachorro poderia ter matado vocês dois! Pelo amor de Deus, nunca mais fazem isso. Mas venham aqui ver o torno mecânico. Têm aventuras que afazemos que o medo só vem depois. Para encerrar, o que eu tenho a dizer é que homens - eu não estou falando religioso - na qualidade de Frei Raimundo Valle, Deus enviou bem pouquinho para a Terra. Quando ele morreu, eu tinha 23 anos de idade e chorei a morte dele como se fosse meu pai."  















3 comentários:

  1. Frei Raimundo Valle, um bom tema para uma monografia de sucesso, tanto na área do magistério como na de assistência social.

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  2. No linda História não vi você citar a cidade de Igarapé Grande, aqui tem um bairro com o nome dele, e não me engane ele foi padre aqui também em Igarapé Grande, e se eu não estou enganado, o mesmo foi sepultado na Igreja daqui de Igarapé Grande.

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  3. Fre Raimundo foi grade homem para todos na minha eupuca já faz muito tempo moro en Goiânia mais eu ainda vó aí en pedreiras para vouta no tempo que é fez muita coisa e tinha um cinema do lado da igreja e é do outro lado ficava a lanchonete da dona Terezinha foi entre1970 a1978 ey não tenho muita certeza é hoje tenho 55

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