Coluna do Aldo Gomes
Engenheiro agrônomo, membro da Academia Pedreirense de Letras – APL.
Um acontecimento marcante
na vida de um povo, caracterizando-se assim pelo seu viés de grande impacto e
alcance social, deixa-nos absortos por vezes e por horas a fio, em uma espécie
de pânico invasivo, produzindo intuição de estarmos dissociados da realidade em
que de fato estamos envolvidos. O lado bom a frisar é o aproveitamento dos
resultados que nos fazem enxergar um novo quadro ou uma nova paisagem como
frutos da sabedoria possíveis de colheita extensivos aos fatos vividos e a
firmeza das nossas convicções em dado momento. Extrai-se daí que um dos
prazeres que cercam o nosso viver diário consiste em nos darmos conta do que se
passa ao redor de nós em uma elipse geograficamente atingível ou não. Hoje a
tecnologia da comunicação nos permite longo e vasto acesso aos fatos
corriqueiros no imenso planeta Terra. Obviamente a vida não teria sentido se
não nos apercebêssemos, pelos menos, como acima sugerimos, do que se passa em
um raio de alcance que nos tangencia.
Início de janeiro recém-passado
publiquei um texto com o título “Indo ao ponto”, aqui neste blog, foi
compartilhado no meu face e quisera ter sido, também, o mesmo, publicado no
site da Academia Pedreirense de Letras. Neste breve tratado imaginei algo um
tanto diferente que pudesse passar qualquer tênue sensação de raciocínio
específico e claro, desenvolvido em duas ou três vezes, deixando pelo menos a
impressão de pretensa introdução ao tema desejado e um conteúdo histórico plausível
e estimulante.
Jamais havia adentrado às
plagas da história associando-a ou no mínimo imaginando-a conjugada e afeita à
elegância e majestade das letras. Decerto que tal instigação me empolga.
Tratamos de forma sumária
no texto anterior do Brasil Imperial, ano de 1822, quando de sua independência
em 7 de setembro ao Brasil República, 15 de novembro de 1889, quando de sua
proclamação. Hoje, em rápida sequência, para não perdermos o fio da meada e,
quem sabe, despertarmos o interesse pelo conhecimento mais amplo da história do
país, destacamos um pouco do período republicano, que se estende a períodos
mais próximos dos tempos atuais.
Primeira República –
Período: 15 de novembro de 1889, fim da Monarquia, estende-se até a Revolução
de 1930, quando passou a se denominar República Velha, também chamada pelos
historiadores da época de República Oligárquica, República dos Coronéis e
República do Café com Leite.
Marechal Deodoro da
Fonseca foi o primeiro presidente da Primeira República e Washington Luís o último.
Deodoro renunciou em 1891 e o Marechal Peixoto assume em seu lugar. Quatro anos
após a edição da Primeira Constituição do Brasil foi escolhido pelo voto
popular em 1893 o regime de República Presidencialista. A Primeira República,
também chamada República Velha, compreende dois períodos denominados: *
República da Espada, de 1889 a 1894, durante os governos militares de Deodoro
da Fonseca e Floriano Peixoto; e * República Oligárquica, de 1895 a 1930, pelos
governos das oligarquias rurais de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul,
período do chamado Coronelismo, protagonizado pelos cafeicultores
predominantemente.
A Revolução de 1930 marcou
o fim da República Velha, quando em seu período oligárquico Minas Gerais, São
Paulo e Paraíba lideraram um movimento armado, levando ao golpe de estado que
depôs o presidente Washington Luís em 24 de outubro daquele ano. Tal fato
impediu a posse de Júlio Prestes, que havia vencido as eleições de 1930, com o
apoio da elite de São Paulo. Mas os vários indícios de fraudes deixaram
revoltados os políticos de Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba e Getúlio
Vargas, apoiado por eles. Getúlio era forte candidato à presidência e seu vice,
João Pessoa, foi assassinado no mesmo ano, o que gerou grande revolta popular em
várias regiões do país.
Washington Luís, mesmo em
situação crítica na presidência, não mostrava intenção de renunciar. Isto fez
com que chefes militares da Marinha e Exército o depusessem e instalassem uma
Junta Militar que transferiu o poder para Getúlio Vargas, que governou
provisoriamente o país de 1930 a 1934, sendo eleito pela Assembleia
Constituinte como Presidente Constitucional do Brasil com mandato até 1937. No
entanto com um golpe apoiado por setores militares, permaneceu no poder até
1945, período conhecido como Estado Novo.
Após o período Getuliano,
1945, a história se desenvolve no Brasil República, assim renomeado, até os
dias atuais. Este ínterim é extremamente marcante e requer posterior menção
para melhor compreensão, conhecimento ou recapitulação. Como deixamos talvez
nas entrelinhas, a história não goza férias e segue seu natural percurso,
percorrendo tempos e fatos ora frios e implacáveis, ora sensíveis e
predominantemente despertadores e aglutinadores dos melhores dons e qualidades
humanas.
Não
me apraz, em momento algum, incorrer em superficialidades no desenrolar dos
temas trabalhados de qualquer feição e natureza. Entretanto, no presente
instante, por não ter sido o propósito, não desejo aprofundamento que venha,
ainda que sem intenção, despertar conjecturas de ordem criacionista,
conceitual, ideológica ou algo nesta direção, onde impera o subjetivismo e
compreensões pessoais, próprias da visão bem apurada ou não de cada um,
observando que em intervalo de tempo qualquer na vida, queiramos ou não, somos
de forma impreterível levados a considerar o que se passa no espaço físico ou
geográfico em que vivemos ou a que nos ligamos de alguma maneira direta ou
indireta ou ainda, pelo menos, de que soframos qualquer influência de ordem
considerada a mais diversa imaginável. O que pode existir, propenso à natureza
humana, é o fato de nos afeiçoarmos ou não a certos temas; termos gostos e
necessidades comuns ou excêntricos; afinidades, preferências variáveis, mesmo
que haja as básicas, comuns a todos. Neste caso, assim como em todos em que há
convergências, torna-se fácil, leve e agradável o seu tratamento social.
Já
sentindo haver um direcionamento ao fechamento da questão central até o momento
quiçá gestada, como cidadão em essência igual a todos, revestido de qualidades
e defeitos, forças e fraquezas, porém sempre no empenho de cultivar apenas o
que for bom e construtivo e sendo verdadeiro em reconhecer e afirmar que
conheço pouco do nosso país apesar do esforço e prazer na busca de conhecê-lo mais,
estamos vivendo um momento ímpar e didático na sua história, no sentido de
estimularmos em nós mesmos o afloramento e desenvolvimento dos ideais de
fraternidade, que reúnem em seu bojo sentimentos maiores, nobres e sagrados
como o amor ao próximo, o mais forte mandamento bíblico com promessa. O
contexto do amor ao próximo é tão amplo e sublime, que tudo que é positivo cabe
em seus limites, caso os tenha. Conhecendo as várias correntes de pensamento
com as quais tenho me deparado, por exemplo nas redes sociais ultimamente,
tento aqui seguir a minha convicção de que somos todos, sem exceção,
importantes e necessários uns aos outros, de sorte que não andamos literalmente
de mãos dadas por motivos óbvios, mas a continuidade e preservação da vida de
todos nós, estejamos onde estivermos neste belo e intrigante planeta Terra,
podemos dizer com inabalável certeza que de forma simbólica ou imaginável ou
óbvia até, subtraindo, claro, infelizmente, pessoas que andam na contramão
deste grandeza de espírito em vários pontos do planeta, vivemos de mãos dadas
de alguma forma, servindo-nos uns aos outros com os dons, qualidades e
habilidades individuais que alimentam, estimulam e preservam o coletivo global.
Desta forma, sim, no âmbito inarredável, inalienável e verdadeiro do amor ao
próximo podemos, sem camuflagens nem subterfúgios citar a palavra, bradar o
termo “global”, simples e retumbante!
Uma
das poucas e boas razões de sermos saudosistas, tradicionalistas e coisas que o
valham é que nos tempos pré internet conversávamos pessoalmente, olhando-nos de
perto, sentido a presença, comunicando-nos ao vivo e naturalmente com palavras,
gestos e expressões faciais e corporais, interagindo e dirimindo com mais
facilidade dúvidas que pudessem resultar do delicado processo da comunicação...
enfim, bons tempos aqueles!
Bem
vindo todo o desenvolvimento da tecnologia da comunicação, que facilita a vida
em todos os sentidos ou quase, porquanto naquilo que é de suma importância para
uma vida feliz, fundamentada entre outros princípios básicos pela salutar e
incomparável leveza da convivência social, nisto, porém, estamos nos afastando
uns dos outros e lamentavelmente nos enfraquecemos como sociedade que da forma
original acima suscitada sentia-se _ paradoxalmente _ mais feliz no primitivismo.
Tal situação perdurará até que sejamos capazes de desfrutar dos benefícios de
toda espécie de tecnologia sem, contudo, minimizar os sentimentos fraternos do
coletivo, constituindo-nos o sujeito e não o objeto do desenvolvimento.
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