Coluna do Confrade Aldo Gomes
*Aldo Gomes
Há vários direcionamentos
para esta palavra chamativa e contagiante que, de cara, traz um sentido
agradável e, via de regra, promissor. Em rápidas olhadelas virtuais,
dispensando conteúdos, encontrei alguns títulos semelhantes sobre o que me
propunha discorrer. Este acima, pelo qual decidi, no seu visual é igual a
tantos outros que se referem ao ano que desponta. Aliás, este verbo da primeira
conjugação também serviria para compor o título que eu buscava. Refere-se apenas,
não sendo, porém, um plágio, pelo menos intencional, ano novo, ou que fosse o
ano que surge no horizonte; o ano que vem raiando.
Perspectivas, na verdade,
nestes dias recentes até o último dia do ano velho e os primeiros do ano novo
não significam apenas uma palavra, uma grafia, mas uma companhia a nos instigar
de maneira continuada, talvez não pela ansiedade, mas pelo desejo de realização
de coisas novas e boas, que preencham lacunas nos sentimentos e vocações até
mesmo das necessidades humanas mais próximas da pessoalidade e sua
personalidade.
Renovamos a esperança a
cada ano que passa e, ao falar isto, alguém já se adiantaria a sugerir que há,
além de um período de 365 dias, um ano, que é o ciclo temporal mais utilizado
em planejamento pessoal, familiar, institucional, o quadriênio, o quinquênio, o
decênio, que norteiam os horizontes dos nossos planos. Nisto julgamos que no
presente momento da nossa história, como já ocorreu em outros mais longínquos
ou até mesmo próximos, os povos do planeta e do nosso país, ao menos nos
últimos anos dos registros históricos, encontram-se em circunstâncias requeredoras
do exercício dos nossos melhores dons ainda latentes no que tange à estima,
exortação, consolação, tolerância, benignidade e amor ao próximo. Aliás, em
conversas ocasionais ou às vezes protocolares, mais nas primeiras, costumamos
dizer com fundamento, que um dos grandes causas males que assolam a humanidade
é a falta de amor ao próximo. Nesta progressão torna-se fácil a cada um
entender esta verdade. No entanto, para ajudar a quem queira se deter um pouco
mais nestas conjecturas, lembramos que pela falta de amor ao próximo, como se
fosse algo natural e ético ao homem, ele luta até a exaustão para concentrar,
em seu poder, para si e sua família, tudo o que lhe proporciona conforto, luxo e
bem estar, chegando muitas vezes a conquistar tudo isso - honrosamente ou não -
com tamanha sobra, que a diferença, ou seja, aquilo que lhe é suficiente para
manter um alto padrão de vida e o que o indivíduo acumula a título de “reserva
ou segurança”, daria para suprir as necessidades básicas de centenas, milhares
ou milhões de famílias que vivem em situação de penúria e muitas morrendo à
míngua, fato comum em países africanos, entre outros. Reforçando um pouco mais,
já me desculpando perante quem achar desnecessário, sobras são coisas que após
a satisfação das necessidades básicas e até convencionais do ser humano, são
mantidas em seu domínio como método de viabilizar a tal segurança material e
pessoal, familiar, não raras vezes movida pelo simples prazer de acumular, de
ostentar, de demonstrar poder e, nunca declarada, mas inconfessavelmente, expor
diante de todos, até com “humildade”, os frutos colhidos em razão de qualidades
incomuns do, digamos, insaciável arrebanhador de riquezas e supérfluos de
altíssimo custo. Quando alguém assim o faz, torna-se concentrador contumaz e
egoísta, escasseando os benefícios básicos para uma maioria que deseja ter um
padrão de vida modesto, porém justo.
Está muito claro aos olhos
de todos que o mundo passa, nos tempos recentes, por transformações tão fortes
e com tanta rapidez, que às vezes fica difícil à mente humana processá-las na
mesma velocidade. Mais difícil ainda seria para nós entender prontamente ou
imaginar com exatidão como os povos, em cada continente e região, zona
demográfica ou locais específicos estão digerindo as mudanças geopolíticas,
culturais e sociais, considerando seus conceitos, princípios, cultura,
educação, religiosidade, hábitos e costumes que, acredito, têm como desafio
diante desta dinâmica regional e mundial manter o status quo, usando aqui este
termo de origem latina, isto é, manter um estado de coisas relativas ao
cotidiano até o momento assimilado e vivido, portando aprazível em uma
determinada sociedade e, em termos médios, na sociedade como um todo, visto que
o modus vivendi de cada povo, sem querer abusar dos termos de origem latina,
satisfaz internamente seu jeito de viver e não entra em conflito com o mundo
exterior, de sorte que todos vivam em harmonia. Um dos desafios a que me refiro
seria um povo ou uma sociedade com seu modo de vida pré-definido naturalmente e
em bom ou razoável funcionamento, de repente ter que lutar com as armas que
estiverem ao seu alcance, a começar das pacíficas, como as mobilizações sociais
na intensidade e frequência necessária, contra interferência interna e/ou
externa adversa.
Invocando parâmetros
básicos de natureza humana, desconsiderando as influências de “lideranças”, em
si, que não condizem com os desejos e gostos da totalidade dos cidadãos de uma
nação, falando desta dimensão federativa, julgo que os povos de cada região
considerada do planeta, incluindo nosso país, como princípio basilar e afeito à
natureza do ser humano, independente do querer de outrem, guarda como ponto de
honra pessoal, especial e inviolável o direito de viver da forma como lhe foi
possível estabelecer e incorporar, segundo suas vocações, desejos e
autodeterminação conciliáveis com o meio social onde vivem e exercem seus
direitos e deveres, de maneira a sentir-se bem. Uma vez tendo que enfrentar
ameaças de agentes estranhos contrários à sua vontade e natureza o indivíduo,
sem que o desejasse, sente-se em um campo melindroso, ingrato e inflamável,
tendo que levar em conta um quadro jamais pensado em que se vê como um ser
acuado no interior de seu próprio habitat, obrigado a usar de todas as suas
habilidades e sabedoria acumulada para
vencer tais ameaças e continuar vivendo e lutando pela subsistência digna,
portanto factível e aceitável. Óbvio que um insucesso nesse enfrentamento
representaria a infelicidade, estado de vida mais indesejável e temido por
todos.
Vislumbramos para todos os
povos da terra, a partir de nós, um futuro resultante da vitória da sua
autodeterminação como fruto da luta ferrenha contra os também seres humanos,
embora não muitos, que por uma espécie de disfunção psicossocial, acham-se no
direito de decidir como seus semelhantes, sob sua ótica meros viventes sobre a
terra devem existir, e que estes devem negar-se a ter vontades, gostos,
aspirações, movimentos próprios, projetos e sonhos. No entanto, felizmente, os
que não aceitam anularem-se a si mesmos, a maioria, têm vencido estes
insalubres e robóticos desafios, dando sequência à vida com suas idas e vindas;
seus recuos e progressos, porém com liberdade para lutar; exercitando os dons e
habilidades com direito a errar, mas a acertar, podendo ir e vir; empreender e
realizar desejos sem excentricidades entre os prudentes.
O Ano Novo, 2019, será um
marco temporal definidor e confirmador do caráter prevalecente do homem e
consequentemente dos povos. Seria uma tentativa inepta afirmar ou insinuar que
há unidade e uniformidade de pensamento entre as populações do planeta. Pelo
contrário, há blocos econômicos, políticos, sociais com objetivos guardados ou às
vezes declarados, exercitando e buscando mais poder e algum busca poder
absoluto, intentos estes alimentados pela vaidade e complexos de superioridade,
não sendo isto causa única. Dissensões e divisões foram criadas e estabelecidas
para facilitar o domínio sobre os povos. Células o fazem em nível regional,
outras no continental, mas todas se engrenam e se ligam a um corpo maior,
entocado em recanto estratégico do planeta. Uma reação surge e todos percebem,
quando parcelas médias ou grandes das populações começam a se dar conta deste
fato que até então não incomodava grandemente. No presente texto citamos
palavras que parecem hostis, como armas, enfrentamentos, reação, mas convém
frisar que isto não implica o que parece literalmente, ao pé da letra, e sim em
métodos utilizados pelo homem, que já ostenta como item de série o pacifismo,
para se defender e garantir a continuidade de uma vida salutar para si, sua
família, seu semelhante até.
Há coisas que se podem
adiar, protelar, tergiversar por algum tempo, outras não. Virtudes como boa fé,
amor fraternal, cooperação, compreensão, perdão, gratidão, compartilhamento e
dezenas de outras neste sentido não são apenas acessórios correndo por fora na
corrida pela vida, mas ingredientes fundamentais para uma vida de verdade e não
de aparências. Todos, sem exceção, aqui, lá fora, sem importar crenças,
ideologias, etnias, cor da pele, gênero, patamar econômico, grau de instrução e
coisas afins, vivemos momento ímpar na história local, regional e mundial em
que ou nos desprendemos de algumas vontades próprias extravagantes e
descartáveis e vitupérios vagos ou inviabilizaremos a vida em todos os
contornos geográficos na belíssima Terra, obra inconteste da Onipotência, da
Onisciência e Onipresença de Deus, nosso Criador e de todas as coisas. Assim, é
tempo de cair em si, de notar-se, de analisar-se e deixar que aflorem as
virtudes que todos temos, pondo-as em benefício da vida em sua melhor forma e
conteúdo. Tais coisas são grandiosas e estão acima de pessoas, líderes de todas
as dimensões e ídolos que possamos ter criado. Pessoas comuns ou líderes são
figuras gratificantes e importantes no seio de um povo, desde que considerem
tudo o que dissemos sobre sua dignidade, importância e autonomia, valorizando
homens e mulheres individualmente ou em grupos sociais. Do contrário devemos
descartá-los. Melhor que vivam sozinhos, no ostracismo, convivendo com suas
próprias excentricidades, que alimentá-los ou empolgá-los para que nos
destruam. Todavia torcemos pela remissão deles em tempo hábil.
O nosso país,
potencialmente um dos, senão o mais próspero do mundo pelas riquezas naturais
contidas sobre e sob o seu rico solo, a saber, vegetais e minerais, possui
todas as condições de tornar-se uma das primeiras grandes potências mundiais
nas áreas econômica, científica, bélica pela sua posição estratégica na
geografia global e promover o desenvolvimento e bem estar do seu povo. Para
tanto os governos nos três níveis, encabeçados pelo mais alto, o federal, a
partir do presente momento devem mudar radicalmente sua postura de entreguismo
das nossas riquezas naturais e descompromisso com a qualidade de vida do nosso
povo e, junto à sociedade e seus segmentos competentes adequar as leis,
legislações e instituições a uma nova realidade, visando o aproveitamento pelo
processamento e industrialização dos minerais como o ouro, o diamante, o
nióbio, o grafeno e uma infinidade de outros de altíssimo valor e importância
no âmbito global. Como exemplo o nióbio, contido em sua quase totalidade
mundial no Brasil (98%) e que está sendo vendido a preço de banana em final de
feira para China, Japão, Estados Unidos e mais alguns, em ordem decrescente de
quantidade exportada. Se doravante o governo brasileiro criar _ e isto não é da
noite para o dia _ estrutura adequada e necessária, falando ainda apenas dos
minerais, para processar e industrializar estas valiosíssimas matérias-primas
em produtos finais, agregando valor a elas e distribuir de forma justa os
resultados econômicos a favor dos que mais precisam e até agora não tiveram
oportunidade, deixará de existir pessoas e famílias em situação de pobreza
extrema no país. Eu me atrevo a criar o termo “pobreza digna” em vez de
extrema. Poderia gerar polêmicas, mas chegaríamos a uma compreensão lógica.
Concluindo e chamando para
o raciocínio central do texto, em nosso modesto poder de discernimento as
perspectivas dos brasileiros para o ano novo são as melhores possíveis, tão
claras e patentes que, aqueles que porventura torcem contra sentir-se-ão
envergonhados e pelo menos é possível que fiquem quietos e o Brasil, vivendo um
grande momento de sua história, iniciará um processo de desenvolvimento que o
colocará no lugar de destaque e de honra que seu povo merece.
*Engenheiro
Agrônomo Aged – Pedreiras; membro da Academia Pedreirense de Letras - APL.
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