MENSAGEIRA NOTURNA
(Foto: Joaquim Filho, em 13.04.2019, às 21h)
A liberdade sempre incomodou os opressores. Quem já foi criança em interior, cidade pequena, lembra que a liberdade dos bichos, principalmente os pássaros, sempre foi algo perseguido por nós, na nossa meninice.
Tínhamos o fascínio de jogar pedra, atirar com baladeiras e até mesmo com espingardas de seta, nos passarinhos em nossas caçadas. Sem contar o alçapão das gaiolas que armávamos para pegar o passarinho que voava livre e cantava feliz.
Nessa noite fria e chuvosa, encontro-me no meu recanto de trabalho e produção textual, janela aberta para o quintal, recebendo o vento frio... E, eis que de repente, uma libélula adentra o espaço e pousa na parede.
Então, meu pensamento alado voa a um tempo pretérito e distante em que eu, na minha infância, passava o dia todo nos fundos do quintal da minha casa, no bairro Tresidela, sob um sol escaldante, pele queimada sobre um corpo franzino, cabelos de índio, pés atolados na lama, indo sorrateiramente por trás das libélulas que descansavam sobre os matos secos e as pegava pelo rabo. Esse era um dos meus passatempos.
Hoje eu não pegaria e nem prenderia as libélulas em linhas como outrora já fiz. Viva a liberdade!
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