OS “EMES” DE MAIO
Maio é um mês lindo. A própria natureza se encarrega de com sua exuberância anunciar uma significativa mudança de tempo e as lindas manhãs de sol forte aparecem depois dos dias nublados comuns na estação chuvosa do Maranhão. Em Pedreiras, existe um costume antigo de iniciar o quinto mês do calendário civil colocando plantas e flores nas portas e janelas das casas. Não sei bem explicar como surgiu esse costume, mas posso presumir que a prática remete à alegria de celebrar o mês das “MÃES” e para os cristãos católicos o mês consagrado à MARIA a mãe de Jesus.
Maio é essencialmente um mês feminino. O próprio nome deve sua origem à deusa romana “Maia”, conhecida também como Bona Dea, deusa da fertilidade, cujo festival os romanos celebravam neste mês que chamavam de “Maius” (magno). Na versão Grega origina-se da deusa “Maya”, mãe de Hermes.
Durante muito tempo também foi o mês preferido pelas noivas para realizarem seus casamentos; costume esse quebrado pela troca para o mês de dezembro por conta do décimo terceiro salário o que ajuda muito os nubentes no pagamento das suas despesas com o casório.
Porém mesmo sendo uma quebra de costume fomentado pelo fator econômico, o fator emocional prevalece, pois muitas mulheres ainda acham mais romântico o mês de maio para realizarem seus enlaces.
No segundo domingo, celebra-se com muitas homenagens, presentes e festas o dia das MÃES. Dia de festejar aquelas que nos concederam a vida, geraram e nos alimentaram com seu próprio corpo. Intrinsecamente, no livro sagrado para os cristãos, DEUS revela através do profeta Isaías que; “Acaso, pode uma mulher esquecer-se do seu filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu todavia não me esquecerei de ti” (Is 49,15).
Aqui abro um parêntese para as exceções relacionada à figura materna e que ultimamente infelizmente tem crescido; a violência praticada por mulheres contra seus próprios filhos tendo o caso mais recente na sociedade brasileira, a mãe do pequeno Henry Borel, acusada de omissão na morte do seu filho.
Excluindo esses tristes episódios, as mães são em geral o ser mais amado, admirado e querido da face da terra pois todos nós descendemos dessa figura feminina que em via de regra em todo mundo animal é capaz dos atos mais heroicos para defenderem e protegerem suas crias.
Quem não se lembra das festinhas dedicadas às mães em nossas escolas, onde por meses ensaiávamos as homenagens fazendo de tudo para esconder das mesmas as músicas, os poemas, as peças que seriam apresentadas nesse dia? Quem não se lembra das parcas economias feitas com o pouco dinheirinho da merenda escolar para comprar o presente que seria dado às nossas mamães?
E achávamos o máximo quando esse dia chegava para cantar para elas e entregar-lhes embrulhados em papéis coloridos uma xícara, um conjunto de talheres, um perfume, um “corte de fazenda” que iria virar um belo vestido.
Os presentes, considerados os tempos, em geral eram voltados para a reafirmação da imagem feminina da dona de casa, da mãe que literalmente gera, pare e é a principal responsável pelo cuidado da cria.
A religião predominante vinha reforçar essa concepção da imagem da mãe e mulher perfeita na figura de MARIA. Uma judia que ainda tão jovem foi surpreendida pelo convite que mudaria a sua vida; a de ser a mãe do Salvador da humanidade. Também para esta todo o mês de maio era de homenagens. E na cultura interiorana não faltavam as novenas, rezas, ladainhas e para encerrar o mês, a coroação de sua imagem como a rainha do céu e da terra.
Não faltava também a euforia dos ensaios das meninas que seriam vestidas de anjos para representar a corte celeste na coroação da mãe maior. A confecção das roupas de cetim, o mais brilhoso que se podia encontrar. As asas feitas de papelão e papel crepom minuciosamente coladas com grude feito de massa de tapioca. E novamente tudo centrado na figura feminina como se anjo tivesse sexo....
O certo é que em todo esse belíssimo mês a MULHER é a figura mais presente e mais exaltada. E não seria pra menos pois quem mais reúne em torno de si a delicadeza, a ternura, a bondade, a dedicação, a generosidade, o desprendimento e todo amor que é possível? Somente as MULHERES, MÃES, MARIAS das nossas vidas. As “emes” do mês de Maio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário