domingo, 22 de maio de 2022

PEDREIRENSES PELO MUNDO: Coluna do Allan Roberth

 REGGAE

Provocado por um comentário oriundo das redes sociais por ocasião do dia nacional do reggae comemorado no último dia 11 de maio, onde o internauta questiona o movimento ”regueiro” da nossa cidade sobre essa data passar despercebida, sem nenhuma festa para comemorar tão importante ritmo musical, atrevo-me aqui versar sobre relevante tema.

(Imagem ilustrativa retirada do Google Imagem, em 22.05.2022, às 7h40. Leão de Judá é uma forma de nomear a entidade suprema)

O reggae surgiu na Jamaica na década de 60 e teve Bob Marley como seu maior ícone. A palavra reggae remete ao som saído da guitarra, onde o “re” seria o movimento para baixo e o “gae” o movimento para cima. Ou ainda derivado de outros estilos musicais como o “ska”, o “rocksteady”, o “dub”, o “ragga” assim como o Calipso e outras sonoridades africanas.

(Foto ilustrativa retirada do Google Imagem, em 22.05.2022, às 7h44. Bob Marley, o maior ícone do reggae)

O estilo não se limita ao ritmo musical, mas se expande a um modo de vida, uma crença, alimentada pelo movimento religioso judaico-cristão surgido na Jamaica, denominado “Rastafari”. 

Com letras geralmente falando de amor ao próximo, de lutas sociais, preconceito, paz e liberdade, o ritmo ganhou força em solo Jamaicano se popularizando e se expandindo especialmente pela América Central e do Sul.

(Imagem ilustrativa retirada do Google Imagem, em 22.05.2022, às 7h49)

Na cultura maranhense mais especificamente na capital a partir dos anos 70, deu-se um processo de aculturação indireta - aquela que acontece através dos meios de comunicação - no âmbito musical. 

Segundo alguns relatos; através de ondas curtas de rádios caribenhas alcançadas especialmente pela proximidade geográfica entre a ilha e a América Central, o ritmo chegou ao Maranhão e se intensificou posteriormente por meio de turistas, emigrantes e marinheiros da zona portuária da cidade que traziam discos de cantores e bandas de reggae jamaicanos.

Na década seguinte, o ritmo já tomava conta dos salões que, principalmente na periferia da cidade e baixada maranhense são animados pelas “radiolas”; grandes paredões de som comandados por um “DJ” ou disquei jóquei que dispara sua sequência de reggaes selecionados para o momento.

(Imagem ilustrativa retirada do Google Imagem, em 22.05.2022, às 7h53)

Ainda nos anos 80 surgia o primeiro programa de reggae numa rádio local, assim como as primeiras bandas do ritmo que se tornou se não o, mas um dos preferidos do ludovicense.  Nomes de cantores famosos como Bob Marley; Jimmy Clif, Eric Donaldson, Alpha Blondy e outros, passaram a fazer parte do cenário musical desta que é considerada a “Jamaica Brasileira” e a “Capital do Reggae”.

As “radiolas” locais, estimadas em mais de duzentas na Ilha de São Luis, disputam a preferência musical do seu público e se tornaram muito populares e apreciadas no cenário do reggae maranhense. Estrela do Som, Itamaraty, Freedom, Vera Cruz, Voz de Ouro Canarinho, são as mais conhecidas.

(Imagem ilustrativa retirada do Google Imagem, em 22.05.2022, às 7h57)

Por aqui, o reggae se diferencia da Jamaica no estilo de dançar, onde o mesmo é executado em pares e “agarradinhos” como se diz. É possível ver pelos salões de reggae da capital, verdadeiros shows de passos e ritmo protagonizados pelos dançarinos maranhenses. 

O estilo musical criou também expressões próprias faladas entre os admiradores e que foram incorporadas à linguagem local. Expressões como “massa regueira”, atribuída aos frequentadores dos salões e shows de reggae; “pedra”, palavra que no âmbito regueiro expressa a vibração quando toca uma música muito apreciada. Melô, que é a expressão dada popularmente a uma música que, traduzida para o português a mesma passa a ser conhecida.

O reggae influencia também no estilo de roupa e cabelos usados pelos admiradores e seguidores do ritmo. As cores, geralmente alusivas à bandeira jamaicana, estampam as roupas e os cabelos adornados por “dreads” geralmente caracterizam os regueiros.

DJs e locutores de rádios que adotaram o estilo se destacam no cenário do reggae maranhense. Nomes como Ademar Danilo, Pinto da Itamaraty, Antonio José, Serralheiro, Naty Nayfson, Waldiney, foram importantes na divulgação e aceitação do ritmo jamaicano em terras maranhenses.

Hoje, o Maranhão é referência no Brasil e no mundo quando o assunto é reggae e o ritmo se espalhou pelo estado inteiro. A baixada maranhense é dominada pelo estilo e outras cidades, ainda que distantes da capital, têm geralmente seus grupos de curtidores do ritmo.

Por ter origem negra, o reggae certamente enfrenta o preconceito social e de cor; características da maioria dos seus apoiadores e justamente por isso suas letras falam da superação dessas divisões e pregam um mundo em que a liberdade e a igualdade sejam a marca principal.

(Museu do reggae em São Luís do Maranhão. Imagem ilustrativa retirada do Google Imagem, em 22.05.2022, às 8h03)

Em São Luís, encontramos o único museu do reggae fora da Jamaica. Criado em 2018 como forma de preservação e divulgação da cultura regueira. Fica localizado na Rua da Estrela, 124 na Praia Grande, centro histórico da Capital maranhense.

Seja pelo modo de vida, pelo seu apelo social, pelo encanto que o estilo fornece, o reggae maranhense segue firme, arrebatando multidões e influenciando gerações mostrando a força da cultura e identidade maranhense.


























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