segunda-feira, 17 de julho de 2023

SEGUNDA LITERÁRIA: Coluna do escritor e poeta Carlos Martins

 COZINHAR PARA A SEMANA

Carlos Martins (17/07/2023)

A vida vivida hoje está muito diferente daquela vivida durante a minha infância. Os pais mais presentes no dia a dia dos filhos, as reuniões mais frequentes e, por consequência, as interações familiares mais intensas. Sábado passado, após um longo e tenebroso inverno sem me entregar às delícias de uma cerveja bem gelada, decidi retornar ao banquete dionisiano. Os convivas, minha primogênita e seu namorado, meus filhos mais novos — os Carlos — e minha doce Larissa.

Esses encontros sempre ocorrem com o intuito de preparar as refeições da semana seguinte. Sim, a gastronomia é um dos meus hobbies preferidos. Sentamo-nos todos ao redor de uma mesa de madeira que tenho no quintal de casa e onde faço toda a preparação dos ingredientes que serão utilizados para a preparação dos pratos. Após essa etapa, hora de abrir a primeira gelada e fazer os tradicionais brindes. — Etapa importantíssima; lembram daquele ditado “beber sem brindar, sete anos sem...”, ah! deixa pra lá. Fizemos os brindes como devem ser feitos, todos os copos unidos, tilintando uns nos outros, com muitos vivas e salvas e bastante barulhentos.

Após os brindes, iniciei os trabalhos gastronômicos. Temperos refogando nas panelas fumegantes, uma carne bovina cortada em cubinhos e que se transformará num delicioso picadinho com legumes. Um gole na cerveja. 

— Eita, que a bicha tá gelada!

E seguimos. Conecto meu celular na caixinha de som, sim, porque a vida tem sempre de ser adoçada com música. De todos os gêneros, de todos os tipos, daquelas que nos emocionam, que nos fazem dançar, que nos proporcionam reviver momentos memoráveis, e daquelas que nos ajudarão a formar novas memórias. Inicio colocando para tocar uma lista de reprodução que mantenho na plataforma Spotify, “Músicas Boca Quente do Cacá”.

A essas alturas, já estou às voltas com o tempero de uma costelinha de porco que colocarei para assar no forno. Sal, pimenta do reino, bastante alho — adoro alho — e um pouco de cachaça para amaciar a carne. Aproveito que a garrafa de pinga já está aberta e passo uma talagada para dentro — para acordar o espírito!

Porco no forno, sento-me um pouco à mesa para conversar e conviver com meus amores. Falamos sobre fatos que ocorreram na semana que passou, compartilhamos as novidades da vida de cada um, e seguimos sendo felizes como toda família que faz questão de estar unida.

Nesse momento, o Bruno, namorado de minha filha, e que está se tornando um verdadeiro expert no ramo de drinks, começou o preparo de um negrone, mistura de cortezano tinto, gim e  campari. — Uma verdadeira delícia! Aproveitei o cortezano dando sopa por ali e marquei uma légua. Quando terminei de engolir a dose, imediatamente me veio a lembrança das pescarias no Mearim. — Tempo bom, pensei.

Quando a noite chegou, a Bárbara e o Bruno foram para uma festinha com alguns amigos, os meninos estavam na rua brincando com os amigos e aproveitando o período de férias, e sobramos eu e minha linda Larissa, exatamente como quando começamos, só nós dois. Juntos, continuando a nossa história.























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