Não sou
muito amante do dia de domingo, acho enfadonho e o que salva sempre, é o
futebol. Assisti ao jogo do Cruzeiro contra o Flamengo e depois resolvi dar um
pulinho na rua para resenhar com a turma, que geralmente se encontra no Bar do
Luizão, na Avenida do Centro Cultural de Bacabal.
Tomei um
banho e meti a cara na porta e saí. A rua vazia e antes de chegar no lugar
proposto, ou seja, o Bar do Luizão, entrei na casa da minha amiga Janete
Valéria onde me foi oferecido um pouco de mocotó e não titubeei, comi e fiquei
a conversar com algumas pessoas que se encontravam por lá, principalmente sobre
a derrota do Vasco, a vitória do Flamengo e a conquista do título pelo
Palmeiras.
Vi um
pouco do Fantástico, uma matéria sobre a poluição dos oceanos pelo plástico
jogado pelo homem, e logo depois resolvi voltar para casa, nada mais de Bar do
Luizão.
Entrei e
encontrei vendo televisão na sala, o meu sobrinho Raimundo Máximo e sua esposa
Raabe que logo entraram em seu quarto e simultaneamente começou os estalidos e
estampidos e ficamos nos perguntando o que era aquilo. Ininterruptos e em
lugares distintos, em meio aos tiros, houve a primeira explosão e então eu
disse: - “Explodiram um banco”.
E a coisa
começou a crescer e não demorou muito para as redes sociais se manifestarem
mostrando as primeiras imagens, o desespero de quem estava acuado e
aí houve a segunda explosão, essa tão forte que fez toda a casa tremer, reflexo
maior no portão de alumínio da garagem.
Protegeram
as duas crianças que dormiam e foram para a sala e ficamos eu, Raimundo Máximo
e Raabe deitados no chão e vendo as noticias no WatsApp. Foi uma noite de muito
medo, terror, expectativa, insegurança e incerteza. Foi uma noite digna de um
roteiro de Alistair MacLean ou mesmo de uma estória pensada por Agatha
Christie e até a realidade dos morros cariocas em dias, ou melhor, em noites de
combate ao tráfico.
Depois de
três horas, acho eu, de tiros, explosões, como n’uma tempestade, a zoada foi
ficando menor, os sons se ouviam mais longe e em meio ao silencio
provisório, tiros espaçados. Ali já dava para sentir que os bandidos "vazaram" com suas escopetas, suas metralhadoras, suas dinamites, suas granadas,
seus fuzis e todo o dinheiro que deu para levar. Parada dada, como é
conhecida policialmente o ato de já ir se sabendo os caminhos e tudo deu certo
para o lado errado, um plano bem executado e ainda sobrou cadeia para quem
pegou algum dinheiro que escapou da van dos bandidos.
Silêncio
sepulcral. Só queria que amanhecesse para ter a ideia, ou a certeza do que
aconteceu. Três bandidos mortos, muito pouco, mas, para uma polícia sem
recursos, com armas leves, em comparação às dos bandidos, até que ficou de bom
tamanho. Um civil morto pelos bandidos.
O que mais
intriga, é o fato de que, na eleição suplementar para prefeito, Bacabal recebeu
do Governo Flávio Dino, tropas policiais de elite, com blindados e helicópteros
para, dizem, perseguir os aliados do prefeito eleito Edvan Brandão. Agora, que
realmente precisamos de segurança, nada veio de lá para cá, só dez
horas depois do acontecido. Muito tarde.
Não sei
como Bacabal vai reagir depois de todo esse terror, querendo ou não, já
comprometeu o natal e o fim do ano, o medo está por todo lugar e as noites
nunca mais serão as mesmas depois dessa noite de 25 de novembro de 2018.
Rezemos
pela proteção divina e parabenizemos os nossos policiais, que mesmo em
desvantagem, fizeram o que puderam para defender essa gente sofrida que a cada
dia, perde a esperança de melhores dias.
E que Deus
nos proteja!
Zé Lopes - Cantor e Compositor
Zé Lopes - Cantor e Compositor
Muito bem escrita. Incrível a narrativa. Parabéns
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