sexta-feira, 12 de julho de 2019

Estamos todos doentes!

Coluna do Confrade

O Brasil passa por um momento de grave crise, que vai muito além das meras crises econômica, social, ética, institucional e moral de sempre. Imagino que pelo desapontamento e revolta da sociedade com os escândalos de corrupção nos governos Lula e Dilma associados ao aumento da criminalidade e o campear da impunidade, nosso povo atingiu um estado de intolerância e ódio que dividiu a sociedade brasileira em dois lados majoritários tomados pela paixão e pelo fanatismo. 

Esse estado contínuo de catarse emocional desenvolveu uma doença nova em nossa gente, democrática e universal, pois atinge do rico ao pobre, do jovem ao velho e do analfabeto ao doutor. Mista, pois é social, física, psíquica e emocional. É a ‘cegueira cognitiva brasilis’. Cegueira cerebral, sim, ‘emburrecendo’ nosso povo, pois onde há só emoção não há espaço para a razão. Onde há paixão não há lugar para a inteligência. 

Eu podia dar exemplos mil dessa dualidade que impressiona e que as redes sociais são hoje o despejo maior dessa situação crítica que viralizou e contaminou a todos e não é mais epidemia, mas pandemia. 

Porém, vou me ater somente a alguns poucos exemplos. Copacabana, a “Princesinha do Mar”, uma das praias mais famosas do mundo, cartão postal do Brasil, já tem espaços segregados em sua areia para “esquerdopatas” e “fascistas”. Que absurdo!


Por mais escandaloso e frustrante que o PT possa ter sido em seus governos (eu costumo dizer que Lula roubou tanto que quase roubou todos os meus sonhos), não podemos deixar de reconhecer o importante papel histórico do PT nas conquistas democráticas do país e os significativos avanços sociais do governo Lula. E que no PT também há bons políticos apesar da quadrilha que o partido aparentemente se transformou. Mas os “bolsomínios” insistem em não reconhecer nada disso e tratar tudo no PT de “PeTralha”. Injustiça!


No episódio dos 39 quilos de cocaína numa das aeronaves da comitiva presidencial, o outro lado tentou por grotesca força ligar o Presidente da República ao tráfico de drogas. Ora, Jair Bolsonaro pode ter mil defeitos, mas nunca teve um ato seu em toda a sua vida ligado ao crime ou a bandidagem! Já não tenho coragem de afirmar o mesmo de seus filhos. Mas querer passar a imagem do Presidente como bandido é sintoma dessa nova doença. 


Nas redes sociais as pessoas distribuem agressões e ódio gratuito, sem se conhecerem, pelo simples fato de julgarem-se de lados políticos opostos. Acusam-se mutuamente de direitistas e esquerdistas, nazistas e stalinistas, ainda que não saibam diferenciar a mão destra da canhota. 

Meros comentários em grupos de "WhatsApp" e demais mídias transformam-se em contendas mesmo sem as partes considerarem a pobreza da linguagem escrita em comparação à riqueza da verbal e o risco que a escrita trás por suas particularidades intrínsecas em ser dúbia e interpretada de muitas formas. 


Nessa nova “doença social” brasileira, divergência não é mais expressão de inteligência, mas motivo de rótulos e conflitos pessoais inconciliáveis. O conflito e debate de ideias não é mais salutar e necessário para a construção de novas razões, mas visto como ameaça e perigo e com a necessidade de se combater e desmoralizar aquele que ousa pensar diferente do outro. Triste! 


Não sou muito fã do Presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia, mas seu discurso na sessão da votação da reforma da Previdência foi brilhante, muito responsável e chamou o país à reflexão sobre o valor dos pensamentos diferentes e a necessidade do diálogo para reforma do estado brasileiro. Quem puder, assista aquele discurso - ele engrandece aquela Casa e dignifica o Congresso Nacional e o país. 

Sem Rodrigo Maia, Bolsonaro não aprovaria essa reforma e precisará dele para governar o país. E pasmem! Rodrigo só é Presidente porque foi indicado por Lula já depois de preso. E o povo besta aqui na ponta brigando e ficando intrigado enquanto os grandes lá em cima costuram todo tipo de acordo nos bastidores para alcançar e manterem-se no poder. Lula indicou Rodrigo Maia e Bolsonaro ainda era deputado, pré-candidato a presidente, e votou em Rodrigo!!! 


A problemática brasileira é maior, mais grave e mais profunda do que “Mitos” e “ Lulas-Livres”! Muito mais do que meras siglas e ideologias. O problema é estrutural e até cultural! O problema não é esquerda e direita, PSL ou PT!


Esse país está errado! Todo errado! A partir de nossa cultura e do nosso povo. Toda uma nação culturalmente absorvido na cultura da “esperteza”, da malandragem e do querer se dar bem sem méritos. A classe política é somente a expressão do eleitorado. Temos que mudar primeiro isso para avançarmos rumo à grandeza que é potencial desse país! 

Para tanto, precisamos superar esse maniqueísmo torpe que tem dividido o nosso povo e feito imperar o ódio em nossa nação. Isso não é saudável. Estamos todos doentes. Eu também estou. Já estive mais, me percebi e estou buscando me curar. Mas precisamos nos conscientizar dessa doença e buscar nossa cura, individual e coletiva. O remédio vem através da autorreflexão e autocrítica de cada um de nós.


Allan Roberto Costa Silva, médico, ex-Vereador-Presidente da Câmara Municipal de Pedreiras, membro da Academia Pedreirense de Letras-APL e da Associação dos Poetas e Escritores de Pedreiras-APOESP. E-mail: arcs.rob@hotmail.com






















Um comentário:

  1. Esquerdopatas pq ñ aceitam as injustiças, vc jamais vai ver um esquerdopata matando alguém ou a proibindo dos seis direitos,como também discriminando pessoas por simplesmente adotarem o sexo que elas se sentem.Agora se vc citar que o Brasil está imbecilidade pq estamos com uma bancada evangélica medíocre comandada por um despreparado, homofobico,nepotico, segregados aí sim iria concodar. Hoje o nosso país está em uma grande incerteza e ñ é culpa da esquerda é sim de uma direita nojenta, onde alguns odeia saber que o próximo poderia ter uma vida melhor. Doutor Allan se assuma como direita.

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