sábado, 5 de março de 2022

ESPAÇO ACADÊMICO: Coluna do Confrade Paul Getty

 O ARTISTA E O CRÍTICO

por Paul Getty

Quando a música e a poesia estão juntas é como se vestíssemos as palavras, além de pintá-las com cores diversas.  Os versos musicados dançam, ganham outra vida e outro colorido.

Um crítico musical ao contrário do que a maioria das pessoas imagina, é justamente ele que tem a obrigação de ouvir melhor, porque seu ofício naturalmente lhe obriga botar num estado de concentração absoluta maior, porque ele terá que dizer alguma coisa daquilo que está ouvindo, e os críticos mais que ninguém sabem da sua responsabilidade de ouvir tão bem o quanto possível o que aquele músico está fazendo, pois é o mínimo que um crítico tem que fazer. “Os artistas são como antenas a captar os sentimentos da humanidade. Eles captam o que está no ar e o materializam."

Ao contrário do que muita gente imagina não é função do crítico dar nota, aplaudir etc., parecer juiz ou professor do artista, muito mais importante do que isso é o crítico conseguir esclarecer quando escreve o que aquele artista tava tentando fazer, no entanto é raro o crítico que sabe disso, e que vai lá exatamente para fazer uma análise do que está sendo feito, e informar a quem está lendo, ou simplesmente dizer aquilo é uma M... ou é genial. 

Há uma confusão generalizada e muito comum entre texto de opinião e texto de crítica. Todo mundo tem o direito de dá opinião, mas não como crítica, contudo um cronista pode escrever o que quiser, mas jamais um crítico, porque o crítico não está lá em primeira instância para dizer o que ele acha, ele tem sim obrigação de entender o que o artista quis fazer. Todavia, isso é raríssimo em todos os segmentos da crítica. Às vezes um crítico vai assistir a um espetáculo e ele quer que o espetáculo seja aquilo que ele na verdade queria ver.  "O verdadeiro artista é o que dialoga com sua obra, o impostor dialoga com seu público"

Recentemente, o cantor e compositor ED MOTTA ganhou as manchetes ao criticar duramente ícones da música como ELVIS PRESLEY e RAUL SEIXAS em um vídeo no seu canal oficial. Existe, portanto, uma diferença muito grande entre CRÍTICA ao trabalho e ofensa pessoal, e mais: a musicalidade do criticado não pode ser jogada na lata do lixo sem que haja uma correta e racional contextualização! Infelizmente o crítico-artista Ed Motta assumiu uma postura de Elitismo Esnobe que ele incorporou para se diferenciar da classe artística. 

A Pergunta que não quer calar: será que para ser um bom crítico é preciso evitar o contato pessoal com artistas? Para mim é essencial essa interação e aproximação entre o crítico e o artista, para uma melhor compreensão do processo de elaboração do trabalho de arte.

A parte mais gostosa dessa celeuma é que a arte só acontece quando o artista se arrisca, pois é impossível o artista agradar a todos, afinal o que ele procura não é tentar agradar, mas somente ser lembrado. O único compromisso do artista é não ter compromisso, é quebrar as regras, sem obedecer a ninguém, porém, quando o artista adere a um conjunto de regras, de paradigmas, de como se comportar, de como se vestir, de como fazer isso ou aquilo, ele simplesmente não é mais nada.       

RAUL SEIXAS, ELVIS PLESLEY e o maranhense do século JOÃO DO VALE quebraram as regras, não aderiram aos paradigmas, e nunca tiveram compromisso com absolutamente nada, por conta disso são diariamente lembrados, e, portanto vivo na memória de todos nós.

Esse hiato entre o artista e o crítico sempre vai existir, pois será inevitável e até certo ponto benéfico para a perpetuação da arte. A verdade é que o caminho de um artista é longo e sem fim.

Paul Getty S. Nascimento

Poeta/compositor, escritor

Membro da APL  Academia Pedreirense de Letras

























Um comentário:

  1. Texto muito bem escrito, concordo plenamente com esse ponto de vista, perfeito!👏👏👏

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