domingo, 19 de março de 2017

O CASI E A HISTÓRIA DE DONA GRACINHA

CASI - CENTRO DE ASSISTÊNCIA SOLIDÁRIA AO IDOSO 
(Dona Gracinha, recebendo o blog do Joaquim Filho, nessa manhã de domingo, 19/Foto: Maja Suane)


Desde quando comecei a escrever para blogs ou publicar meus textos e matérias, que eu faço sobre as pessoas e a cidade de Pedreiras, nas redes sociais, que sempre tive a vontade de tirar um dia para visitar o Centro de Assistência Solidária ao Idoso – CASI, e na oportunidade, conversar com a sua fundadora e administradora, a senhora Gracinha. Finalmente, mesmo sem ter-lhe avisado previamente, hoje foi possível. Deu tudo certo!

(Foto: Joaquim Filho)

Mas quem é Gracinha? Gracinha é o apelido carinhoso de Maria das Graças Santos, uma mulher de origem humilde, que nasceu no povoado Morro dos Caboclos, em 1953, filha do casal Elizabete Medeiros dos Santos e Miguel Augusto dos Santos. Aos 4 anos de idade saiu do povoado o qual é oriunda para ir morar na cidade de Bernardo do Mearim – que naquele tempo era chamado de São Bernardo e pertencia à cidade de Igarapé Grande. Depois, quando chegou o período e a necessidade de ir à escola, Dona Gracinha foi morar na cidade de Igarapé Grande, cidade esta que já teve como prefeito o seu padrinho Joaquim Pinheiro, a quem durante a nossa conversa fez questão de fazer boas referências ao padrinho político e à madrinha Socorro Pinheiro.

(CASI - Centro de Assistência Solidária ao Idoso, Rua Carlos Martins, nº 12/Foto: Joaquim Filho)

Anos depois, com a necessidade de morar em uma cidade mais evoluída, que pudesse lhe trazer melhores condições de vida e oportunidades, Dona Gracinha veio morar na cidade de Pedreiras, onde conseguiu estudar e concluir o seu ensino médio, no colégio Corrêa de Araújo. Iniciou o curso de Serviço Social, mas devido a problema de saúde de sua neta, teve que trancar o curso, mas é sua meta concluí-lo. Tem duas filhas: Karenn Cynthia (atual Secretária de Saúde de Pedreiras) e Jéssica Thais (Professora). 

(Karenn Cynthia)

(Jéssica Thais)

Foi aqui em Pedreiras que ela também aprendeu a profissão de cabeleireira, e desde o ano de 1975 que exerce com profissionalismo e habilidade, embora hoje pratique com menos frequência do que antes, e com razões, as quais você saberá ainda nessa matéria.

(Foto: Maja Suane)

Na qualidade de cabeleireira, Dona Gracinha fez seu nome e história na cidade de Pedreiras e região. Em vários locais já montou o seu salão, sendo o mais marcante na Avenida Rio Branco, enfrente ao Supermercado São Raimundo. Sua clientela era grande, gente de todas as camadas sociais frequentava o seu salão e com isso a fez uma pessoa bastante conhecida e popular na cidade.

(Foto: Joaquim Filho)

Mas um acontecimento da vida real iria mudar a sua vida para sempre, iria lhe conduzir a caminhos jamais imagináveis. E, assim, se deu uma história que o blog do Joaquim Filho vai lhe contar a partir de agora e mostrar um lado da Dona Gracinha que o destino vem escrevendo nas páginas do livro da sua vida até os dias de hoje.

(Foto: Joaquim Filho)

Tudo aconteceu no ano de 1996, quando Dona Gracinha ficou sabendo que um casal de velhinhos do Bairro Goiabal vivia abandonado, com maus-tratos e vivendo uma vida subumana. Ela disse que isso lhe incomodou ao saber dessa história e foi um dia visita-los sem nenhum compromisso; e, ao chegar na casa humilde desse casal de velhinhos não se contentou em ver a forma desumana que os dois estavam vivendo. Segundo Dona Gracinha, a partir daquela cena a vida dela mudou para sempre, não tinha como só ir visitar e voltar para casa sem ter atitude, partir para a ação e fazer algo de concreto para dar uma vida digna para aquelas pessoas.

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“Mas Joaquim Filho, o que realmente me fez abraçar esse trabalho foi a ideologia que eu sempre tive em minha vida, a de ser desapagada de dinheiro, de bens materiais. Eu sempre trabalhei, sempre ganhei o meu dinheiro, mas nunca fui de ser apegado à riqueza e nunca me preocupei em acumular patrimônio. Quando eu me deparei a primeira vez com um caso de desumanidade, em ver seres humanos vivendo como bicho, isso mexeu muito com o meu lado emotivo, e até hoje estou aqui, como você está vendo e sabe do meu trabalho com os idosos em Pedreiras.”

(Foto: Joaquim Filho)

Segundo Dona Gracinha, depois de se deparar com essa realidade, procurou ajudar o casal com o apoio das enfermeiras Marina e Barrêto (a segunda irmã do poeta João Barrêto), dois exemplos de pessoas humanas; e foi o começo de tudo. Lembra-se de ter procurado uma casa no Largo João do Vale para o casal morar. Depois começou a ajudar alguns velhinhos e doentes no sentido de conseguirem aposentadorias ou benefícios junto ao INSS, com a amizade que tinha com médicos, advogados, políticos, juízes, promotores e pessoas esclarecidas que orientavam os caminhos das pedras e livravam da burocracia que existe no órgão que concede os benefícios previdenciários.

(Foto: Joaquim Filho)

Dona Gracinha conta que foi se envolvendo com esse trabalho voluntário de dar assistência aos idosos de forma natural, e que quando menos esperava já estavam corpo e alma nessa missão que a vida lhe havia proporcionado.

(Foto: Joaquim Filho)

Em 1996, fundou o Centro de Assistência Solidária ao Idoso – CASI, depois registrado legalmente em 1997, cujo CNPJ é o de número 02.534.578/0001-53, uma entidade filantrópica que atualmente, depois de ter vários endereços na cidade, está localizado na Rua Carlos Martins, nº 12, no Bairro Seringal, na cidade de Pedreiras, Estado do Maranhão.

(Foto: Joaquim Filho) 

Bem antes de chegar onde está, no endereço atual, bem estruturado e com uma infraestrutura de dar inveja a administrador de qualquer entidade, Dona Gracinha disse ao blog que passou por vários lugares, e que durante essa trajetória de luta e trabalho, muitas pessoas foram solidárias à causa e, sempre que está passando por momentos difíceis, aparece à mão de Deus para dar uma solução. Poderia citar o nome de muitas pessoas que nesse tempo todo de fundação do Centro foi importante, mas com medo de incorrer no erro de esquecer alguém, não vai citar nomes, pois o mais importante foi o apoio, e Deus sabe quem foram essas pessoas.

(Foto: Joaquim Filho)


“Joaquim Filho, até chegar onde estamos o Centro já teve vários endereços. Tudo teve início na minha própria casa, na Rua José Borgneth, nº 12, no Conjunto Seringal, na qual ficou 8 meses; depois foi para um prédio do João Atta, na Rua Oscar Galvão; em seguida, para o prédio onde funcionou o Zezumbar, na Praça da Bíblia, na Prainha, por dois anos; foi depois para uma casa na rua que mora o Klebinho Branco e, por fim, com uma interferência da Promotoria de Justiça, na pessoa da Dra. Lana Cristina, desde 199 que o Centro está no endereço atual. Desde o governo de Dr. Lenoilson Passos que a Prefeitura de Pedreiras paga o aluguel, a luz e a água. Faço questão de destacar aqui uma generosidade do senhor João Atta: quando o Centro estava alugado no prédio que era dele, muitos empresários foram comprar, mas ele disse que enquanto o Centro funcionasse lá, ele não venderia para não ter que desabrigar os idosos.”

(Foto: Joaquim Filho)


O Centro atualmente tem 12 idosos, que varia na faixa etária de 65 a 85. Os próprios idosos contribuem com os seus benefícios de aposentadorias. Mas nem todos têm benefícios, pois independente disso, o Centro não deixa de ampará-los nesse momento difícil de suas vidas. Tudo que entra e sai é feito uma contabilidade, cujo contador é o senhor Edson Ribeiro. Segundo Dona Gracinha, está preparada a qualquer tempo, dia e hora, caso alguém duvide da sua idoneidade, a fazer uma auditoria no Centro com a questão de entrada de ajuda em todos os sentidos. Duas pessoas, além da Dona Gracinha prestam serviço no CASI, uma jovem por nome Naja e um motorista. O Centro tem sido referência de estudo e pesquisa de escolas, faculdades da cidade. O IFMA realizou o seu primeiro curso Cuidador de Idoso, no Centro de Convivência dos Idosos com aulas teóricas, e as aulas práticas no CASI. A casa está adequada de acordo com a determinação do Poder Judiciário e teve como Engenheiro Cecé Bulhão no trabalho de adaptação.

(Foto: Joaquim Filho) 

Quando estávamos terminando a nossa visita, Dona Gracinha fez questão de mencionar o nome do Padre Zé Geraldo, pois disse que o religioso tem sido um grande parceiro, pois tudo que consegue nas viagens ao Rio de Janeiro, doa ao Centro para ser revestido na infraestrutura. Disse que não pode também deixar de agradecer ao Poder Judiciário, na pessoa de Dr. Marco Adriano, sempre sensível e pronto para fazer valer as leis em favor do CASI.

(Poeta Expedito Costa e Gracinha/Foto: Joaquim Filho)

O CASI recebe muitas visitas das Igrejas de todas as denominações, nas datas comemorativas são feitas festas, danças, palestras, ação social, brincadeiras, momentos lúdicos, etc. Quando estávamos realizando nossa visita, quem chegou foi o poeta Expedito Costa.

(Foto: Joaquim Filho)

O objetivo do CASI é proporcionar uma vida digna para todos que ali se encontram. Desde o amanhecer com o café da manhã, lanche na parte da manhã, almoço, lanche na parte da tarde, jantar e uma sopa leve antes de dormir, banho, asseio pessoal, cuidados com higiene, cômodos limpos e tudo que possa retratar o que Dona Gracinha falou em sua entrevista, o blog do Joaquim Filho constatou “in loco”. Nossa visita não foi programada e nem teve aviso antecipado. Foi uma surpresa.

(Foto: Joaquim Filho)

Lembrou também uma pessoa, que segundo Dona Gracinha, foi muito importante na criação do CASI, o Ex-comandante do TG. 08.008, Sargento Furtado, que lhe deu muito apoio no ano de 1997.

(Foto: Joaquim Filho)

“Nunca vou esquecer-me das palavras do Sargento Furtado, quando me disse: ‘...Gracinha, depois que você abraçar esse trabalho, você vai ser muito perseguida, caluniada e colocada sua imagem e nome em dúvida. Muita gente má, as pessoas da sociedade não vão reconhecer pelo seu trabalho que vai fazer por esses idosos. Mas não se preocupe que Deus lhe pagará por tudo que você fizer por eles...’































2 comentários:

  1. Parabéns pela ótima matéria Joaquim Filho, é esse tipo matéria, e cobertura jornalística que mostra o perfil da pessoa que você é. Brilhante!

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  2. Belíssima história poeta ,um lugar aconchegante, limpo e bem familiar parabéns à todos que fazem parte desse belíssimo trabalho 👏👏👏👏👏👏👏

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