CASI - CENTRO DE ASSISTÊNCIA SOLIDÁRIA AO IDOSO
(Dona Gracinha, recebendo o blog do Joaquim Filho, nessa manhã de domingo, 19/Foto: Maja Suane) |
Desde quando comecei a
escrever para blogs ou publicar meus textos e matérias, que eu faço sobre as
pessoas e a cidade de Pedreiras, nas redes sociais, que sempre tive a vontade de
tirar um dia para visitar o Centro de
Assistência Solidária ao Idoso – CASI, e na oportunidade, conversar com a
sua fundadora e administradora, a senhora Gracinha. Finalmente, mesmo sem ter-lhe avisado previamente, hoje foi possível. Deu tudo certo!
(Foto: Joaquim Filho)
Mas quem é Gracinha?
Gracinha é o apelido carinhoso de Maria das Graças Santos, uma mulher de origem
humilde, que nasceu no povoado Morro dos Caboclos, em 1953, filha do casal
Elizabete Medeiros dos Santos e Miguel Augusto dos Santos. Aos 4 anos de idade
saiu do povoado o qual é oriunda para ir morar na cidade de Bernardo do Mearim –
que naquele tempo era chamado de São Bernardo e pertencia à cidade de Igarapé
Grande. Depois, quando chegou o período e a necessidade de ir à escola, Dona Gracinha
foi morar na cidade de Igarapé Grande, cidade esta que já teve como prefeito o
seu padrinho Joaquim Pinheiro, a quem durante a nossa conversa fez questão de
fazer boas referências ao padrinho político e à madrinha Socorro Pinheiro.
(CASI - Centro de Assistência Solidária ao Idoso, Rua Carlos Martins, nº 12/Foto: Joaquim Filho) |
Anos depois, com a
necessidade de morar em uma cidade mais evoluída, que pudesse lhe trazer
melhores condições de vida e oportunidades, Dona Gracinha veio morar na cidade
de Pedreiras, onde conseguiu estudar e concluir o seu ensino médio, no colégio
Corrêa de Araújo. Iniciou o curso de Serviço Social, mas devido a problema de
saúde de sua neta, teve que trancar o curso, mas é sua meta concluí-lo. Tem duas filhas: Karenn Cynthia (atual Secretária de Saúde de Pedreiras) e Jéssica Thais (Professora).
Foi
aqui em Pedreiras que ela também aprendeu a profissão de cabeleireira, e desde o
ano de 1975 que exerce com profissionalismo e habilidade, embora hoje pratique
com menos frequência do que antes, e com razões, as quais você saberá ainda
nessa matéria.
(Karenn Cynthia) |
(Jéssica Thais) |
(Foto: Maja Suane) |
Na qualidade de
cabeleireira, Dona Gracinha fez seu nome e história na cidade de Pedreiras e
região. Em vários locais já montou o seu salão, sendo o mais marcante na
Avenida Rio Branco, enfrente ao Supermercado São Raimundo. Sua clientela era
grande, gente de todas as camadas sociais frequentava o seu salão e com isso a
fez uma pessoa bastante conhecida e popular na cidade.
(Foto: Joaquim Filho) |
Mas um acontecimento da
vida real iria mudar a sua vida para sempre, iria lhe conduzir a caminhos
jamais imagináveis. E, assim, se deu uma história que o blog do Joaquim Filho
vai lhe contar a partir de agora e mostrar um lado da Dona Gracinha que o
destino vem escrevendo nas páginas do livro da sua vida até os dias de hoje.
(Foto: Joaquim Filho) |
Tudo aconteceu no ano
de 1996, quando Dona Gracinha ficou sabendo que um casal de velhinhos do Bairro
Goiabal vivia abandonado, com maus-tratos e vivendo uma vida subumana. Ela
disse que isso lhe incomodou ao saber dessa história e foi um dia visita-los
sem nenhum compromisso; e, ao chegar na casa humilde desse casal de velhinhos
não se contentou em ver a forma desumana que os dois estavam vivendo. Segundo
Dona Gracinha, a partir daquela cena a vida dela mudou para sempre, não tinha
como só ir visitar e voltar para casa sem ter atitude, partir para a ação e
fazer algo de concreto para dar uma vida digna para aquelas pessoas.
“Mas
Joaquim Filho, o que realmente me fez abraçar esse trabalho foi a ideologia que
eu sempre tive em minha vida, a de ser desapagada de dinheiro, de bens
materiais. Eu sempre trabalhei, sempre ganhei o meu dinheiro, mas nunca fui de
ser apegado à riqueza e nunca me preocupei em acumular patrimônio. Quando eu me
deparei a primeira vez com um caso de desumanidade, em ver seres humanos
vivendo como bicho, isso mexeu muito com o meu lado emotivo, e até hoje estou
aqui, como você está vendo e sabe do meu trabalho com os idosos em Pedreiras.”
(Foto: Joaquim Filho) |
Segundo Dona Gracinha,
depois de se deparar com essa realidade, procurou ajudar o casal com o apoio
das enfermeiras Marina e Barrêto (a segunda irmã do poeta João Barrêto), dois
exemplos de pessoas humanas; e foi o começo de tudo. Lembra-se de ter procurado
uma casa no Largo João do Vale para o casal morar. Depois começou a ajudar
alguns velhinhos e doentes no sentido de conseguirem aposentadorias ou
benefícios junto ao INSS, com a amizade que tinha com médicos, advogados,
políticos, juízes, promotores e pessoas esclarecidas que orientavam os caminhos
das pedras e livravam da burocracia que existe no órgão que concede os
benefícios previdenciários.
(Foto: Joaquim Filho) |
Dona Gracinha conta que
foi se envolvendo com esse trabalho voluntário de dar assistência aos idosos de
forma natural, e que quando menos esperava já estavam corpo e alma nessa missão
que a vida lhe havia proporcionado.
(Foto: Joaquim Filho) |
Em 1996, fundou o Centro de Assistência Solidária ao Idoso –
CASI, depois registrado legalmente em 1997, cujo CNPJ é o de número
02.534.578/0001-53, uma entidade filantrópica que atualmente, depois de ter
vários endereços na cidade, está localizado na Rua Carlos Martins, nº 12, no
Bairro Seringal, na cidade de Pedreiras, Estado do Maranhão.
(Foto: Joaquim Filho) |
Bem antes de chegar
onde está, no endereço atual, bem estruturado e com uma infraestrutura de dar
inveja a administrador de qualquer entidade, Dona Gracinha disse ao blog que
passou por vários lugares, e que durante essa trajetória de luta e trabalho,
muitas pessoas foram solidárias à causa e, sempre que está passando por
momentos difíceis, aparece à mão de Deus para dar uma solução. Poderia citar o
nome de muitas pessoas que nesse tempo todo de fundação do Centro foi importante,
mas com medo de incorrer no erro de esquecer alguém, não vai citar nomes, pois
o mais importante foi o apoio, e Deus sabe quem foram essas pessoas.
(Foto: Joaquim Filho) |
“Joaquim
Filho, até chegar onde estamos o Centro já teve vários endereços. Tudo teve
início na minha própria casa, na Rua José Borgneth, nº 12, no Conjunto
Seringal, na qual ficou 8 meses; depois foi para um prédio do João Atta, na Rua
Oscar Galvão; em seguida, para o prédio onde funcionou o Zezumbar, na Praça da
Bíblia, na Prainha, por dois anos; foi depois para uma casa na rua que mora o
Klebinho Branco e, por fim, com uma interferência da Promotoria de Justiça, na
pessoa da Dra. Lana Cristina, desde 199 que o Centro está no endereço atual.
Desde o governo de Dr. Lenoilson Passos que a Prefeitura de Pedreiras paga o
aluguel, a luz e a água. Faço questão de destacar aqui uma generosidade do
senhor João Atta: quando o Centro estava alugado no prédio que era dele, muitos
empresários foram comprar, mas ele disse que enquanto o Centro funcionasse lá,
ele não venderia para não ter que desabrigar os idosos.”
(Foto: Joaquim Filho) |
O Centro atualmente tem
12 idosos, que varia na faixa etária de 65 a 85. Os próprios idosos contribuem
com os seus benefícios de aposentadorias. Mas nem todos têm benefícios, pois
independente disso, o Centro não deixa de ampará-los nesse momento difícil de
suas vidas. Tudo que entra e sai é feito uma contabilidade, cujo contador é o
senhor Edson Ribeiro. Segundo Dona Gracinha, está preparada a qualquer tempo,
dia e hora, caso alguém duvide da sua idoneidade, a fazer uma auditoria no
Centro com a questão de entrada de ajuda em todos os sentidos. Duas pessoas,
além da Dona Gracinha prestam serviço no CASI, uma jovem por nome Naja e um
motorista. O Centro tem sido referência de estudo e pesquisa de escolas,
faculdades da cidade. O IFMA realizou o seu primeiro curso Cuidador de Idoso,
no Centro de Convivência dos Idosos com aulas teóricas, e as aulas práticas no
CASI. A casa está adequada de acordo com a determinação do Poder Judiciário e
teve como Engenheiro Cecé Bulhão no trabalho de adaptação.
(Foto: Joaquim Filho) |
Quando estávamos
terminando a nossa visita, Dona Gracinha fez questão de mencionar o nome do
Padre Zé Geraldo, pois disse que o religioso tem sido um grande parceiro, pois
tudo que consegue nas viagens ao Rio de Janeiro, doa ao Centro para ser
revestido na infraestrutura. Disse que não pode também deixar de agradecer ao
Poder Judiciário, na pessoa de Dr. Marco Adriano, sempre sensível e pronto para
fazer valer as leis em favor do CASI.
(Poeta Expedito Costa e Gracinha/Foto: Joaquim Filho) |
O CASI recebe muitas
visitas das Igrejas de todas as denominações, nas datas comemorativas são
feitas festas, danças, palestras, ação social, brincadeiras, momentos lúdicos,
etc. Quando estávamos realizando nossa visita, quem chegou foi o poeta Expedito
Costa.
(Foto: Joaquim Filho) |
O objetivo do CASI é
proporcionar uma vida digna para todos que ali se encontram. Desde o amanhecer
com o café da manhã, lanche na parte da manhã, almoço, lanche na parte da
tarde, jantar e uma sopa leve antes de dormir, banho, asseio pessoal, cuidados
com higiene, cômodos limpos e tudo que possa retratar o que Dona Gracinha falou
em sua entrevista, o blog do Joaquim Filho constatou “in loco”. Nossa visita
não foi programada e nem teve aviso antecipado. Foi uma surpresa.
(Foto: Joaquim Filho) |
Lembrou também uma
pessoa, que segundo Dona Gracinha, foi muito importante na criação do CASI, o
Ex-comandante do TG. 08.008, Sargento Furtado, que lhe deu muito apoio no ano de
1997.
(Foto: Joaquim Filho) |
“Nunca vou esquecer-me
das palavras do Sargento Furtado, quando me disse: ‘...Gracinha, depois que
você abraçar esse trabalho, você vai ser muito perseguida, caluniada e colocada sua imagem e nome em dúvida. Muita gente má, as pessoas da sociedade
não vão reconhecer pelo seu trabalho que vai fazer por esses idosos. Mas não se
preocupe que Deus lhe pagará por tudo que você fizer por eles...’
Parabéns pela ótima matéria Joaquim Filho, é esse tipo matéria, e cobertura jornalística que mostra o perfil da pessoa que você é. Brilhante!
ResponderExcluirBelíssima história poeta ,um lugar aconchegante, limpo e bem familiar parabéns à todos que fazem parte desse belíssimo trabalho 👏👏👏👏👏👏👏
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