segunda-feira, 12 de junho de 2017

DR. HERSCHELL CARVALHO: ELE FOI MEU DIRETOR

EMOÇÃO E ALEGRIA DO FILHO MARCELO ABREU AO VER ESTA FOTO QUE FIZ EXCLUSIVAMENTE PARA ELE, JORNALISTA PEDREIRENSE QUE MORA EM BRASÍLIA/DF. MARCELO FOI MEU COLEGA DE CLASSE. HÁ 40 ANOS EU NÃO O VEJO.


Por Marcelo Abreu

Uma justa homenagem ao meu pai 
Joaquim Filho Ferreira, amigo jornalista de Pedreiras, cidade distante 280 quilômetros da ilha de São Luís, me mandou há pouco esta foto. Uma Escola Municipal com o nome do meu pai. Lá, nessa cidade, antes de ele ir ser juiz titular da capital, foi juiz, diretor de escola pública e também professor de português e latim. Lutou como um visionário pela educação do município. Fez sonhos virarem realidade. Permitiu que prostitutas frequentassem a escola. Eram proibidas. Todo mundo tem que ser igual. Quebrou preconceitos de uma cidade. 

Aprendi muito com o meu pai. Nunca fui aluno dele. Nem era nascido nessa época. Sou filho caçula e temporão.
Adolescente, em São Luís, ele me passava redações e as corrigia. Nunca me deu dez. Nunca! Dizia sempre que eu precisava melhorar muuuuuuiiito. Era implacável nas correções. Dizia: "Lê, rapaz. Lê..."

Morreu muito moço, aos 67 anos. Eu tinha 21, acabava de me formar em jornalismo. Não teve tempo de ler nenhuma matéria minha. 

Por que, então, não escolhi assinar Marcelo Carvalho? (jornalistas geralmente escolhem apenas dois nomes, o primeiro e o último). Escolhi o do meio, homenagem à minha mãe. Ela vibrava. Guardava as reportagens de que mais gostava. Escondia-as nas coisas dos seus afetos. Ele certamente entendeu. Em cada matéria que escrevo, há muito dele. Sinto-o por perto. De onde estiver, certamente está lendo. Deve fazer muita observação. E deve dizer: "Ô, coisa lastimável..." Mas espero que tenha percebido que melhorei um bocadinho.

Papai foi o homem que, quando eu tinha 12 anos, na 6 serie do temido Colégio Batista, em São Luís, me deu pra ler a obra completa de Machado de Assis. Aos 14, me deu 'Confesso que vivi', de Neruda. Depois, 'Memórias de Adriano', de Margarite Youcenar. Madame Bovary, de Flaubert. E Camões, Pessoa, Bandeira, Drumomd, Vinicius, Cecília Meireles. Hoje, estão todos na minha casa. 

Me fez ouvir Frank Sinatra, Nat King Cole e Billie Holiday. Aos 18, me levou ao Teatro Nacional, já morávamos aqui em Brasília, na 105 Sul, para assistir a Bibi Ferreira cantando Piaf. Me mostrou o seu Rio de Janeiro, onde viveu sua mocidade. 

E me abriu, pra sempre, o conhecimento por meio de todos os livros que li e das viagens que fiz, com os pés fincados na ilha ou ainda em Brasília. 
Essa escola merece o teu nome, Herschell Carvalho. Que teus olhos azuis, meu pai, brilhem ainda mais.

2 comentários:

  1. Parabéns Joaquim pela Matéria sobre nosso saudoso Dr.Herschell.05/05/1975, aniversário dele? se não me falha a memória, desfile da banda do Bandeirantes.Quem tem fotos? Eu era da Banda e não tenho mais nenhuma foto.Foi o melhor diretor e professor de português que tive.Beijos aos familiares.

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