As tentativas de eliminar o dinheiro impresso já levaram muitas estratégias ao fracasso. Deste 1946, com o banqueiro John Biggins e seu cartão “Charg-it”, que marcou a primeira tentativa bancária de emitir um cartão que os clientes pudessem usar em mais de uma loja, até a tecnologia de aproximação NFC (Near Field Communication), presente nos principais aparelhos Smartphone recentes, não conseguiram desbancar o dinheiro em espécie, apesar da adesão de uma parte da população a estas novas formas de fazer pagamentos. Mas será que a população mundial resistirá aos impactos da Pandemia sem se submeter as Criptomoedas?
Antes do dinheiro havia o escambo. Este representava a troca direta de bens e serviços baseada na coincidência de desejo, sem um valor monetário específico. O fazendeiro que desejava um cabide e tinha ovos para oferecer, procurava o carpinteiro que tinha o cabide, mas este queria pães e não ovos. Então, o fazendeiro trocava os ovos por pães com o padeiro e os pães pelo cabide do carpinteiro. E todos ficavam com a sensação de ganho, pois haviam suprido seus desejos.
(Imagem ilustrativa Mega Curioso, retirada da Internet em 18.05.2020, às 9h)
No entanto os observadores não envolvidos em quaisquer dos desejos podiam fazer diferentes juízos de valores, como entender que o carpinteiro havia trabalhado muito para trocar seu produto por poucos pães; ou concluir, que o carpinteiro tinha mesmo que trocar, afinal o fazendeiro podia comer os ovos e o padeiro os pães, enquanto o carpinteiro não comeria o cabide; ou ainda, se o carpinteiro não tivesse se apressado trocaria seu cabide por muito mais pães, pois se o fazendeiro não trocasse os ovos e o padeiro os pães, estes estragariam e o cabide não.
Esta e outras formas de avaliar a prática do escambo estabeleciam a necessidade de encontrar algo que suprisse pelo menos três importantes aspectos: o primeiro, servisse de padrão de valor quando alguém precisasse avaliar quanto vale um bem ou serviço; segundo, facilitasse a troca de bens e serviços por representar o desejo de todos, não precisando que outras pessoas fossem inseridas no processo; e por último, funcionasse como reserva de valor, para que alguém pudesse adquiri-lo em um momento e não fosse obrigado a se desfazer logo, sob pena de deterioração.
(Imagem ilustrativa Sicoob Norte, retirada da Internet em 18.05.2020, às 9h10)
Surge o dinheiro, século VII a.C. na forma de moedas de prata e ouro, mesmo que antes e até depois nações negociassem, com outras formas de moedas como, conchas, pedras, camelos, sal (de onde vem a palavra salário), tabaco e outras. Mas seriam as moedas que iriam durar e se tornar mais universais. Apesar das moedas se tonarem muito mais utilizadas, elas mantinham a essência das demais a de ser Moeda-mercadoria, com valor em si mesmas.
Para o bom funcionamento do dinheiro ele seria, e ainda é, submetido a pelo menos cinco critérios principais: portabilidade, ou a facilidade de ser transportado de um lugar para o outro; durabilidade, não pode se dissolver na água como sal, morrer como o camelo ou se matar como os escravos; divisibilidade, a capacidade de ser fracionado, para pequenas negociações ou para a exatidão da definição de valor; estabilidade, capacidade de não sofrer demasiadamente alteração de valor com a passagem do tempo; e finalmente, aceitação, que as pessoas concordem que o dinheiro representa o que se espera que represente e estejam dispostas a trocar bens e serviços por ele.
As moedas-mercadoria de ouro e prata começaram a ter problemas com as grandes negociações e com o comércio internacional, tanto pelo custo e dificuldades de transporte, feitos geralmente em trens ou nas costas de animais, como pelas possibilidades de assaltos durante o transporte. Passou-se então a guardar o ouro na casa do ourives, e este dava um papel atestando a existência da quantidade e da qualidade do ouro em seu poder, pertencente ao portador do documento expedido, nascia aí, os fundamentos para a aceitação do dinheiro representativo; por outro lado, a mesma pessoa que tinha ouro na casa do ourives, oferecia evidência de que possuía muito mais em um outro lugar, mas estava esperando circunstancia favoráveis para trazê-lo. Convencido disto, o ourives espedia um outro papel atestando que este ouro existia, como se já estivesse em sua posse, nascia neste ato, o crédito.
As pessoas se acostumaram a negociar apenas com os recibos dos ourives e não mais com o ouro, mesmo sabendo que quando quisessem poderia resgatar seus recibos pelo ouro, todavia, não lhes interessava ter ouro em casa, visto que os papéis eram trocáveis por qualquer produto ou serviço. O mundo estava pronto para aceitar o papel-moeda, o dinheiro representativo e cada país poderia imprimir em papel (dinheiro) tanto quanto tivesse depositado em ouro. Era o dinheiro representativo com padrão ouro.
No início do século vinte duas barreiras se interpuseram ao dinheiro representativo, as guerras que interromperam as impressões sob correspondência do padrão ouro e a escassez do metal para ficar parado em depósito só para justificar a utilização do papel-moeda. Por isso, em 1933, Franklin Delano Roosevelt assinou uma ordem executiva transformava o dólar de dinheiro representativo para moeda fiduciária inconversível. Este novo conceito é utilizado até hoje em quase todo o mundo. A moeda fiduciária inconversível é o dinheiro em papel e virtual, como o valor na conta bancária, que não tem valor em si mesmo, como a moeda mercadoria, e não é resgatável como o dinheiro representativo, dispensando a existência de ouro ou qualquer produto real em depósito. É dinheiro, porque as autoridades governamentais dizem que é e todos os demais aceitam de boa-fé. Valor estabelecido por convenção social.
E quando isso vai mudar? Tentativas não faltaram até agora. A invenção e aperfeiçoamento dos cartões de créditos, apelidados de dinheiro de plástico, foi uma boa tentativa, caminha junto, mas não conseguiu superar o papel-moeda. Alegaram que o dinheiro passava de mão em mão por isso era algo não higiênico, mas o cartão também; alegaram que o dinheiro os assaltantes levavam, mas aconteceu o mesmo com os cartões; falhou a promessa de ser um dinheiro mais seguro quando na verdade se tornou apenas mais caro. Além do que, vez por outras os cartões falham, o velho papel-moeda não.
A Criptomoeda é uma moeda digital projetada para ser transferida entre pessoas em transações virtuais. Ela existe somente como dados e não como objeto físico, portanto não é possível realmente ter uma moeda ou cédula em mãos ou guardar uma porção delas no seu cofre. As mais utilizadas no mundo são: Bitcoin, a primeira criptomoeda é também a mais famosa e mais valiosa, com uma Capitalização de Mercado de US$115 bilhões; a Ethereum tem US$ 23 bilhões e a Ripple chega a US$ 21 bilhões. O maior gargalo a utilização deste tipo de dinheiro é a não universalização da internet.
A tecnologia de aproximação (NFC), presente nos principais aparelhos Smartphone, Cartões de Créditos, Relógios (Smartwatch) e pulseiras, ainda não conseguiu justificar para o que veio, tornar o uso do cartão tão barato quanto o do papel-moeda, ou aproximar as pessoas do conceito de Criptomoeda? A China está disposta a tudo para se tornar a maior economia do mundo, se vai conseguir ainda não dá para saber. Mas ela preparou um cenário muito favorável, tecnologia barata, domínio da internet 5G, tornou-se o maior mercado de mobile payment (pagamento operados sob regulamentação financeira e executados a partir de ou através de um dispositivo móvel) do mundo. Agora em abril, aproveitando a Pandemia, criada ou não por ela, a China a anuncia o golpe fatal no dinheiro de papel, que já circula em quantidade pequena no país. O Banco do Povo da China (BPC), equivalente ao Banco Central da China, anunciou que já testa uma criptomoeda soberana, o Digital Renminbi. Funciona como a bitcoin, mas com lastro em dinheiro de verdade, emitido pelo BPC. Em outras palavras, em muito pouco tempo não haverá mais papel-moeda na China e quem com ela quiser negociar terá que utilizar este mecanismo. O Digital Renminbi é a primeira criptomoeda de uma nação. Aparecendo com duas grandes motivações para o mundo, a não transmissão de doenças e o fim da lavagem de dinheiro, parece ideal para o Brasil, maior parceiro comercial da China neste momento.
Na opinião deste autor, Xi Jingping, tenta repetir o ato de Roosevelt, que transformou o dinheiro americano de moeda representativa para moeda fiduciária inconversível, e conseguiu fazer do Dólar, a moeda mais confiável do mundo, até então. Agora o presidente do partido comunista chinês, tenta transformar a moeda fiduciária inconversível da china em dinheiro digital, criptomoeda, certamente esperando conseguir resultados parecidos com o que
os EUA alcançaram. Mas com a suspeita de que a “guerra biológica não vai colar” e o prestígio da China com seu sistema de governo nunca produzirá um “sonho americano” e que ela venha sofrer sansões comerciais por responsabilidades com a Pandemia, somados ao fato do declínio mundial dos governos de esquerda, ainda não vai ser desta vez, que, o dinheiro como conhecemos vai desaparecer.
Pr. Walberto Magalhães Sales
Pastor Presidente da Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pedreiras; Bacharel em Teologia, Mestrando em Ministério Cristão; Licenciado em Letras, Especialista em Tecnologias Aplicadas a Educação e Educação à Distância; Pós-graduando em Administração Pública e Gestão Estratégica.
Excelente!
ResponderExcluirParabéns Boa reflexão!
ResponderExcluirTexto bem elaborado, mas extremamente, tendencioso. "O sonho americano", consumo puro: não é bem isso que Cristo pregava.
ResponderExcluirQuanto à circulação de papel moeda, o texto mostra, explicitamente, nas entrelinhas, que o dinheiro em espécie, é mais difícil de ser rastreado. Para as igrejas que não pagam tributos, é excelente. Já a contribuição por cartão, ou qualquer outro dispositivo que tramite valores, em conta corrente de bancos ou em moedas virtuais, mostraria com facilidade, as quantias exorbitantes, movimentados pelas igrejas.
Outro ponto forte, facilmente observado na escrita do Pastor, é a aversão e a agressão a o que ele considera de esquerda. Transcrevo aqui a parte final do texto:
"Mas com a suspeita de que a “guerra biológica não vai colar” e o prestígio da China com seu sistema de governo nunca produzirá um “sonho americano” e que ela venha sofrer sansões comerciais por responsabilidades com a Pandemia, somados ao fato do declínio mundial dos governos de esquerda, ainda não vai ser desta vez, que, o dinheiro como conhecemos vai desaparecer."
"Responsabilidade com a pandemia", é irresponsável a afirmação. "Declínio dos governos de esquerda", falta substância nessa certeza.
Não esqueça o "milagre dos pães"! Bem COMUNISTA, não?