domingo, 14 de março de 2021

PEDREIRENSES PELO MUNDO: Coluna do Allan Roberth

 INVISIBILIDADE SOCIAL

A recente revolução tecnológica pela qual vem passando o planeta, e diga-se de passagem, retardada, em países de terceiro mundo como o Brasil, tem permitido a muita gente o acesso à informação através das redes sociais, favorecendo a muitos sair do anonimato e de uma hora para a outra tornarem-se conhecidos e famosos. 

(Imagem ilustrativa, retirada do Google Imagem, em 13.03.2021, às 22h13)

Hoje não é raro ouvir expressões como “viralizou”; “bombou” para vídeos, fotos e todo tipo de material produzido por gente simples que tendo apenas um celular com câmera e acesso à internet conseguem ser vistos por milhões de pessoas no mundo inteiro. São produções pessoais, mostrando talentos ou mesmo cenas onde se tem a sorte de estar presente em determinado local e conseguir registrar algo inédito, fantástico; seja inusitado, trágico ou banal, embora estejam presentes também a bizarrice, a realidade dura e crua, o humor, o talento.

Conseguir sair do anonimato e tornar-se famoso, ter sucesso, tem permeado os sonhos de muitos jovens motivados por “influenciadores digitais” que em sua maioria são levados por uma paixão por moda, desenhos, jogos, músicas e outras paixões, mas também por projetos sociais dignos de louvores. Assim, muitos conseguem a tal sonhada fama, de repente, transformam suas vidas.

Em contrapartida ao fato de hoje muitos buscarem ser vistos, prestigiados, uma boa parcela da sociedade continua invisível. São os renegados, aqueles deixados de lado por conta da situação social, da geografia, da incapacidade, da profissão. E eles são muitos. Estão espalhados pelos mais longínquos recônditos desse pais continental, mas também estão pelas ruas das grandes cidades, nas periferias, nos guetos do mundo. 

(Imagem ilustrativa, retirada do Google Imagem - Pinterest - em 13.03.2021, às 22h21)

No âmbito tecnológico, são os idosos que não acompanham a tecnologia e ficam literalmente “a ver navios”. No âmbito geográfico são os milhares de pessoas moradoras de lugares onde as antenas não alcançam, são também aqueles que não podem pagar por acesso à internet. Não raro vemos em cidades pequenas e nos meios mais carentes cenas de jovens que se aglomeram próximos de residências ou empresas que dispõem de "wi-fi" para conseguirem acessar as tais redes sociais. 

(Foto ilustrativa, retirada do Google Image, fonte Minuto Psicologia, em 13.03.2021, às 22h26)

Aliado à tal fato percebemos claramente na sociedade brasileira a renegação de profissões cujos representantes são completamente “invisíveis” mesmo sendo primordiais para a tal teia social. No livro “Homens invisíveis – Retratos de uma humilhação social” o psicólogo Fernando Braga, doutor pela USP relata a experiência que viveu durante cinco anos fruto de sua pesquisa para   dissertação de mestrado e posteriormente para a tese de doutorado; “Garis – um estudo de psicologia sobre invisibilidade pública”.  O mesmo se vestiu de gari e num período do dia de duas a três vezes por semana varreu o campus da cidade universitária e diz ter sido ignorado por colegas de curso, professores e funcionários da universidade. 

(Foto ilustrativa, retirada do Google Imagem, fonte Dom Total, em 13.03.2021, às 22h30)

O padre Júlio Lancellotti, pároco da Paróquia São Miguel Arcanjo no bairro da Moóca na capital paulista, que há anos faz pastoral com os moradores de rua e que recentemente ganhou o 7º prêmio de Direitos Humanos Dom Evaristo Arns, é conhecido pela alcunha de “irmão dos invisíveis”. O sacerdote diz que para quem vive em situação de rua, uma coisa que ele percebe claramente provocar alegria naquelas pessoas é o simples fato de ser conhecido, de ser chamado pelo nome. 

A realidade é que todos gostamos de ser percebidos, de sermos vistos e para isso procuramos nos destacar, nos diferenciar. Quando isso não acontece, resta-nos a “invisibilidade” que de certa forma poderá tornar-se visível embora seja de forma trágica ou mesmo reprovável.




























7 comentários:

  1. Interessante o tema abordado pelo conterrâneo Allan Roberth: a invisibilidade social. Ouso complementar dizendo que o avanço tecnológico somente "criou" novas formas de invisibilidade uma vez que ela sempre habitou por entre nós.

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  2. Muito bom o seu texto, nobre amigo Allan Roberth. Parabéns! Digno de um excelente debate e reflexão sobre o tema. Pena que uma grande parte dos brasileiros está voltada para a questão direita e esquerda, no que diz respeito à politicagem no Brasil. Temas interessantes como este seria de grande monta um diálogo.

    Professor Naldo

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  3. É preciso jogarmos luz nas invisibilidades sociais, pois VER O OUTRO é fundamental para nossa condição de SER HUMANO. Esta matéria traz luz através das reflexões que deixa. Muito bom, Allan!!! 🥰

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  4. É preciso jogarmos luz nas invisibilidades sociais, pois VER O OUTRO é fundamental para nossa condição de SER HUMANO. Esta matéria traz luz através das reflexões que deixa. Muito bom, Allan!!! 🥰

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  5. É preciso jogarmos luz nas invisibilidades sociais, pois VER O OUTRO é fundamental para nossa condição de SER HUMANO. Esta matéria traz luz através das reflexões que deixa. Muito bom, Allan!!! 🥰

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  6. É preciso jogarmos luz nas invisibilidades sociais, pois VER O OUTRO é fundamental para nossa condição de SER HUMANO. Esta matéria traz luz através das reflexões que deixa. Muito bom, Allan!!! 🥰

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  7. É preciso jogarmos luz nas invisibilidades para que possamos ver o outro, isso nos faz ser verdadeiramente seres humanos! Este texto se luz ao nos levar refletir sobre essa questão. Muito bom, Allan! 🥰

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