RÁDIO
A comunicação sempre foi um aspecto importante e uma necessidade na vida do homem; ouvir e ser ouvido, transmitir informação, diversão, entretenimento e alcançar cada vez mais ouvintes e apreciadores foi sempre um desejo humano. As primeiras manifestações desse desejo foram as fumaças, as pinturas rupestres, a iconografia no âmbito cristão, até o aparecimento da escrita onde as cartas desempenharam papel fundamental nas relações humanas.
Considerando que infelizmente até em pleno século XXI em que vivemos, ler e escrever continua sendo privilégio de alguns o rádio continua sendo um espetacular instrumento de comunicação a atingir milhões de pessoas no mundo todo. A feita do físico e inventor italiano Guglielmo Marconi (1874-1937) se popularizou de tal forma que hoje alcança os recônditos rincões do Brasil e do mundo.
Aqui no nordeste brasileiro e mais especificamente no Maranhão podemos considerar que o rádio foi o meio de comunicação mais acessível, pois pela acessibilidade e alcance que o mesmo tem, permite sua utilização por pessoas de classes sociais diferentes, estejam elas nas cidades ou nos interiores.
O aparelho tinha lugar de destaque na sala e geralmente ficava sobre uma mesa coberta com uma toalha plástica ou mesmo de tecido e ocupava lugar de destaque. Quem não lembra dos antigos Semp Toshiba, Philipps, ABC a voz de ouro, Canarinho, Motorádio? Tinham os chamados casco de jabuti que eram maiores e os famosos “portáteis” que acompanhavam os donos por onde fossem.
Lembrando desse cenário, abro um parágrafo para contar uma história engraçada sobre o roubo de um aparelho desses.
Conta-se que pros lados da rua Miguel Atta, uma senhora ligou o rádio que ficava na sala e foi para o quintal lavar umas roupas. O malandro passou na porta da casa e percebeu que somente o aparelho tocava ali. Pensou, pensou e gritou lá de fora:
- Eu desligo????
A dona da casa achando que era alguém da família responde gritando também:
- Desliga...
O sabidão, desligou o radio, pôs no ombro e se foi...
Importante registrar que em Pedreiras funcionou ainda nos anos 60 uma rádio chamada “Rádio Mearim de Pedreiras” por iniciativa da família Borgneth. E ai, até os anos 80 quando surgiu a rádio local, ouvia-se muito as de fora. As campeãs de audiência eram; Rádio Globo e Tupi do Rio de Janeiro, Rádio Nacional de Brasília, Rádio Sociedade de Salvador, Rádio Clube de Recife, Rádios Marajoara e Liberal de Belém do Pará, Rádios Difusora, Timbira, Ribamar e Gurupi da nossa capital, São Luís. Rádios Clube e Pioneira de Teresina e Verdes Mares de Fortaleza.
De todas elas, porém, marcou bastante a nossa cidade, a Rádio Nacional de Brasília com seus locutores Márcia Ferreira e Edelson Moura e o programa “Pergunte o que quiser”, sucesso de audiência por muitos anos. Em outros programas dessa rádio era possível também encontrar o grande amor da sua vida através de cartas onde a pessoa mandava as indicações de como queria seu par e mandava o endereço para troca de correspondências. Outro serviço bastante procurado por lá era o de procura por pessoas desaparecidas.
Na região do médio Mearim surge inicialmente a famosa rádio Jainara de Bacabal que foi muito ouvida por alguns anos até que no ano de 1984 surge para a alegria de todos, a sensacional Rádio Cultura de Pedreiras. Inicialmente operando em fase de teste seguia uma programação inteiramente musical.
Depois de autorizada o sucesso foi total com programas diversificados e com muito alto astral apresentados por expoentes da comunicação pedreirense como Luiz do Pagode, Sônia Regina, Darlan Pereira, Janimeire, Sandro Wagner, Allan Roberto, Beto Cantanhede e outros. Pronto, já não se ouvia mais as rádios de fora e os programas locais eram sucesso absoluto.
Quem não lembra do programa das 5 da manhã onde o locutor com voz de velho nordestino apresentava os forrós antigos para o homem da zona rural? O público mais jovem curtia os sucessos nacionais tocados no Brasil inteiro. Como marca desse período ficaram Jany e Herondy com a música “Siga seu rumo”, Vando com “Fogo e Paixão”, Alceu Valença com “Morena Tropicana, Adriana com “Y love you baby”, Kid Abelha, Paralamas do Sucesso, Blitz, e as internacionais; Scorpions, Lionel Richie e outros....
A programação se encerrava com o fantástico programa “Saudade não tem idade” das vinte e duas à meia noite apresentado pelo inesquecível e marcante Beto Cantanhede com sua voz poderosa. O Programa tocava sucessos do passado e não faltava Nelson Gonçalves, Diana, Ângela Maria, Agnaldo Timóteo, Altemar Dutra e outros.
Nos anos 90 surgiram as rádios atuais que são excelentes instrumentos de comunicação para a cidade e região. Dentre elas a marcante Rádio Cidade em atividade até hoje. O rádio então marca Pedreiras e sua história e encanta até hoje sua gente comunicativa e talentosa.
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