Carnaval como nos velhos tempos ainda é possível?
Não costumamos mais sair na noite. Essa fase de festas, baladas e noitadas é-nos cousas de um passado não tão distante da nossa vida de homem nem jovem e nem velho. Mas vez por outra, quando dá-nos vontade, saímos... Ganhamos asas e damos voos altos e rasantes como dizemos no nosso poema: "...Quero viver Pedreiras, de noite e de dia, na tristeza e na alegria..."
Neste sábado após chegarmos de um pedal de Lima Campos, tomarmos um banho, jantamos (não é sempre) e convidamos minha esposa para sairmos. Ela nos disse que preferia ficar em casa, mas se eu estava com vontade, sem problemas. Essa era a mulher que sonhávamos. Digo assim, porque o fato de um homem casado ou uma mulher sair, sozinho, de casa, não significa passaporte para a liberdade de fazer o quer, ou aprontar.
Sair para poder ir a um barzinho, encontrar alguns amigos (de verdade) e poder estar com eles, tomando uma cerveja, um suco ou uma água, ao gosto e preferências de cada um, regado a um bom bate-papo de alto nível.
Ontem a noite quando saímos de casa, nós tínhamos um foco, um roteiro: a casa do casal de amigos o Lordship Edimundo e sua digníssima consorte Rejane Freire. Já estava combinado. Havíamos acertado para tomarmos umas 'verdinhas', digo, umas Heineken, com batatinha frita, torresmo com farinha, cachorro quente, misto, hambúrguer e tudo que tínhamos direito. O pedal da tardinha-noite havia nos deixado com fome.
Sentados na porta onde chamamos de "senadinho", demos início aos trabalhos. Então, desce cerveja, conversa vai, conversa vem e eis que de repente chegou o nosso amigo Reginaldo, o popular cidadão de bem e credibilidade, "Leite Quente", acompanhado do seu filho; e, paulatinamente, Marcus Vinicius, Sisnaldo e sua esposa Neide, "Lorinho" e o irmão Francisco. Além de já estarem ao local, nós, Edimundo, Rejane e Francisco Neto. Pauta: política local e outros assuntos.
Desce cerveja, conversa rolando solta até a zero hora e trinta já da madrugada de domingo. Aos poucos cada um pegou o seu rumo que nós suponhamos que tenha sido para as suas casas dormirem. Menos nós, pois na hora que entramos no carro veio aquele espírito de poeta noturno e como um guardião da noite circulamos ainda pela cidade.
Fomos sentido ao bairro do Engenho. O movimento da praça Nossa Senhora das Graças já estava calmo, cessando. Seguimos até a entrada da cidade, no perímetro do posto Campeão até o clube que era do empresário Jaílson Rocha, que atualmente, pertence a uma empresária local. Confessamos sem exagero que naquela avenida nós nunca tínhamos visto tanto carro, moto e gente. Passamos quase 20 minutos para transitar ali. Os bares super lotados. Não havia espaço nem para estacionar uma bicicleta.
Qual a conclusão que o blog do Joaquim Filho faz disso? A nossa análise é a de que CARNAVAL é, sempre foi e sempre será a festa mais popular do Brasil e pertence ao povo. E, diga-se de passagem, ao POVÃO, essa gente marginalizada, privada dos privilégios de ter acesso livre e democrático em alguns lugares sociais e ditos elitizados onde se fazem segregação de raça, cor e condições financeiras. O Apartheid ainda reina.
Então, ao ver toda aquela gente, mesmo contrariando o momento de pandemia, havia no corpo e na alma daquelas pessoas a sede da diversão, porque o mal não está no local, está dentro do coração de quem vai para perturbar a brincadeira.
Finalmente, conseguimos estacionar quase perto da rotatória da Avenida João do Vale. Caminhamos até o clube, ficamos lá parado, vendo a grande movimentação, a avalanche de gente nos arredores do espaço de lazer.
Encontramos amigos e amigas. Vimos casais que nós fizemos o casamento que seguem unidos e felizes. Vimos jovens na flor da idade na fila para comprar a pulseira de entrada ao valor de R$. 40,00 (quarenta reais).
Não chegamos a entrar. Ficamos pelos arredores da portaria, que foi-nos o suficiente para observarmos fora e imaginar como estaria lá dentro. Foi aí que nós soubemos que o evento era de responsabilidade do senhor "Goiana", a quem não o conhecemos pessoalmente.
Para concluirmos. O que nós vimos ontem na entrada da cidade de Pedreiras, na prática, é o que nós sempre tivemos em tese: Prefeitura e município nenhum do Brasil tem obrigação de promover Carnaval, e sim dá incentivo aos foliões. É obrigação dos municípios promoverem saúde, emprego, segurança, educação, apoiar a cultura e seus artistas locais, investir no social e moradia. Quanta injustiça um município gastar milhares e até milhões de reais em um país onde as pessoas passam fome e morrem nos corredores de um hospital ou dentro de uma ambulância com os municípios brincando de fazer saúde de qualidade. Deixem que o povo brinque e promova o seu Carnaval como bem quiser e puder, pois isso dar-se-á no quintal, dentro ou na porta da casa do folião; na esquina, nas ruas, praças e avenidas; nos bares, clubes, praias, balneários, sítios, chácaras, enfim.
Em Pedreiras, na primeira noite, nosso Carnaval foi salvo pelo barulho do gongo do "Goiano", que embora não sabemos quem seja, merece nossos parabéns!
Joaquim Ferreira Filho
Da Academia Pedreirense de Letras - APL.
Nenhum comentário:
Postar um comentário