sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

COLUNA DO CONFRADE DR. ALLAN ROBERTO

 Mearim: a indústria da enchente.


(Dr. Allan Roberto, membro-fundador da Academia Pedreirense de Letras - APL/Foto de Joaquim Filho)

Novamente as chuvas desmoronam com mais quantidade nessa época do ano e já se prenuncia a esperada e famosa enchente do nosso querido e afamado Rio Mearim que desabriga centenas de nossas famílias em Pedreiras e Trizidela do Vale causando prejuízos públicos, sociais e pessoais incontáveis. 

E sendo este ano terminado em 04 (quatro)(2024), pela tradição e mito populares espera-se  uma enchente maior do que as rotineiras, pois as dos anos terminados em 04 são mais volumosas e devastadoras, tais como a de 1974, a maior delas dos anos contemporâneos, ou a de 1994 e 2004, por exemplo. 

Mas eu quero ressaltar aqui é a verdadeira  INDÚSTRIA que ao longo de décadas têm-se feito das cheias do Mearim. E isso me envergonha e me revolta!!! Vou apenas dar um exemplo: nessas épocas é decretado estado de calamidade pública e toda despesa de prefeitura é realizada sem licitação. Se as prefeituras já desviam dinheiro público com a obrigação de licitações, imaginem sem essas!?… É um passaporte para a corrupção e desvio de recursos públicos!

Os prefeitos já se viciaram em receber milionárias verbas extras para o socorro dos desabrigados e outras benesses públicas mais dos governos Estadual e Federal. Os cofres das prefeituras se abarrotam dessas verbas. 

E tem algo pior e mais vergonhoso que me revolta ainda mais: a própria população e os atingidos pela enchente já se acostumaram à mesma como parasitas: recebem roupas, agasalhos, colchonetes, colchões, cestas básicas e uma parte dessa população negocia esses itens que vêm para seu socorro e esta mesma população desabrigada juntamente com o resto da cidade fazem festa dia, noite e madrugada dentro das áreas alagadas. Isto é: o que para o resto do Brasil é visto pelo que a mídia divulga como tragédia é encarado pelo nosso povo como motivo de tomar cachaça e fazer festas! (tudo o que relato aqui eu já presenciei inúmeras vezes!) 

Recobremos à História: Dr. Josélio Carvalho Branco no final da década de 60 quando foi prefeito de Pedreiras tentou acabar com essa malfadada enchente anual com uma ousada obra de engenharia para a época e ainda hoje para a modernidade é ousada, que foi o canal do Major Lucena. Pensaram os engenheiros da época contratados pelo jovem médico prefeito que dividindo o leito do rio no início da cidade, dividiria o impacto das águas e evitaria a enchente. A ideia não deu certo. O mesmo jovem prefeito Josélio criou o bairro do Goiabal comprando briga com o pároco da cidade da época, Monsenhor Gerson Nunes Freire, irmão do Governador do Estado, para tirar ribeirinhos de áreas alagadiças. 

O jovem e também médico, prefeito, Kléber Carvalho Branco criou os bairros do Mutirão, Diogo e a parte alta da rua Maneco Rego, denominada Morro dos Barões, para também abrigar ribeirinhos e retirá-los de áreas alagadiças. O Prefeito Josenil Nascimento criou o Bairro Jerusalém na Trizidela, quando ainda mero bairro de Pedreiras,  para o mesmo fim. E por último o ex-prefeito de Trizidela do Vale, Janio Balé, criou o bairro Monte Cristo para abrigar populares que perderam suas casas por conta das águas do Mearim. 

Vemos então que na atualidade somente Janio Balé teve a iniciativa de atos visionários como o dos doutores Josélio e Kléber e do ex-prefeito Josenil Nascimento. O que os demais prefeitos de Pedreiras e Trizidela fizeram? Nada! 

Temos agora a iminência de uma grande tragedia por falta de responsabilidade desses prefeitos e do Governo Federal. A barragem do Rio Flores não tem manutenção há décadas e está com o seu maquinário e estrutura toda comprometida. E a qualquer momento pode se romper e uma tragédia de grandes proporções pode acontecer... 

Outra tragédia anual é usar as escolas públicas estaduais e municipais como abrigos para a população desabrigada. Absurdo gigante!!! Prejudicam os estudantes e depredam as escolas. Já passou da hora de construírem abrigos fixos para esses desabrigados ou as duas prefeituras em consórcio investirem numa estrutura montável/ desmontável para servir de abrigo provisório na época das cheias para que não tragam prejuízo para as escolas e aos alunos da rede pública. 

Reflitamos e vejamos que a cheia do Rio Mearim tornou-se uma indústria interessante à classe política, aos governos, aos desabrigados, (pasmem!) e a população em geral.  Isso para mim, é que é a verdadeira "calamidade pública"!!!

Allan Roberto Costa Silva- Cidadão Pedreirense.


















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