quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

ESCRITOR E PROFESSOR MARCO LUCCHESI TOMA POSSE COMO PRESIDENTE DA ABL

OCUPANTE DA CADEIRA Nº15,
IMORTAL É O MAIS JOVEM NA
 FUNÇÃO NOS ÚLTIMOS 70 ANOS
(Marco Lucchesi/Foto: O Globo) 
Poeta, escritor, romancista, ensaísta, tradutor e ocupante da cadeira nº 15 da Academia Brasileira de Letras, Marco Lucchesi também é conhecido por sua militância na área dos direitos humanos. E é com essa bagagem que ele tomou posse, hoje, às 17h, no Salão Nobre do Petit Trianon, como presidente da instituição para o ano de 2018. Eleito no último dia 7 (à frente de uma nova diretoria que incluirá Alberto da Costa e Silva, secretário-geral; Ana Maria Machado, primeira-secretária; Merval Pereira, segundo-secretário; e Edmar Bacha, tesoureiro), ele garante que sua gestão não ficará alheia à crise humanitária vivida no Rio e no Brasil. Seu objetivo é aprofundar ainda mais os projetos sociais da casa.

— Não quero dizer que a ABL vai tomar posturas que não fazem parte das suas atribuições, mas, nesse momento desafiador para o país e para a cidade, todas as instituições devem se preocupar com o trabalho social, cada qual ao seu modo — diz o novo presidente. — Precisamos atingir a paz social, e a paz não se alcança, se conquista. A gente não vai mudar o mundo nem a cidade, mas a ABL, dentro da sua atuação cultural e sabendo manter distância da política partidária, pode contribuir muito.

PROJETOS EM PRESÍDIOS

Segundo Lucchesi, não se trata de uma ruptura com a administração anterior, mas, sim, de uma continuação.
— Queremos dar continuidade aos projetos que o Domício Proença Filho (antecessor de Lucchesi) vem colocando em prática, como a preparação de quadros capazes de articular a construção de bibliotecas em comunidades — lembra o presidente. — A Academia tem um valor muito interessante, forjado no imaginário da nação, que é a capacidade de convívio das diferentes visões.

Aos 54 anos, Lucchesi é o mais jovem presidente da ABL dos últimos 70 anos (o mais novo da história é Pedro Calmon, que assumiu em 1945, aos 43 anos). Professor titular de Literatura Comparada da UFRJ, com pós-doutorado em Filosofia da Renascença na Alemanha, ele lançou recentemente uma coletânea de poesias (“Clio”, segundo lugar do Prêmio Jabuti 2015) e um livro de ensaios (“Carteiro imaterial”, de 2016).

Além de multiplicar trabalhos de tradução (verteu para o português autores como os italianos Umberto Eco e Primo Levi), Lucchesi também dedica parte do seu tempo a projetos literários e educacionais em presídios do Rio de Janeiro.

— Em 2001, recebi a carta de um detento pedindo livros, dizendo que “a literatura é a irmã gêmea da liberdade” — conta. — Fiquei muito impactado com a frase e, desde então, me dedico a projetos em presídios. É preciso tirar essa ideia de masmorra e dar dignidade aos presos. Alguns chegam muito jovens e saem de lá sem ter tido acesso à escola. Se pudermos ampliar seus estudos, o tempo deles lá dentro não será tão perdido.

O imortal Antônio Carlos Secchin acredita que a eleição de Marco Lucchesi sinaliza uma perspectiva de renovação da Academia.

— Não devido à idade do novo presidente, mas por sua visada humanista embasada em grande erudição associada à grande capacidade de trabalho, e por sua índole democrática e agregadora — diz. — Homem de letras no sentido mais amplo da expressão, Lucchesi saberá conciliar o zelo para com nosso patrimônio à acolhida de novos valores e formas de expressão, garantindo à Casa permanecer na linha de frente das instituições efetivamente comprometidas com a difusão qualificada da literatura e da cultura do país.

Fonte: ABL


 

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