terça-feira, 20 de março de 2018

Hoje é o aniversário da Luíza do Restaurante João do Vale!

Café com Joaquim Filho
(Vídeo: Joaquim Filho)

Dia 20 de março é uma data especial para a arte e a cultura de Pedreiras e Trizidela do Vale-MA, pois nesse dia, celebramos com júbilo o nascimento de uma mulher que há anos vem marcando a história dessas duas cidades através da sua caminhada de vida e pela longa amizade e convivência que sempre teve com os artistas e os boêmios da cidade, sendo o maior deles, o poeta e cantador João do Vale, com quem teve um relacionamento por longos 16 anos. Portanto, estamos falando de uma pessoa que como ninguém, sabe muito da vida do maranhense do século vinte.


Movido pela amizade, o carinho e o respeito que nos une já um bom tempo, o blog do Joaquim Filho fez-lhe uma visita nessa manhã de terça-feira e com Luíza teve uma longa conversa sobre sua vida em diversos aspectos. São 75 anos de vida e, com certeza, ninguém conta sua vida de 75 anos em um vídeo de menos de 5 minutos, mas por cima, Luíza falou um pouco aos nossos leitores da alegria de ter chegado até aqui, com saúde, cheia de vida e mais que isso, uma mulher que descobriu o verdadeiro amor de Deus, a quem agora serve com alegra e prazer. 

(Blog do Joaquim Filho em um "bate-papo" descontraído com Luíza, aniversariante do dia/Foto: Jô)

Por conhecer muito sobre a trajetória de vida e obra de João do Vale, Luíza muito já contribuiu para entrevistas, pesquisas, trabalhos, monografias, projetos, vídeos e fotografias para muitas pessoas que já passaram em seu restaurante investigando detalhes sobre João. Para nós mesmo, quando fizemos nosso trabalho de conclusão de curso superior na área de Letras, Luíza foi se suma importância com informações precisas para a elaboração da pesquisa. 
   


Essa foi a grande contribuição que Luíza dera para a realização da nossa monografia sobre vida e obra de João do Vale

Uma paixão à primeira vista

No dia 28 de setembro de 2010, por volta das quatro horas da tarde, entrevistou-se Luíza Carlos de Sousa Loiola, 67 anos, conhecida como Luíza, residente e domiciliada na Rua Beira Rio, nº 58, às margens da Praia do Major Lucena, proprietária do restaurante “João do Vale”, que funciona no mesmo endereço, conhecido como o mais famoso e popular de Pedreiras e Trizidela do Vale.

Contou Luiza que em 1982, na primeira campanha política do ex-prefeito de Pedreiras, Dr. Pedro Barroso, tinha um bar-restaurante chamado de Sobradinho, localizado na Rua São Joaquim, época em que a Tresidela era ainda um bairro de Pedreiras, e que por volta das quatro horas da tarde recebeu a visita de dois senhores, perguntando-lhe se tinha algo para comer. Em seguida, disseram que gostariam de comer peixe. Os dois comeram e beberam até entrar pela noite daquele mesmo dia. As duas personalidades eram o oficial de justiça, poeta e compositor Diouro e João do Vale que, pela primeira vez visitava o restaurante e bar Sobradinho de Luiza.
Em dado momento Diouro apresentou João do Vale à Luiza.
- Tu tem marido, mulher?
- Tenho não.
- Pois acabou de encontrar um.

 A relação de João do Vale com Luiza teria sido paixão à primeira vista! Desse dia em diante, conta Luiza que o João ficou viciado no restaurante e no tempero da comida que ela oferecia para ele.

Luiza sabia que existia João do Vale, que era um compositor famoso e que fazia muito sucesso no Rio de Janeiro e em São Paulo com as suas composições que tocavam em todas as rádios do país. Luiza conheceu João do Vale no período da realização do festejo de São Benedito; ele tinha vindo a Pedreiras fazer o lançamento da música que havia feito em homenagem ao padroeiro, canção essa solicitada pelo pároco da época, o então Pe. Jacinto Brito, atualmente Bispo de Cratéus-CE.

Para o lançamento da música em Pedreiras, João do Vale trouxe consigo o amigo e intérprete Ary Lobo que ficou na terra de João por uma semana. “Era direto na casa do Milfon, dono de uma voz que existia em Pedreiras, e no meu restaurante”. (ENTREVISTA COM LOIOLA, 2010). Muitos foram os momentos que Luiza viveu ao lado de João do Vale: conta que no ano de 1995 foi com ele para São Luís, no carro do taxista Renê; ficou com ele o fim de semana, hospedaram-se no Hotel São Francisco. Na segunda-feira, João foi para o Rio de Janeiro e Luiza retornou para Pedreiras, acompanhada de sua filha Sandra.
No ano de 1992, os artistas de São Luís fizeram uma homenagem a João pela passagem do seu aniversário, no teatro que tem o seu nome, e mais uma vez Luiza esteve ao lado de João naquela grande festa oferecida ao poeta. Luiza falou que o nome do restaurante é uma homenagem a ele, que foi uma ideia de Lourenço Pinheiro. Ao colocar o nome no restaurante, ligou para João e lhe disse: - João, sabe como é o nome do meu restaurante? João do Vale, é em tua homenagem. João adorou e lhe disse que em três dias chegaria para a inauguração. Nessa época o restaurante funcionava próximo a ponte, bem em frente a farmácia de Lourenço Pinheiro, um ser humano extraordinário, filho do saudoso Joaquim Pinheiro, que hoje mora em São Luís do Maranhão.
Luiza emocionada falou da maior surpresa que João do Vale lhe fez:

Todas as noites quando eu ia dormir, gostava de ouvir a Rádio Nacional de Brasília. Naquela época existiam os programas de auditório, ainda não existia a televisão. Só sei que o telefone tocou; fui atender era o Luiz Guide, empresário de João do Vale, me avisando que estava com o João no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, assistindo a uma orquestra sinfônica, e que ele iria falar na rádio e que iria mandar um alô para mim. Antes que João falasse, o locutor toda hora falava meu nome ‘Luiza lá de Pedreiras no Maranhão, um abraço’. Em seguida, o João entra falando e diz: ‘Alô, Luiza, meu amor, prepara uns mandis que eu estou chegando. Uma semana depois ele chegou a Pedreiras e eu fiz um churrasco para ele no Sobradinho, em 1991, que contou com a presença de amigos, artistas, inclusive o Chico Viola. (ENTREVISTA COM LOIOLA, 2010).

Perguntou-se como era o João do Vale:

João do Vale era uma pessoa boa de se “lutar” com ele. Tinha momento que ele era muito malcriado. Educado quando queria ser. Era farto, não tinha pena de nada, não reclamava da vida e de nada. Gostava de contar piadas e era muito horrível entender o que ele falava. Ficava muito feliz quando estava ao lado dos amigos de Pedreiras: Diouro, Josélio, Salvador, Zé Pequeno, Kleber, Pedro Barroso, João Piston, Melico e Zezinho. (ENTREVISTA COM LOIOLA, 2010).  


(As vizinhas de barraca no Balneário Major Lucena: Nenem (a esquerda) e Jô (a direita). Ao centro, Luíza/Foto: Paola)


Fotos de Jô e Paola

















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