terça-feira, 19 de março de 2019

Marcos Vinicius: Na hora da morte, ele está presente!

"É melhor ir a uma casa onde há luto do que uma casa em festa, pois a morte é o destino de todos; os vivos devem levar isso a sério...!"
Eclesiastes 7:2
(Marcos Vinícius Oliveira Silva, no velório da Senhora Silvana, na Rua da Independência, 157, Pedreiras-MA, às 10h do dia 19.03.2019/Foto: Joaquim Filho)


(Vídeo: Dionata Almeida)

Há mais ou menos uns quinze dias, o Excelentíssimo Senhor Prefeito Municipal de Pedreiras, Antônio França, enviou-me no privado do meu "Whatsapp" um áudio que dizia o seguinte: 

- "Joaquim Filho, meu amigo, bom dia! Rapaz, eu não sei se você já percebeu ou se alguém já lhe falou de um rapaz que tem aqui em Pedreiras, que costuma estar em todos os velórios. Eu já tinha observado isso e pensei que era só eu, mas muitas pessoas têm confirmado esse fato. Estou saindo agora de um velório e ele está aqui. Bom, eu estou lhe comunicando porque na qualidade de seu leitor, observo que você gosta de dar vez, voz e visibilidade às pessoas simples e humildes no seu blog, independente de cor, raça, credo, lado partidário, preferência sexual, enfim, isso a cidade toda sabe do seu trabalho. Então, procure saber quem é o rapaz e conversa com ele e faz uma matéria. Não existe um velório nessa cidade que a gente chega e ele não esteja lá..."

Depois de ouvir o áudio do Senhor Prefeito, cheguei a brincar com ele, agradeci-o pela sugestão da matéria e enviei-lhe um áudio, e disse-lhe:  

"Pois, Senhor Prefeito, se for um que eu estou pensando, eu não sei o nome dele, mas já sei quem é; e, olha que eu também sou chegado a um velório, puxei ao meu pai que também ia em todos. Eu só não vou a um velório quando não estou na cidade ou quando não fico sabendo."


(Velório de Dona Silvana, Rua da Independência, 157 - Pedreiras-MA/Foto: Joaquim Filho)


(Viagem - Autoria de Chico Viola)

Nessa  manhã de terça-feira, 19/03, coincidentemente fazem dois anos e dois meses do falecimento do meu pai, eu passei pela Rua da Independência por volta das 10h, e observei uns cavaletes e uma tenda em frente a uma casa. Perguntei a uma pessoa quem tinha falecido, e me disseram que tinha sido a Senhora Silvana, mãe do saudoso médico Antônio Braz. Então, estacionei a minha moto e encostei na casa.  

Na sala estavam algumas pessoas conhecidas, as quais destaco Adenal, Marquinhos Silva "Play" e o rapaz que o prefeito já havia me falado. Foi quando o Marquinhos Silva "Play" me disse que Dona Silvana era sogra dele. Cumprimentei-o, dei-o os meus pêsames e depois falei com as demais pessoas presentes. 

(Foto: Marquinhos Silva "Play")


Por coincidência, o dito rapaz que está presente em todos os velórios sentou-se do meu lado. Puxei conversa com ele, e veja o que consegui arrancar dele: uma entrevista de forma mais natural possível, que ao término, ele por ser maior, autorizou o blog a publicar.

Diálogo com Marcos Vinícius

(Foto: Marquinhos Silva "Play")

- Bom dia, amigo! Tudo bem? Dize-me uma cousa: como é seu nome? Você é o rapaz que está presente em todos os velórios? Conta-me essa história, pode ser? 

- "Sim, "seu" Joaquim Filho, posso contar sim! Mas o senhor já está sabendo dessa história? Quem lhe contou?" (risos).

- Bom, quem me contou foi o Prefeito Antônio França. O homem tem lhe visto em vários velórios! Certo dia ele foi a um velório e viu você por lá, depois ele me enviou um áudio contando de você. Deu-me a té a ideia de conversar com você sobre esse assunto. E, olha a coincidência: hoje lhe encontrei em um velório! (risos).

A História de Marcos Vinícius...
(A nossa honra de entrevistar e fotografar ao lado dessa grande personalidade folclórica de nossa cidade!)


"...Por causa disso, já estão me chamando de "Caça Velório!..."

(Portão de entrada do Cemitério do Alto São José em Pedreiras-MA., Foto: Joaquim Filho, em 19.03.2019, às 18h15)


Marcos Vinícius Oliveira Silva, residente e domiciliado à Rua Raimundo Rodrigues, Parque das Palmeiras, nesta cidade, nasceu em 17 de setembro de 1994, tem 25 anos de idade, é natural de Pedreiras, Estado do Maranhão, é um rapaz calado, tímido, franzino, observador, mais ou menos um metro e setenta e cinco de altura e de olhar penetrante. 

Rebento do casal Raimundo Nonato Oliveira e Maria Domingas Oliveira - como ele diz -, com a graça de Deus ainda estão vivos. 

Estudou o Ensino Médio no colégio Newton Belo. Mora só com a mãe, pois os pais são separados, sendo que tem bom relacionamento com o pai  e vai sempre lhe visitar, que reside na Segunda Travessa da Otávio Passos, no bairro do Goiabal, em Pedreiras-MA. 

Perguntei quando Marcos Vinícius começou a ir em velório. Por que e quando isso surgiu; e, ele nos respondeu:

(Foto: Joaquim Filho)

- "Joaquim Filho, eu ainda era menino quando comecei a ir para velório, isso nasceu em mim sem eu nem saber explicar, mas já faz tempo, eu ainda era criança. Hoje na hora que eu sei que uma pessoa morreu, procuro logo saber quem foi, onde mora e vou logo para o velório. Quando eu chego a primeira coisa que eu faço e falar com os familiares, dou meus pêsames para todos e depois me sento ali do lado do morto ou da morta e fico velando o dia todo. Têm vezes que eu não vou em casa nem almoçar, eu tomo café, tomo chá, faço lanche e também almoço no velório com os parentes. Só a noitinha que eu vou em casa, tomo um banho, troco de roupa, janto e volto para o velório. Fico a noite toda e no outro dia, se tiver missa ou culto de corpo presente, eu vou e depois sigo o cortejo até o cemitério, se for na zona rural, eu também vou e dou um jeito de voltar, pois sempre pego carona com as pessoas que vão de carro. Têm vezes que eu vou e volto com o dono da funerária, pois já sou amigo de todos." 

Perguntei como ele fica sabendo das mortes e dos endereços dos velórios, ele respondeu:

- "Todo dia eu vou nas funerárias e converso com os donos e pergunto se morreu alguém, então, eles me dizem e falam onde está sendo o velório. Têm vezes que eu escuto na rádio, na televisão e nos carros de som que passam anunciando. Na hora que eu sei, corro para lá e chegando fico ao lado da família dando a minha solidariedade nesse momento muito difícil."

(Foto: Joaquim Filho)

Ainda no nosso diálogo, Marcos Vinícius nos disse que é católico, que todos os domingos assiste a missa das 6h30 no Santuário de São Benedito, que tem um bom relacionamento com o Padre Zé Geraldo. 

Disse que enquanto vida ele tiver, vai visitar o velório das pessoas que morrerem em Pedreiras, pois não importa se ele conhecia ou não o falecido, pois segundo Marcos, todos são nossos irmãos e merecem a nossa última homenagem aqui na terra. 

- "Quando chega a hora de levar para o cemitério, eu ajudo a colocar no carro e quando chega no cemitério, eu ajudo a tirar e levar até o sepulcro. Assim tem sido e vai ser até o dia que Deus me levar também." 

(Foto: Marquinhos Silva "Play")























8 comentários:

  1. é por isso que temos o prazer de anunciar com você, que matéria linda, arrepiado aqui e mostrando pros meus filhos e minha esposa.

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  2. Conheço demais filho de uma amiga minha Vinícius é um exemplo de ser humano.Desejo vida longa a ele.

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  3. Que notícia emocionante,esse rapaz humilde,caridoso,solidário.
    Se todos serem humanos fossem igual esse rapaz,o mundo,não falo nem o mundo e sim a nossa cidade seria melhor.
    Parabéns pela matéria, seu Joaquim Filho.

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  4. Realmente uma bela atitude disponibilizar o tempo em solidariedade à quem precisa tanto, pois nesse momento de despedida precisa mesmo de força.

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  5. Ótima matéria, pedreiras (ma) tem muitos ícones rsrs

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  6. Parabéns pela materia!

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  7. Grande demonstração de solidariedade, essa ação do Vinicius.

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  8. Mais se o rapaz nasceu hem 1994 ele tem 26 anos em setembro como diz a materia ele completara 27 anos... e só uma observação

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