sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

PEDREIRENSES PELO MUNDO: Coluna do Carlos Augusto Martins Netto

 SOMBRA À ESPREITA

Por Carlos Augusto Martins Netto - Servidor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Farmacêutico, Escritor e Poeta.

Um dia inteiro de preparação e um tempo imenso de resoluções internas para que tudo possa acontecer da melhor maneira possível, de forma que tudo esteja como deve: famílias unidas, cenário preparado, pessoas presentes e ânimos convergentes. Atualmente, as pessoas vivem suas vidas sem um mínimo de reflexão, de bom senso e com uma completa rendição ao chavão e às frases prontas. São escravas de pensamentos alheios que tomam de assalto suas vidas, sem qualquer resistência.

Não sei que fazer. Se falo alguma coisa, não entendem. Problemas são gerados. Relevo, pelo momento e circunstâncias. Mas, mesmo assim, a situação não se resolve. Tudo se encaminha para o conflito. Não sei o que fazer, estou perdido. Mas sei como acaba: engulo, digiro e tudo segue como deve. Todos aproveitam e se divertem. Também me engolfo no momento para não o estragar. A vida segue e todos vivem uma vida normal. Todos?

Dentro de mim, um vulcão. Uma plêiade de sentimentos conflitantes. Procuro deixar de lado. Não consigo. No íntimo, a guerra, aliada a todos os sentimentos que, a todo momento, procuram determinar a capitulação do meu eu. Fora, a paz, tentando, heroicamente, demonstrar que tudo está bem. Quem vai prevalecer? A paz, com certeza! Sempre a paz.

Ah, meu Deus, por favor, conceda-me o entendimento necessário para que consiga conviver com tudo que me ofende, que me traz sofrimento, de que eu não gosto, a que eu não me acostumo. Conceda-me a resiliência necessária para tanto.

Eu, que sempre fui aquele que dava conselhos, agora, estou perdido, não sei que fazer. Detesto essa situação. O controle me apraz. Não das pessoas; da situação. Agrada-me ajudar. Essa sombra que me ronda, atrapalha-me. Rouba minha disposição, retira minha iniciativa. Impede-me. Não me reconheço. 

— Onde está o homem generoso, sem rancor, benevolente, cheio de vida e seguro de si?

Quero continuar o mesmo e não consigo! Tudo é motivo para desequilíbrio. Tudo em que sempre acreditei ainda faz sentido, contudo não consigo mais tornar realidade. 

— Meu Deus, não me reconheço mais!

Olho para todos os lados e só enxergo essa sombra a me espreitar. Sei que as pessoas estão lá. Aproximo-me, mas não consigo conviver como dantes. Intolerância, impaciência, arrelia e muitas outras coisas que não sei nomear, mas que estão dentro de mim; esse caldeirão fervilhante de todo tipo de sentimento. 

Tenho medos e os enfrento com todas as minhas forças, não me entrego. Não sei se sairei vencedor dessa porfia, mas lutarei sempre. Não sou dos que se entregam. Não sou, não quero e não vou. Se, em algum momento achar que vou capitular, espero ter forças para clamar por ajuda. Esperança é tudo que tenho para lutar e resistir.

Suave música ao fundo começa a invadir-me. 

Ao toque do despertador, levanto-me para mais um dia.
























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